Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Amazon assina contrato com as maiores editoras

Após cerca de três anos de negociações acirradas, a Amazon finalmente fechou acordo com as maiores editoras brasileiras para vender seus livros em formato digital, para leitura no Kindle. Na semana passada, a varejista americana assinou contrato com a DLD – empresa responsável pelos livros online da Record, Objetiva, Sextante, Rocco, Planeta, LPM, Novo Conceito e da canadense Harlequin. Além disso, está em negociações avançadas com a Companhia das Letras e a Globo Livros e mantém conversas com a Ediouro. A varejista americana também já tem em seu catálogo os livros da Melhoramentos, que edita as obras do escritor Ziraldo, segundo o Valor apurou. Ainda segundo fontes do setor, as editoras brasileiras conseguiram derrubar a proposta inicial da Amazon, que pedia uma redução de 70% no valor dos livros. Após intensas negociações, o abatimento caiu para algo entre 30% e 40%.

O mercado editorial acredita que a varejista americana planeja iniciar a venda do seu leitor digital Kindle no começo de dezembro, para aproveitar as vendas de Natal. O acordo que provê conteúdo em português para o equipamento era um passo importante para a empresa iniciar a operação no Brasil. A Amazon pode anunciar sua estreia no país nas próximas semanas. Segundo uma fonte do setor, há um lote de aparelhos Kindle no Porto de Santos (SP) em processo de liberação.

A pressa da Amazon não é à toa. Hoje (28/11), a Livraria Cultura inicia as vendas do leitor digital da canadense Kobo em seu site, por R$ 399 e parcelamento em até cinco vezes sem juros. Nas lojas físicas da rede, o aparelho chega no dia 5/12. Nesse segmento, as empresas que entram primeiro no mercado levam vantagem porque dificilmente o cliente adquire dois aparelhos com a mesma função. O preço do Kobo é o mesmo do leitor da Positivo (o Alfa), que deixará de ser comercializado na Livraria Cultura. Já em relação ao Kindle, estima-se que ele será vendido por algo em torno de R$ 550.

3 milhões de títulos

As fabricantes dos leitores digitais acreditam que mesmo os donos de tablets, como iPad, poderão adquirir um e-reader devido à melhor visualização para a leitura. “Quero concorrer com a Amazon no Brasil, no mesmo campo, com impostos, fretes e pagamento parcelado sem juros. Lá fora, a Amazon opera com margens apertadas e fluxo de caixa positivo porque recebe antes e paga depois. Aqui, a gente paga primeiro os impostos e recebe depois, parcelado”, diz Sergio Herz, CEO da Livraria Cultura.

Herz acredita que a chegada de aparelhos de leitura mais modernos incentivará a publicação de obras digitais. Hoje, a Livraria Cultura tem um catálogo de 12 mil títulos brasileiros e mais 300 mil estrangeiros. A parceria com a Kobo vai proporcionar à Cultura oferecer um catálogo com mais de 3 milhões de títulos de outros países a partir de 2013. Futuramente, o Kobo também poderá ser vendido por outros varejistas.

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[Beth Koike, do Valor Econômico]