Tuesday, 12 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Delírios de Delúbio

A Folha Online deu esta tarde que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, disse ontem em Goiás que que os veículos de comunicação trabalham a favor dos interesses ‘dos setores conservadores que querem voltar ao poder’ e ‘querem fazer o impeachment do presidente Lula’.

Ou Delúbio não sabe o que diz ou não diz o que sabe. Na segunda hipótese, estaria – como diria Lula – “fazendo” fora do penico. Na primeira, estaria delirando. Prefiro acreditar nisso e não naquilo: é menos mal.

Vamos lá, então. A mídia conservadora não quer o impeachment de Lula. Pela simples e talvez exclusiva razão de que, caíndo o presidente, sobe o vice Zé Alencar, e aí a política econômica, que é a única coisa que ela aplaude no governo, vai sambar, como também diria Lula.

Os setores conservadores querem, sim, voltar ao poder – para fazer mais do mesmo em matéria de política fiscal e, aproveitando a ensancha, submeter o Estado a draconiano regime de emagrecimento.

Mas preferem mil vezes ver um Lula “pato manco” entregar a faixa presidencial a um dos deles em 1º de janeiro de 2007 do que assistirem à posse, a qualquer tempo, do anti-Palocci Alencar.

Pior do que isso, só um Garotinho no Planalto. Se houvesse um segundo turno entre Lula e ele, a direita lúcida, na mídia e fora dela, fecharia com Lula e não abriria.

Resumindo: o melhor dos mundos seria Lula ficar bonzinho até o fim e perder a presidência para um Alckmin ou um César Maia.

O segundo melhor dos mundos – e apesar de tudo mais provável – é a reeleição de um Lula cercado de paloccismos por todos os lados e o mais distante possível do PT que quer voltar a ser aquele (ou ficar mais próximo daquele do que da sua atual versão planaltina).

O resto – um Alencar antes e um Garotinho depois – é pesadelo puro.

E que ninguém nos ouça: se a mídia quisesse mesmo pôr uma banana de dinamite debaixo da cadeira do presidente, matéria-prima não lhe faltaria. Digo, o artigo genuíno, não a contrafação fabricada para justificar o golpe contra o presidente João Goulart.