Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Imprensa amiga minimiza ‘verbas especiais’ da Nossa Caixa

As diferenças em alguns casos são sutis, em outros descaradas, mas, nas duas situações, não ocultam a hipocrisia editorial de carregar nas tintas e nas alusões quando se trata de malhar o adversário político e ser manso e subserviente quando denúncias de igual calibre ameaçam os mais chegados. O caso de favorecimento da Nossa Caixa a agências de publicidade, publicações e emissoras de televisão amigas do governo Geraldo Alckmin, em São Paulo, mais uma vez, expõe como certo jornal paulista tenta enganar seus leitores com mágicas e truqtes baratos de edição, como a inversão do sujeito na ação do verbo ou a abertura da reportagem trazendo o desmentido do governo amigo.


A mostra abaixo é apenas uma das que os leitores têm visto (e ainda vão ver muitas vezes , infelizmente, até as eleições de outubro) nos últimos meses.
Antecipando as previsíveis insinuações de que esse blog defende os crimes cometidos pelo PT e pelo governo Lula, o jornalista responsável insiste apenas pretende, mais uma vez, demonstrar como a imprensa aplica dois pesos e duas medidas na apresentação dos fatos.

O blog não vai nomear qual jornal tenta proteger seu candidato à Presidência da República. Só dará como pista que o jornal que desrespeita a inteligência dos seus leitores tem assistido à queda contínua de venda nas bancas e assinaturas há cinco anos seguidos. A conclusão será do próprio leitor, que poderá acrescentar na área dos ‘Comentários’ o nome do jornal.



PSDB evita criação de CPI da Nossa Caixa na Assembléia Folha de S.Paulo

CHICO DE GOIS

O PSDB, que vive defendendo a instalação de CPIs no Congresso para investigar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impediu ontem, durante a reunião do colégio de líderes na Assembléia Legislativa de São Paulo, a criação de uma comissão para apurar possíveis irregularidades na Nossa Caixa.
Com essa medida, já chega a 69 o número de pedidos de CPI arquivados contra o governo de Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência. Desde 2003, quando Alckmin tomou posse para seu segundo mandato, nenhuma CPI foi instalada pela Assembléia Legislativa.

O pedido de CPI da Nossa Caixa foi feito pelo deputado Renato Simões (PT) com base em reportagem da Folha que mostrou que o banco estatal beneficiou aliados de Alckmin na distribuição de anúncios. Entre os agraciados, segundo investigação do Ministério Público, estão os deputados Wagner Salustiano (PSDB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB), Edson Ferrarini e Bispo Gê (PTB). Eles negam.

O líder do governo na Assembléia, Edson Aparecido (PSDB), justificou a não-criação da CPI argumentando que o trabalho que seria feito ‘já foi realizado pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado’.
O líder do PT, Ênio Tatto, tentou, também sem sucesso, convocar na Comissão de Finanças e Orçamento, o ex-assessor especial de Comunicação do governo, Roger Ferreira, o presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, o ex-gerente de marketing Jaime de Castro Júnior, e o presidente da Contexto, Saint´Clair de Vasconcelos. Eles são citados como envolvidos na liberação da propaganda.

Para inviabilizar a convocação, o deputado Vanderlei Macris (PSDB) pediu vista. Na sexta-feira, o PT tentará novamente convocar os quatro profissionais.
Ontem, o corregedor da Assembléia, Romeu Tuma Júnior (PMDB), protocolou na Mesa Diretora um pedido de abertura de sindicância para apurar o caso.


Tucano diz que oposição quer ‘tirar casquinha’Folha de S.Paulo

O governador Geraldo Alckmin disse ontem que seus adversários estão tentando ‘tirar uma casquinha’ e ‘proveito político’ das denúncias de favorecimento de aliados com verbas de publicidade da Nossa Caixa.
‘O pessoal fica querendo tirar uma casquinha, tirar proveito político, mas não tenho medo de cara feia.’
Em Presidente Prudente (SP), Alckmin elogiou seu ex-assessor Roger Ferreira por ter pedido demissão: ‘Acho que ele foi generoso ao agir dessa forma’. Em Dracena (SP), Alckmin afirmou que ‘não tinha nenhuma razão para ele sair. Saiu só para que isso não servisse de exploração política’. Em São Paulo, acrescentou: ‘O Roger não precisava ter saído porque não tem nenhum problema com o assessor, nenhum. Ele tomou essa atitude e eu aceitei o pedido’.


Carta apontou acerto em licitação Folha de S.Paulo

A investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo sobre os negócios da Nossa Caixa foi instaurada para apurar a suspeita de que a sindicância interna abafaria o caso, apontando um ‘bode expiatório’ para encobrir irregularidades também atribuídas à cúpula do banco.
A carta anônima enviada ao Ministério Público no início de dezembro – que detonou a investigação preliminar nas áreas cível e criminal – não se limita a apontar o direcionamento de recursos do banco para beneficiar deputados da base aliada na Assembléia.
Entre as suspeitas levantadas -como os contratos de prestação de serviços em várias áreas do banco-, pedia-se que fosse investigada a hipótese de licitação com cartas marcadas para a substituição das agências Full Jazz Comunicação e Propaganda Ltda. e Colucci Propaganda Ltda., de forma a beneficiar publicitários próximos ao governo tucano.

Ao tentar pôr um ponto final no assunto, o governador Geraldo Alckmin disse anteontem, em entrevista coletiva, que ‘já houve a investigação, quem fez foi o governo, a própria Nossa Caixa, que abriu uma comissão de sindicância.’ Por sua vez, o presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro, disse que o banco enviou os autos ao Ministério Público, ‘numa demonstração de transparência’. Monteiro não permitiu o acesso da Folha à sindicância.

O Ministério Público abriu a investigação no início de dezembro. Na ocasião, a Nossa Caixa ainda não havia concluído a sindicância, iniciada em 30 de junho, com prazo de 15 dias, prorrogáveis. Igualmente, o ex-gerente de marketing Jaime de Castro Júnior ainda não havia sido demitido, o que só ocorreu em 22 de dezembro.

Publicidade e compromissos
No relatório que ofereceu em outubro ao Comitê de Disciplina e Ética, Castro Júnior sustentara que o governo interferiu para que uma das contas publicitárias do banco fosse assumida por uma agência com a qual ‘o governo tinha compromissos’. Ele levantou duas hipóteses: seria contemplada a Contexto ou a Lua Branca.

Em seu relato, Castro Júnior diz que, ‘por determinação do presidente Monteiro, a proposta original previa a abertura de licitação para contratação de apenas uma nova agência de propaganda’. Posteriormente, ‘o sr. presidente foi ‘informado’ por autoridades do governo que a licitação deveria ser proposta para contratação de duas agências de propaganda’.

Na época, a Contexto e a Lua Branca disputavam, simultaneamente, as licitações abertas pela Casa Civil e pela Nossa Caixa. Castro Júnior alertou para uma espécie de ‘acordo’, de forma que nenhuma das duas agências ficasse fora do atendimento ao governo Alckmin. Segundo ele, houve orientação para que a licitação do banco aguardasse a escolha das agências para a Casa Civil.
A Contexto já atendia à Casa Civil e se apresenta como ‘a única agência de publicidade que atende o governo do Estado há 10 anos’. Tem entre seus principais clientes a CPTM, Dersa, Metrô e Poupatempo/Prodesp. Seu presidente, Saint´Clair de Vasconcelos, foi apontado como o intermediário dos pedidos de veiculação de anúncios e patrocínios da Nossa Caixa para beneficiar deputados estaduais da base aliada.
Em sua proposta à Nossa Caixa, a Contexto ofereceu ‘uma relação que vai além dos interesses meramente comerciais e se consolida como um verdadeiro ‘jogo de equipe’, afinado, duradouro e coerente com a linha de conduta e com o estilo de gestão de nossa administração estadual’.

A Lua Branca foi criada em 2004 por Luiz Gonzalez e Woile Guimarães, em alteração da denominação social da produtora GW. Essa empresa prestou serviços de produção de audiovisuais para campanhas de vários partidos, inclusive o PT, mas tem maior afinidade com o PSDB paulista.
A Contexto não ganhou a licitação para continuar com a conta da Casa Civil, vencida pela dupla DPZ e Lua Branca. Ganhou a licitação da Nossa Caixa, ao lado da Adag. Sua proposta técnica -um volumoso trabalho com peças de campanha- obteve 87,28 pontos, vindo a seguir a Adag (83,59), Full Jazz (78,50), Lua Branca (71,52) e três outras concorrentes.
Sem sucesso, a Full Jazz tentou impugnar a licitação, alegando a hipótese de ‘concorrência dirigida’. A contestação era contra a Adag, que teria apresentado peças além do exigido. A Adag refutou, dizendo que jamais teve questionada a sua conduta ética e técnica.


Governo paulista nega ingerência em licitaçõesFolha de S.Paulo

‘O Governo de São Paulo repudia, com veemência, as afirmações do ex-gerente de marketing da Nossa Caixa, que foi demitido por justa causa. Não houve ingerência na licitação realizada pela Nossa Caixa, e em nenhuma outra’, informou a assessoria de imprensa do Governo do Estado.

A assessoria da Nossa Caixa informou que ‘as agências de publicidade do banco Nossa Caixa foram contratadas após processo de licitação regular, cuja cópia integral se encontra no Ministério Público e no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo’.
O publicitário Luiz Gonzalez, sócio da agência Lua Branca, considera ‘ridícula’ qualquer insinuação de favorecimento nas licitações que disputou no governo Geraldo Alckmin. ‘No ano de 2005, a Lua Branca participou de nove licitações de propaganda no âmbito do governo do Estado de São Paulo. Perdeu oito e ganhou uma’. ‘Ganhamos limpo uma e perdemos, limpo, oito’, diz. ‘Qualquer insinuação em contrário é irresponsável e não condiz com os fatos’, afirma. Para Gonzalez, a ‘sugestão’ de Jaime de Castro Júnior, ex-gerente de marketing da Nossa Caixa, ‘estava errada e o nosso histórico perdedor mostra claramente que não houve favorecimento à empresa’.

‘A agência entrou na licitação da Nossa Caixa e perdeu. A licitação era para escolher duas agências. Ficamos em quarto lugar. Portanto, perdemos sem chances de recurso, pois, se uma das vencedoras fosse impugnada por qualquer motivo, ainda havia uma agência em terceiro lugar’, diz.
‘Na época, lamentei. Continuo lamentando. Tínhamos uma ótima proposta técnica, mas perdemos. Fazer o quê?’
Ele diz que, em alguns casos, havia três concorrentes. Em outros, quatro. ‘Em muitos casos, considerei o resultado injusto. Mas outros concorrentes também devem ter achado’, diz o publicitário.

Saint´Clair de Vasconcelos, presidente da Contexto, e Maria Christina de Carvalho Pinto, presidente da Full Jazz, consultados pela Folha nas últimas duas semanas, preferiram não se manifestar sobre os contratos com a Nossa Caixa. (FV)


Alckmin consegue enterrar mais uma CPI em SP O Globo

Flávio Freire

Numa manobra para evitar riscos à imagem do pré-candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, o governo de São Paulo teve apoio de dez dos 14 partidos com assento no colégio de líderes da Assembléia para abafar ontem um pedido feito pelo PT para a instalação de CPI e convocação das pessoas envolvidas no esquema de direcionamento das verbas de publicidade do banco para aliados do governo paulista. Em reunião extraordinária, líderes dos dez partidos fizeram com que a Comissão de Fiscalização e Controle pedisse apenas dados da apuração já feita pelo Ministério Público Estadual e Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Com isso, o governador evitou que a comissão ouvisse em depoimento formal o presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo da Silva Monteiro, o ex-gerente de Marketing Jaime de Castro Júnior, o presidente da agência Contexto, Saint-Clair Vasconcelos, e o ex-assessor especial do governo Roger Ferreira, exonerado anteontem do cargo.

Nenhuma CPI foi instalada durante o governo Alckmin
Para instalar a CPI era necessário consenso no colégio de líderes, mas apenas o PT defendeu a criação da comissão e a convocação dos envolvidos no esquema. Outros três partidos com representação no colegiado — PSC, PCdoB e PRN — não participaram ontem da reunião.
— Não me surpreende essa operação-abafa porque isso já acontece nos seis anos da administração do Alckmin — disse o líder do PT, Enio Tatto.
O pedido de CPI para apurar as denúncias de irregularidade na Nossa Caixa é um dos 69 que estão engavetadas na Assembléia desde o início da gestão Alckmin. Em quatro anos de governo, nenhuma comissão foi instalada para apurar eventuais problemas no atual governo. O PSDB ainda pediu ontem vistas do processo que o PT enviou à Comissão de Finanças.
O pedido de vistas foi feito pelo ex-presidente da Casa Wanderley Macriz, que representa o deputado tucano Vaz de Lima, um dos quatro acusados de se beneficiar do esquema. Também estariam envolvidos os deputados Wagner Salustiano, também do PSDB, Edson Ferrarini e Bispo Gê, ambos do PTB.
— Qualquer apuração feita pela Assembléia seria remetida para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas do Estado, que já investigaram essas denúncias. É claro que há um forte viés eleitoreiro nessa tentativa de instalar CPI agora — disse o líder do governo na Assembléia, Edson Aparecido.

Acuado pelas denúncias, Alckmin disse não temer a abertura de uma CPI para apurar as irregularidades na Nossa Caixa. E antes da operação-abafa, minimizou uma possível investigação sobre seu governo.
— Não tem qualquer problema para que a Assembléia investigue, chame as pessoas, abra CPI. O governo é totalmente transparente — disse Alckmin, para quem, no entanto, o governo já tomou ‘todas as providências’ para solucionar o caso.
Para Alckmin, houve apenas um ‘erro formal’
A verba de publicidade da Nossa Caixa teria sido usada em jornais, revistas e programas mantidos ou indicados pelos dois deputados do PSDB e os dois do PTB.
Uma troca de e-mails indica que a ordem para beneficiar os deputados partiram do assessor do governo, Roger Ferreira. O governador saiu ontem em defesa do ex-assessor.
— O Roger não precisava ter saído. Não tenho nenhum problema com assessor. Ele tomou essa decisão e eu aceitei o pedido. Ele fez um bom trabalho na Comunicação, aproveitou bem os recursos que tinha — disse o governador, explicando que o que houve foi um ‘erro formal’ da Nossa Caixa à época em que contratos de publicidade foram prorrogados indevidamente.
— Houve erro, mas não teve prejuízo para a população porque foi um erro formal, já que foi reconhecido e o contrato, suspenso.


Oposição acusa Alckmin de distribuir ‘mensalinho’ na Assembléia paulista Valor Econômico, Cristiane Agostine

Às vésperas de renunciar ao cargo de governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, tornou-se alvo do discurso inflamado da oposição, com a revelação de um suposto esquema de ‘mensalinho’ na Assembléia Legislativa. Segundo denúncias investigadas pelo Ministério Público paulista, o banco estatal Nossa Caixa favorecia parlamentares na distribuição de verba publicitária, em troca de apoio no Legislativo. Os partidos adversários do governo na Assembléia conseguiram ontem a primeira vitória no caso, com a abertura de sindicância para investigar as denúncias. O maior obstáculo deve ser a instalação de uma CPI: a oposição tenta driblar as barreiras impostas pelos governo, que engavetou 69 pedidos de CPIs.

A verba de publicidade do banco Nossa Caixa teria sido usada em jornais, revistas e programas mantidos ou indicados pelos deputados Wagner Salustiano e Vaz de Lima, do PSDB, Edson Ferrarini e Bispo Gê, do PTB e Afanasio Jazadji, do PFL. O governo estaria ligado ao esquema por meio do então assessor de comunicação do governador, Roger Ferreira, exonerado do cargo na segunda-feira. Uma troca de e-mails com o ex-diretor do Nossa Caixa revelou que Ferreira pedia atenção especial aos veículos de comunicação ligados a aliados de Alckmin.

Um dos envolvidos na denúncia, o pefelista Afanasio Jazadji detalhou as verbas publicitárias que recebera: em dezembro de 2003, foram R$ 4 mil para o programa que apresenta na Rádio Trianon. Em outubro de 2004, recebeu outros R$ 4 mil para seis programas diferentes do Canal Comunitário. ‘São anúncios normais, mas fica evidente que o governador manipulava essa verba para dar aos seus apoiadores, em troca de voto’, disse. ‘Eu também não podia falar mal do governo no meu programa. O governo só anunciaria no meu programa se eu não criticasse os secretários’, relatou. Na Assembléia, o PFL é partido da base.

Para a oposição, a denúncia era a fagulha que faltava para incendiar as críticas ao governador e tentar desfigurar o discurso de Alckmin de que o país precisa de um banho de ética, que seria dado por ele. Ontem , o deputado Romeu Tuma Jr. (PMDB), corregedor da Casa, instaurou sindicância para investigação do caso. Mas para a instalação de uma CPI a disputa será mais árdua e os deputados contam com a pressão popular e a interferência do presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia (PFL). A demonstração maior da força do PSDB em impedir qualquer investigação é o engavetamento de 69 pedidos de CPIs. Ontem, não conseguiram convocar o presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro nem Jaime de Castro Júnior, ex-gerente de marketing da Nossa Caixa, autor das denúncias, para prestarem depoimento aos deputados.

‘O PSDB não quer nenhuma investigação. Os argumentos que usam em Brasília contra o governo Lula são opostos em São Paulo’, reclamou José Caldini Crespo (PFL). ‘O Executivo interfere no Legislativo e o governador, ao declarar que não o caso não precisa de investigação, acha que está acima do bem e do mal’, disse. Líder do PT, Enio Tatto apontou que existem ‘justificativas de sobra’. Na defesa de Alckmin, Edson Aparecido, o líder do governo, negou que haja dificuldades nas investigações pela Casa e atacou a oposição. ‘Agora é o jogo do tudo ou nada. O PT quer colocar todo mundo na vala comum’, comentou.

No primeiro momento, depois da publicação das denúncias, Alckmin disse que não havia nada a ser investigado, porque o banco já teria tomado as devidas providências. Ontem, recuou e disse que não vê problemas na instalação de uma CPI. ‘Nenhum problema que a Assembléia investigue e chame as pessoas, que abra CPI. O governo é absolutamente transparente e não temos compromisso com o erro’, disse. Alckmin reforçou que ‘houve um erro formal, sem prejuízo à população’ e saiu em defesa de Roger Ferreira. ‘Roger não precisava ter saído. Não tenho nenhum problema com assessor. Ele tomou essa decisão e eu aceitei o pedido’, reforçou.

Adversários do tucano aproveitaram as acusações para ironizar a afirmação feita pelo governador na semana passada, de que em seu governo não existem ladrões – ‘Aqui em São Paulo, podem ficar tranqüilos, aqui não tem ladrão. No nosso partido, nós podemos olhar nos olhos de cada um de vocês’, disse Alckmin. ‘Precisamos de ética e coerência’, alfinetou Romeu Tuma Jr.


PT tenta aprovar CPI da Nossa Caixa em SP O Estado de S.Paulo

Um dia depois de ter aceitado o pedido de demissão de seu assessor especial de Comunicação, Roger Ferreira, por suspeita de envolvimento em irregularidades na Nossa Caixa, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, afirmou não ver problema na abertura de uma CPI na Assembléia Legislativa para apurar o caso.

‘Nenhum problema que a Assembléia investigue, chame as pessoas, abra CPI. O governo é absolutamente transparente’, assegurou.
Apesar do discurso do governador, feito pela manhã, o comportamento da base de sustentação de Alckmin na Assembléia foi outro. À tarde, a oposição denunciou uma operação abafa na Casa para impedir a criação da CPI da Nossa Caixa.

Durante reunião de líderes, os parlamentares da base de apoio do governo rejeitaram o pedido de abertura da CPI feito pelo líder do PT, Enio Tatto, e a convocação de quatro pessoas suspeitas de envolvimentos nas fraudes do banco, entre elas Roger Ferreira.

Dos 14 líderes que participaram do encontro de ontem, 10 votaram contra a abertura da CPI, 3 estiveram ausentes (PRN, PCdoB e PSC) e apenas Tatto, do PT, votou pela abertura da comissão.

Além de conseguir barrar a CPI, a base de sustentação de Alckmin também conseguiu a seu favor aprovar que a Comissão de Fiscalização e Controle da Assembléia pedisse apenas os dados da Nossa Caixa já presentes na apuração realizada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
‘Essa foi mais uma CPI das 69 que não deixam instalar pela blindagem em torno do Geraldo Alckmin’, protestou o líder petista, que reclamou ainda da atitude do PSDB e do PFL, que rechaçaram até a convocação dos quatro envolvidos na Comissão de Orçamento e Finanças, que é permanente. ‘É uma blindagem completa orientada pelo Executivo, que prega – mas não cumpre – a lavagem ética.’

O líder do governo na Casa, deputado Edson Aparecido, negou a existência de operação abafa. ‘Em nenhum momento dificultamos a instalação da CPI ou das investigações. Dos 14 partidos da Assembléia, 11 compareceram e, fora o PT, todos votaram contra a comissão por considerarem que ela teria caráter eleitoral’, alegou. ‘O PT, evidentemente, quer jogar tudo na mesma vala que a deles’, criticou o líder governista.

Sobre a demissão de Roger Ferreira, o governador disse ontem que seu assessor ‘não precisava ter saído’ do governo por não haver ‘nenhum problema’ com ele. ‘Mas ele tomou essa atitude e eu aceitei. Fez um bom trabalho’, afirmou Alckmin.
As supostas irregularidades na Nossa Caixa foram detectadas no final do ano passado. Investigações do Ministério Público apontaram ilegalidade na intermediação de verbas de publicidade da instituição para favorecer aliados do governo.



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