Friday, 17 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

Os nomes, cadê os nomes?

Primeira reação de jornalista à entrevista arrasa-quarteirão de Renata Lo Prete com o deputado Roberto Jefferson, na Folha de hoje: ficou faltando uma pergunta.


O presidente do PT acusou o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de pagar mesada de R$ 30 mil a deputados do PL do vice-presidente José Alencar e do PP do presidente da Câmara Severino Cavalcanti.


Jefferson disse que os deputados começaram a criar caso porque a mesadaa não aumentava “para R$ 50 mil, R$ 60 mil”. De qualquer forma, o esquema teria cessado em janeiro último depois que ele, segundo a sua versão, contou a história ao presidente Lula, que “chorou” ao receber a notícia.


O “mensalão”, como ele apelidou o esquema, custava ao PT R$ 3 milhões. As conta parece bater, presumindo que todos ou quase todos os pepistas e liberais aceitassem o presente. As bancadas vinham tendo, cada uma, cerca de 50 deputados. O cerca vai por conta do troca-troca de legendas. Até a semana passada, o partido de Severino tinha 53 deputados. O de Alencar, 51.


A última pergunta da entrevistadora sobre o assunto foi “O que fez o presidente Lula diante de seu relato?”. Por que ela não perguntou imediatamente depois: “O senhor poderia citar nomes de deputados que recebiam o “mensalão?”


O deputado talvez tirasse o time nessa hora. Mas a repórter teria feito a coisa necessária.


P.S. Ruído na entrevista. Jefferson diz ter revelado o caso a Lula “em duas conversas”, na presença dos ministros do Turismo, Walfrido Mares Guia, do PTB, da Casa Civil, José Dirceu, da Coordenação Política, Aldo Rebelo, do PC do B e do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, e o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho. Primeiro, não existe revelação em dobro. Ou ele voltou ao assunto numa segunda conversa (com as mesmas presenças?) ou, como se depreende da reação que ele atribui a Lula, foi um encontro só. O diabo, como se sabe, está nos detalhes.