Saturday, 27 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Programa 42
>> Uso de dinheiro público
>> Jefferson sangrando
>> Manifestantes do tratoraço
>> O papel crucial de dois jornalistas
>> Polícia em greve no Estado do Rio
>> Agressões à imprensa no

 

Uso de dinheiro público


O governo federal afastou três diretores de Furnas. O ministro da Justiça solicitou a abertura de inquérito para apurar denúncias de corrupção na estatal. Mas a empresa fez publicar nesta sexta-feira, 1 de julho, nota paga segundo a qual os três diretores pediram licença de seus cargos.


Você, Dines, que criticou a matéria paga publicada no domingo pelos Correios, perguntaria: com que direito se gasta dinheiro público para tentar enganar o público?



Jefferson sangrando


O Globo de hoje publica comentário de um segurança da Câmara segundo o qual a aparência do ferimento no rosto do deputado Roberto Jefferson indica que ele levou um soco de baixo para cima. O deputado Fernando Ferro, que é engenheiro elétrico, palpitou que a queda de um armário teria rasgado o rosto de Jefferson. O rosto de Jefferson ficou exposto durante horas. Por que O Globo não ouviu a opinião de um médico?


A Folha de S. Paulo, veículo que tem mais acesso a Jefferson, nem discute que foi acidente doméstico.




Manifestantes do tratoraço


Anteontem e ontem, os jornais noticiaram que o tratoraço foi um movimento realizado por quinze mil produtores rurais. Usaram também as expressões “manifestantes” e, mais simplesmente, “pessoas”. Hoje, a jornalista Teresa Cruvinel informa em sua coluna no O Globo que eram, na maioria, “empregados de fazendeiros hospedados em bons hotéis”. E que os ânimos na manifestação foram esquentados por doses generosas de álcool.


Caso a jornalista esteja bem informada, como habitualmente, o que andam fazendo os repórteres em Brasília que não enxergam esses fatos? O movimento do tratoraço culminou bem no centro do poder da capital federal. Na cara de todo mundo.




O papel crucial de dois jornalistas


O Alberto Dines chama a atenção para o descaso em que permanecem dois episódios jornalísticos que tiveram papel decisivo na crise do “mensalão”.




Dines:


− A mídia parece que não está muito empenhada em explorar o papel crucial de dois jornalistas nesta surpreendente temporada de escândalos. Um deles é o repórter de Veja que recebeu das mãos de um ex-araponga da Abin o DVD com o flagrante da propina nos Correios. O outro é o repórter da IstoÉ/Dinheiro que no ano passado localizou a secretária da agência de propaganda em Belo Horizonte, dela obteve todos os detalhes sobre a escabrosa história das malas de dinheiro e do “mensalão” mas só a revelou agora.


O ex-araponga da Abin deu um minucioso depoimento ontem no Jornal Nacional com interessantes detalhes sobre a entrega do vídeo ao repórter. A secretária, por sua vez, estava muito elegante na quarta-feira no Programa do Jô ao revelar detalhes extremamente curiosos sobre o seu encontro com o repórter da IstoÉ.


Vamos ver o que os jornalões e os semanários vão trazer de novo neste fim de semana. Mesmo que a mídia prefira ficar na sombra enquanto joga os holofotes sobre os outros, a curiosidade dos leitores foi despertada. Não convém desapontá-los.




Polícia em greve no Estado do Rio


Policiais civis do Rio de Janeiro decidiram entrar ontem em greve que deverá prosseguir até segunda-feira. Boa oportunidade para a mídia testar uma relação de causa e efeito que foi detectada há pelo menos vinte anos: toda vez que polícia ou seguranças entram em greve, cai o número de ocorrências criminais.



Agressões à imprensa nos EUA e na China


Está nos jornais de hoje, com destaque, a decisão da revista Time de abrir para o governo americano as fontes do repórter Matthew Cooper, criticada pelo The New York Times.


No Sul da China, informa o britânico The Guardian, uma imprensa que anseia pela liberdade está sendo ferozmente cerceada. Repórteres do grupo Nanfang confirmaram com a polícia que o governador da província de Henan mandou matar e esquartejar sua mulher, com a ajuda de um prefeito. Mas a censura não deixou a notícia ser publicada. Assim como não foram publicadas notícias sobre negligência de autoridades durante uma inundação que resultou na morte de 100 crianças em escolas. Na China, o conflito da liberdade de expressão com o governo é um fenômeno em estado puro.