Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Migração para novo protocolo de internet é lenta

As operadoras brasileiras de telecomunicações apressam os passos para adoção da próxima geração do padrão de endereços de Protocolo de Internet (IP­Internet Protocol), que vai substituir a versão IPv4, utilizada atualmente para realizar transações na internet. A TIM Brasil, uma das maiores na área de telefonia móvel do país, por exemplo, anuncia que já possui 21 pontos de conectividade IPv6 distribuídos nas principais cidades para atender o mercado corporativo. E que está em fase de adequação de sistemas e testes da rede para atendimento aos clientes finais móveis e residenciais, até julho.

Trata­se do prazo estabelecido pela Anatel e pelo Comitê Gestor de Internet (CGI) para que todas as operadoras brasileiras estejam completamente integradas ao novo protocolo, pelo menos nos grandes centros onde a demanda por novos usuários é maior. Segundo a Anatel, além de implementar o protocolo nas redes das prestadoras de serviços de telecomunicações, será necessário que haja uma mobilização no sentido de que os provedores de aplicação, tais como de hospedagem, conteúdo e serviços na internet, que incluem sítios web, serviços de e­mail, comércio eletrônico, serviços bancários e de governo prestados pela internet, também disponibilizem seus conteúdos e serviços em IPv6 e que a maioria dos terminais dos usuários suportem o novo protocolo.

A Algar Telecom, empresa detentora da marca CTBC, informa que também já trabalha com o IPv6, que está sendo implantado gradativamente. “Adquirimos grandes equipamentos para atualizar nosso backbone – roteadores, switches, Sistemas de Nomes de Domínio (DNS, na sigla em inglês) para conectar os sites, entre outros dispositivos, e estamos oferecendo tráfego de nossa rede para os clientes do segmento corporativo”, diz Luis Antônio Andrade Lima, diretor de operações e tecnologia da Algar Telecom. Segundo ele, o processo de migração não é simples, porque demanda grandes investimentos. A previsão é que no segundo semestre deste ano os clientes residenciais também passem a utilizar o novo protocolo.

Os endereços de IP (Rede Nacional IP Multiserviço) são números únicos utilizados para identificar os mais variados tipos de dispositivos conectados na rede de dados, tais como, computadores, celulares, smartphones e tablets. No Brasil, o NIC.br, braço operacional do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), declarou que o estoque de endereços IPv4 chegou ao limite de aproximadamente 4 milhões de endereços livres e isso determinou uma mudança nas políticas de distribuição dos endereços, com regras mais rígidas para garantir uma terminação gradual e endereços para novos entrantes.

“A adoção do novo padrão IPv6 é fundamental para viabilizar a nova onda tecnológica da internet das coisas, por conta da ampliação do uso dos aparelhos eletrônicos”, explica Érico Barcelos, arquiteto de soluções da PromonLogicalis, provedora de serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). No IPv6, os endereços são representados por números de 128 bits, o que significa uma capacidade de gerar aproximadamente 340 undecilhões de endereços, infinitamente maior que o espaço disponível no IPv4. A expectativa é que até 2020, cerca de 50 bilhões de dispositivos estejam conectados à internet.

Problemas de segurança

Embora haja o compromisso das operadoras em implantar o novo sistema IPv6 nos prazos estabelecidos pela Anatel e pelo CGI, o movimento de migração ainda é lento, principalmente do lado dos usuários corporativos e também instituições públicas e órgãos do governo. Hoje, no Brasil, apenas 0,08% do tráfego é feito na nova versão do protocolo IP.

Nesse cenário de limitação de endereços IPv4, muitas operadoras adotaram a solução transitória do compartilhamento do endereço – o NAT (Network Address Translation), que permite a reutilização de um mesmo endereço IP. Essa estratégia, contudo, deveria ser abreviada rapidamente, de acordo com Eduardo Nejer, presidente da Associação Brasileira da Internet (Abranet), devido aos problemas de segurança que carrega, principalmente em relação à quebra de sigilo de dados.

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Genilson Cezar, para o Valor Econômico