Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A imprensa é Barack Obama

Como era de se esperar, os jornais brasileiros se juntam à imprensa de todo o mundo na celebração da vitória de Barack Obama na eleição presidencial americana.


A despeito de algumas tentativas de análise do feito histórico, a maioria dos textos tem o tom triunfalista dos vencedores, o que também indica como a mídia acabou contaminada pela avassaladora obamamania. Desta vez, parece que o mundo todo é democrata, anti-racista, pacifista e cheio de esperança.


O espírito da imprensa na quinta-feira (6/11) pode ser resumido na frase que inicia o texto da manchete do Globo: ‘O mundo recebeu com uma onda de entusiasmo a impressionante vitória de Barack Obama, eleito primeiro presidente negro dos Estados Unidos’.


Mas não faltam os esforços para tentar esclarecer as dificuldades que se colocam diante do sonho de um mundo mais seguro e solidário. O Estado de S.Paulo e a Folha de S.Paulo descrevem os primeiros passos do provável futuro presidente dos Estados Unidos para formar sua equipe de governo.


A leitura cuidadosa do cenário político e econômico indica que Barack Obama terá que ser muito mais do que uma esperança para não decepcionar o mundo.


Missão espinhosa


O Estadão abre seu caderno especial com a observação de que a vitória de Obama foi impactante, mas a magnitude dos problemas que os Estados Unidos enfrentam não dá margem para longas celebrações.


Obama tem pressa para formar seu futuro gabinete, e líderes de várias nações insistem em que ele seja incluído nas negociações globais para o combate à crise financeira internacional.


Os jornais destacam sua disposição de ir buscar os melhores talentos disponíveis, inclusive integrantes do Partido Republicano. Ou seja, o retrato que a imprensa nos apresenta é o de um líder conciliador, que deixa o salão no meio da festa para cuidar da realidade. Mas a pouca idade do senador Obama e sua biografia vitoriosa não oferecem indícios para os analistas avaliarem sua capacidade para enfrentar os desafios que o aguardam.


Segundo os jornais, o processo eleitoral que conduziu Barack Obama às portas da Casa Branca, muito diferente da reeleição do atual presidente, marcada por denúncias de fraudes, parece ter retratado a vontade da maioria. Na escolha presidencial venceu a esperança de mudanças, mas os referendos mostram que resiste em muitos estados o conservadorismo da população, o que indica que o americano quer mudanças, mas também quer continuar americano.


Barack Obama tem a difícil missão de conduzir o rompimento com um passado recente que envergonha e reencontrar o passado profundo, que fez dos Estados Unidos a maior potência democrática do mundo.