Wednesday, 09 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Crítica diária

11/10/07

O motorista e a tragédia

A Folha dedicou uma página e meia aos dois acidentes rodoviários nos quais morreram ontem 27 pessoas, no mesmo local, em Santa Catarina. O Estado, pouco mais de duas páginas. O Globo, cerca de três páginas e meia.

A linha-fina da capa de Cotidiano informou que a ´2ª colisão na BR-282 ocorreu após motorista de caminhão ignorar bloqueio´.

Quem poderia afirmar, ontem à noite, que o motorista ´ignorou` o bloqueio?

Afirmou o policial Adriano Fiamoncini (´Motorista estava a 130 km/h, diz polícia´, pág. C4): ´Não se sabe por que [o jornal escreveu erradamente ´porque´] ele saiu da sua pista. Uma hipótese é que tenha desviado para não bater nos carros no congestionamento e tenha continuado em alta velocidade porque perdeu o freio´.

Nessa hipótese, o motorista, que sobreviveu, não teria ´ignorado` o bloqueio. Logo, a Folha se precipitou.

A reportagem afirma que o motorista, ´se for condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de prisão´. É isso mesmo? Não seria essa a pena para cada morte eventualmente causada por ele? Somando os homicídios, a pena seria muito maior, de centenas de anos (embora o condenado possa cumprir no máximo 30).

A gravação da Folha

O último parágrafo da reportagem ´Servidor acusa Renan de ter manipulado processos` (pág. A4) afirma: ´O advogado Heli Dourado disse, em entrevista gravada à Folha, que Abrão fora procurado pelo ex-senador Francisco Escórcio para tratar da suposta espionagem. Ele negou depois ter dito isso. Tuma recebeu de Demóstenes a cópia da entrevista, que ele veiculou no Senado anteontem´.

O texto do jornal explica quem são os personagens citados.

Pelo que se lê, o senador Demóstenes avisou a Folha sobre a suposta espionagem; a Folha a noticiou no sábado (junto com a Veja) e gravou uma entrevista com um advogado (cujo conteúdo, de alguma maneira, reafirmava o relato de Demóstenes); a declaração foi publicada; o advogado negou a declaração; a Folha entregou a gravação para o senador Demóstenes, associando-se a ele; Demóstenes reproduziu no plenário do Senado o áudio; Demóstenes entregou a gravação para o corregedor do Senado.

A Folha, de alguma forma, terceirizou a prerrogativa de entregar ou não a um Poder a entrevista gravada. Quem tomou a decisão do que fazer com a gravação foi um senador, que avisou a Folha sobre um fato e recebeu como retribuição a fita (ou CD?) que o ajuda.

Do ponto de vista de apartidarismo e jornalismo crítico, uma das questões é: se os personagens estivessem em posição inversa, a Folha entregaria a gravação a Renan Calheiros?

Todo cidadão agora pode pedir –e receber– as gravações feitas pela Folha?

Nada está muito claro, porque o jornal, por mais um dia, não relata com transparência o que houve.

Leituras matinais da quinta-feira, do Manual da Redação.

Verbete ´transparência´: ´A Folha procura manter uma atitude de permanente transparência diante dos seus leitores´.

Verbete ´gravador´: ´O jornalista deve decidir com seu superior por quanto tempo a gravação deve ser conservada. A publicação do conteúdo de uma gravação feita sem o conhecimento do entrevistado depende de consulta prévia à Direção de Redação´.

Os leitores da Folha seguem sem saber como e por que uma gravação feita pelo jornal foi parar nas mãos de um senador.

Trata-se de precedente histórico, com repercussões éticas e legais.

Que eu lembre, em 1997 a Folha não entregou as fitas com as gravações do ´Senhor X` sobre a compra de votos para a reeleição. Muitos parlamentares (os Demóstenes da época?) as pediram.

De investigador a investigado

A reportagem ´Servidor acusa Renan de ter manipulado processos` (pág. A4) contradiz a versão do corregedor do Senado, Romeu Tuma, de que o funcionário não citara Renan Calheiros em seu depoimento.

O que mais impressionou na transcrição foi a ´sugestão` de Tuma para que o funcionário sumisse, quer dizer, tirasse férias.

Está mais do que na hora de apurar a fundo as ações de Tuma, agora senador da base governista, a favor de Renan Calheiros, a despeito das encenações de costume.

Muito barulho por nada

A entrevista com Aloísio Mercadante ocupa um espaço exagerado (´Hoje Renan seria cassado, diz Mercadante´, pág. A6). Se fosse para o senador anunciar o seu voto nos processos em curso, ainda valeria. Mas ele segue em silêncio sobre o que interessa de verdade, se esforçando para diminuir o desgaste do seu declarado voto pró-Renan (o sentido real da abstenção) no processo Mônica Veloso.

Jornalismo (não) crítico

A reportagem ´Mantega ameaça Senado com outros impostos` (pág. A8) se concentrou em reproduzir a chantagem do ministro da Fazenda para a aprovação da CPMF, embora citasse duas declarações críticas.

O mais importante, contudo, o jornal não fez: expor o crescimento da arrecadação, do qual volta e meia o governo diz se orgulhar.

O Estado fez isso na reportagem ´Ministro ´se esquece` de citar recordes de arrecadação´.

48 horas

Título em seis colunas na primeira página, uma das duas co-manchetes da Folha: ´Santander compra Real e passa Itaú´.

Título no alto esquerdo da primeira página do Globo da terça-feira: ´Compra do Real faz Santander passar Itaú´.

Em compensação…

Título do Globo hoje: ´TV pública nasce com orçamento de R$ 350 milhões´.

Título da Folha em 30 de maio: ´Lula decide gastar R$ 350 mi por ano com televisão pública´.

Covardia

Está ótima a entrevista com a senadora Ideli Salvatti na pág. E2, ´´Ai, eu fiquei com uma inveja´` (de Mônica Veloso).

Parole, parole, parole 1

Um leitor chamou a atenção para trecho da chamada do título mais ao alto da primeira página (´Acidentes em seqüência matam 27 em SC´), espécie de co-manchete: ´Entre os mortos no segundo desastre estão cinco passageiros do ônibus que não haviam morrido no primeiro acidente e esperavam pelo resgate do veículo´.

Com a sobriedade que a tragédia exige, comento: só pode morrer quem está vivo.

Parole, parole, parole 2

Título do alto da pág. A8: ´União libera R$ 1 bi em emendas em 2 meses´.

As verbas são da União, mas quem as libera é o governo.

E melhor seria ´de` emendas.

Parole, parole, parole 3

Título do alto da pág. D2: ´Astros invertem a mão entre a má fase e a paz´.

Parole, parole, parole 4

Título do alto da pág. D4: ´Gol no final de Zapata apaga a redenção de Hugo´.

Como observou um leitor atento, pobre Zapata.

10/10/2007

Uma gravação mal explicada

A Folha, no mínimo, deve aos leitores uma explicação transparente sobre como a gravação de uma entrevista feita pelo jornal com um advogado foi parar nas mãos do senador Demóstenes Torres, que a divulgou ontem na tribuna do Senado.

A reportagem ´Gravação na tribuna constrange Renan` (pág. A6) conta: ´[…] Demóstenes reproduziu a gravação de entrevista concedida à Folha pelo advogado Heli Dourado, na qual ele citava a intenção do assessor´. O assessor, que trabalhava para Renan Calheiros, teria tentado espionar adversários do presidente do Congresso.

Segue a reportagem: ´Na segunda-feira, Dourado contestou que havia dado a declaração. No mesmo dia, Demóstenes solicitou à Folha a gravação. Depois de apontar contradições nas versões dos envolvidos no episódio, ontem ele reproduziu o áudio aos demais senadores no plenário do Senado´.

É grave a falta de transparência do relato.

Quer dizer que a Folha entregou a gravação ao senador? Por quê? É costume do jornal fazer isso? Não contradiz as normas de apartidarismo da Folha presentear um parlamentar com o que pode se transformar em instrumento de luta política? Que outras vezes o jornal usou de tal expediente e por quê?

Ora, um milhão de vezes entrevistados já negaram declarações gravadas. Nesses casos, o jornal pode reafirmar a transcrição, oferecendo mais detalhes, como o tempo de conversa; apresentar a prova (o áudio) à Justiça ou a uma das partes em contenda judicial; veicular na Folha Online, como faz hoje com a entrevista do advogado.

Mas passar a um senador a gravação…

A partir de agora, todos os leitores têm o direito de receber as gravações das entrevistas feitas pela Folha? Inclusive Renan Calheiros?

Se vale para um, vale para todos.

A legislação assegura aos jornalistas preservar não só fontes, como, em certos casos, fitas com entrevistas.

O compromisso da Folha é com os leitores. Se existe a gravação relatada, cabe ao jornal comprovar sua existência aos leitores, não a um senador.

Pode haver problemas de ética e procedimentos jornalísticos mais graves. Só posso me pronunciar, contudo, depois que o jornal esclarecer aos leitores o que aconteceu.

Direito à privacidade versus direito à informação

A Folha tem hoje bons momentos, em decisões jornalísticas nas quais se confrontaram dois valores: o direito à privacidade e o direito à informação.

Na primeira página, a fotografia de Lula Marques mostrando Ideli Salvatti vendo pela internet imagens de Mônica Veloso na Playboy, aparentemente pirateadas, é de longe o melhor registro feito ontem pelos repórteres-fotográficos no plenário do Senado.

A senadora, detentora de mandato conferido pelos cidadãos, estava em local público, em sessão pública, com seus vencimentos pagos pelos contribuintes, usando equipamento adquirido com verba pública. Logo, é legítima a divulgação do que ela via no seu laptop. Há interesse público em saber o que os parlamentares fazem durante as sessões, ainda mais que a jornalista desnuda foi o pivô do primeiro processo de cassação de Renan Calheiros.

Trata-se da mesma interpretação que legitimou a publicação de fotos das telas dos computadores de ministros no julgamento do STF que instaurou o processo do mensalão.

Outra decisão correta da Folha foi a de expor a consulta que o deputado Paulo Renato fez ao presidente do Bradesco sobre artigo escrito para a Folha. O artigo ataca interesses do Banco do Brasil e, pelo menos implicitamente (ainda não foi publicado), favorece o Bradesco e outros bancos privados.

O ex-ministro da Educação afirmou em entrevista que empregou o mesmo expediente com a Vale do Rio Doce, consultando-a sobre artigo.

O compromisso do jornal, reafirmo, é com os leitores, não com deputados. Há interesse público na informação. Por isso, é digna de aplausos a divulgação da mensagem que acompanhou, por engano, o artigo enviado por e-mail à Folha: Paulo Renato, economista, indagava ao banqueiro se o texto estava OK.

Cabe agora investigar as ações e os discursos de Paulo Renato relativos ao sistema bancário. Um esclarecimento elementar é sobre contribuição oficial do Bradesco à sua campanha e à do PSDB.

Pode haver aí uma grande pauta sobre lobby.

O furo merecia alto de página e chamada na primeira página. Não ganhou nem um nem outro.

Comando da madrugada

A fotografia de primeira página sobre ação policial contra homens armados que aparentemente se preparavam para um assalto é mais uma demonstração da importância de manter um fotógrafo trabalhando na madrugada –função que a Folha (re)instaurou há meses. Ficaram boas as imagens feitas por Apu Gomes.

Não custava nada a reportagem ter informado que o confronto ocorreu nas cercanias da sede do jornal.

Painel do Leitor?

A carta de José Sarney deveria ter sido publicada em Brasil, não no Painel do Leitor.

Ainda por cima, é a primeira mensagem, portanto a mais importante do dia, que merecia mais destaque, na opinião do jornal.

Sarney tem espaço para falar, como senador, na cobertura política.

Idem como ex-presidente da República.

Mantém uma coluna semanal na Folha.

Por que sua contestação à informação publicada ontem tem de implicar a supressão de espaço dos leitores?

E por que o jornal não respondeu? Sarney está correto? Se está, por que não se publicou Erramos?

E por que o senador não foi ouvido para sua versão constar da reportagem de ontem?

Pedágios paulistas

Na extensa cobertura da Folha sobre a concessão-privatização de trechos de rodovias federais, houve espaço até para uma reportagem sobre a queda-de-braço entre seis concessionárias e o governo do Paraná.

Mas não li a comparação dos valores dos novos pedágios com os cobrados em rodovias estaduais paulistas. A diferença é abissal. Por que a Folha não tratou do tema?

O Estado publicou a reportagem ´Custo do pedágio põe rodovias paulistas em xeque´.

Bi

Pelo segundo dia consecutivo, o Estado traz entrevista exclusiva com um vencedor do Prêmio Nobel anunciado na véspera.

Pluralismo e resposta

O jornal fez bem em publicar na seção Tendências/Debates artigo do secretário da Saúde de São Paulo.

Espera-se, agora, pela resposta, no mesmo espaço, da autora da reportagem atacada.

É um direito dos leitores conhecer os argumentos da jornalista.

09/10/2007

O país das negativas

Um leitor atento relacionou alguns exemplos, acrescentei outros. O emprego farto do verbo ´negar` marca a edição de hoje da Folha.

´Senador [Renan Calheiros] nega espionagem de colegas` (linha-fina da manchete da primeira página).

´Em nota, Renan negou as acusações de espionagem […]` (na chamada da manchete ´Oposição entra com ação contra Renan´).

´O advogado do promotor nega [que houvesse embriaguez do motorista]` (na chamada da primeira página ´Promotor mata casal e filho em acidente no interior de SP´).

´O governador Paulo Hartung nega ter orientado a bancada capixaba a votar contra a CPMF por ´ciúme` da boa relação entre Lula e seu colega de PMDB Sérgio Cabral` (na nota ´Veja bem´, pág. A4).

´Renan não aparece no Senado e solta nota para negar espionagem` (título na pág. A5).

´Jucá nega ser sócio de rádio e TV em Roraima` (outro título na pág. A5).

´Denunciado à Justiça pelo Ministério Público Estadual, o ex-secretário de Governo de Mato Grosso do Sul Raufi Marques negou que tenha participado ou ´tomado conhecimento` de contratos fraudulentos` (em ´Ex-secretário afirma não ter participado ou tomado conhecimento do suposto esquema´, pág. A9).

´Anteriormente, no início das investigações, o petista [Zeca do PT] negou o esquema denunciado pela Promotoria` (idem).

´À Corregedoria da PM os dois negaram envolvimento no caso de abuso sexual da jovem` (em ´PMs não são localizados pela reportagem´, pág. C7).

Notícia menosprezada

A manchete de hoje (´Oposição entra com ação contra Renan´) noticia fato que teve como ´estopim´, conforme texto na pág. A4, a

´denúncia` de que Renan Calheiros usou um assessor para espionar adversários.

A informação saiu na edição de sábado da Folha, junto com a revista Veja.

A Veja, com razão, deu chamada na capa (´Chantagem – Renan Calheiros agora espiona os colegas´).

A Folha publicou em mísera uma coluna e em página par (com menos destaque que as ímpares) a reportagem ´Assessor de Renan é acusado de espionagem´, (pág. A6 do sábado).

Não faltava espaço: o alto da pág. A7, com título de três linhas em três colunas, foi ´Com decisão do STF, PT vai tentar reaver mandato de Soninha´.

Crédito omitido

No texto ´Renan não aparece no Senado e solta nota para negar espionagem` (pág. A5), o jornal reivindica o furo: ´O caso veio à tona depois que Demóstenes disse à Folha que seu amigo Pedrinho Abrão, empresário, se encontrou com Escórcio em Goiânia, no escritório de um advogado´.

No mínimo, para cumprir determinação do Manual da Redação, a Veja deveria ter sido citada como co-autora do furo, ao qual a revista deu muitíssimo mais destaque que a Folha.

Painel do Leitor digno do nome

Como no dia seguinte à publicação de artigo de Luciano Huck, quando o tom das cartas era contrário ao autor, hoje o Painel do Leitor abriga mensagens anti-Ferréz, que ontem respondeu ao apresentador de TV na seção Tendências/Debates.

Com o espaço restrito aos leitores ditos comuns, o Painel do Leitor tem muito mais vida, especialmente em uma polêmica como essa em curso.

É legítima a publicação da manifestação de um assessor de imprensa, a única alheia ao tema do momento. Ele se pronuncia sobre carta que saiu no próprio Painel do Leitor. Logo, é este o território de discussão.

Folha versus Folha

A reportagem ´Senadores pedem abertura de 5º processo contra Renan` (pág. A4) afirma que o requerimento será apresentado por DEM e PSDB.

O quadro ´As quatro cartadas contra Renan´, na mesma página, afirma que o requerimento é do PSDB.

Qual a informação correta?

Palavrão

O quadro ´As quatro cartadas de Renan` (pág. A4) informa que, no processo sobre dívidas da Schincariol, ´foi pedido sobrestamento do processo, nas mãos do relator João Pedro (PT-AM). Ele terá 30 dias para terminar´.

É preciso explicar o que é o tal sobrestamento, se for imprescindível citar a palavra.

No$$a Caixa

É relevante, sóbria, objetiva e equilibrada a reportagem ´TCE ignorou 7 pareceres sobre Nossa Caixa` (pág. A6).

Jobim nada confuso

É boa a reportagem ´Jobim se confunde e deixa de examinar armas em visita à Marinha, no Rio` (pág. A8).

Não se pode dizer a mesma coisa do título. Quem disse que o ministro se confundiu? A informação não consta da reportagem. É possível supor o contrário, mas sem afirmar. Ou seja, talvez Jobim não tenha ´examinado as armas` por vontade própria, e não devido a uma confusão especulada pelo jornal.

Filosofia de chuteiras

Título do alto da pág. D2: ´Na reta final, Brasileiro vê pane de referências´.

Bilheteria

Parece errada a linha-fina do alto da pág. E6, abaixo do título ´´Tropa de elite` leva 180 mil aos cinemas´: ´É o melhor desempenho do ano do eixo Rio-SP em média de público por sala´.

O que a reportagem informa é que se trata do melhor desempenho entre filmes nacionais. A linha-fina dá a entender que o universo são todos os títulos lançados, incluindo os estrangeiros.

Está errada a informação de que ´em SP` o filme foi assistido em DVD pirata por 1,5 milhão de pessoas. A pesquisa do Datafolha foi feita na cidade de São Paulo, e não no Estado de SP.

Matemática 1

Parece errada a reportagem ´Uma diáspora de 30 milhões´, publicada na revista Família Brasileira, que circulou no domingo.

Para estar correta a projeção de 30 milhões, cada brasileiro no exterior só poderia ter sido a referência de um entrevistado. Estatisticamente, é difícil de ocorrer.

A pesquisa Datafolha constatou que ´15% dos pesquisados têm alguém da família morando atualmente no exterior´.

Não é possível, contudo, aplicar os 15% sobre o total da população, justamente porque há sobreposição –a mesma pessoa é referência de entrevistados diferentes.

Sugestão: checar com o Datafolha.

Matemática 2

Abertura de reportagem dominical de Cotidiano: ´O Ano de 2003 foi excepcional para o megatraficante Juan Carlos Ramírez Abadía. Uma planilha Excel com a data de 30 de abril desse ano registra que o colombiano recebeu US$ 37,7 milhões em 17 dias. Uma simples regra de três mostra que, nessa época, ele faturava US$ 70 milhões por mês –o equivalente a 130 milhões. Se o fluxo fosse constante, ele faturaria R$ 1,5 bilhão por ano– o equivalente ao faturamento da Gradiente em 2005´.

É especulação demais. E se o faturamento de 17 dias representar a receita de um mês ou do ano inteiro? Não afirmo que seja isso, pois seria chute.

Se a fórmula de anteontem for implementada pelo jornal, as contas do mensalão, para ficar em um exemplo, precisam ser refeitas, para cima.

Enxuta e esbelta

Inacreditável abertura de reportagem dominical de Veículos: ´Ninguém nega que, aos cem anos, a atriz Dercy Gonçalves esteja enxuta e esbelta. O Volkswagen Gol, 27, também. Ambos, porém, já sentem o peso da idade e recorrem à maquiagem para esconder rugas´.

08/10/2007

Prêmio Folha

O ombudsman participa hoje de reunião do júri do Prêmio Folha. Por esse motivo, não haverá crítica diária.’