Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Moacir Japiassu

‘Misterioso leitor desta coluna, que se assina apenas ‘Fábio’, como aquele terrorista ‘Carlos’ (embora seja, ao contrário deste, homem de boa paz), envia gracioso textinho da Folha de Londrina. Vejam quão estiloso e belo o parágrafo que jazia sob o título LERNER RECUPERA DIREITO SOBRE BENS:

‘Sponholz ressaltou que a liminar só poderia ser concedida se houvesse perigo de que houvesse algum dano caso não houvesse urgência em aceitar o pedido do MP. O presidente do TJ acatou os argumentos do advogado e ex-secretário de Governo de Lerner José Cid Campêlo Filho, que alegou que se houvesse realmente urgência no pedido o MP teria solicitado a indisponibilidade dos bens em 1999, quando começou a investigar o assunto. ‘

Janistraquis comparou tais e bem traçadas linhas ao melhor de Machado de Assis, e mais haveria brilhado o redator se mais espaço houvesse caído aos pés de seu talento.

Juca Kfouri

Deu na ‘Ilustrada’ da Folha On Line:

Outro Canal: Cultura adota ‘erramos’ e ‘consciência’

DANIEL CASTRO

colunista da Folha

‘(…)As principais inovações visíveis, de acordo com Marco Antonio Coelho, diretor de jornalismo da emissora, serão a adoção de ‘erramos’, a correção de informações imprecisas, como faz a Folha, e a figura da ‘consciência crítica’.

(…)De acordo com o diretor, a prática do ‘erramos’ será diária. No esportivo ‘Cartão Verde’, terá formato que lembra o ‘replay’. ‘No final do programa, vamos rodar um VT com as besteiras ditas pelo Juca Kfouri [apresentador]. Vamos dar maior profundidade, ficar mais próximo do jornalismo impresso’, afirma Coelho.

Janistraquis leu e comentou: ‘Considerado, o Juca estréia na Cultura prestigiadíssimo pelo Marco Antonio Coelho, hein?’

Rio cheio

Deu no site da Climatempo de terça, 03/02/2004:

Os moradores dos municípios ribeirinhos de Sergipe, como Propriá e Brejo Grande, estão apreensivos com a notícia de que o nível do Rio São Francisco, que subiu para oito mil metros cúbicos por segundo, poderia subir ainda mais.

O leitor Moisés Pregal estranhou:

Metros cúbicos??? Mas metro cúbico não é medida de vazão? Pelo menos quando estudei, era…

Janistraquis garante, Moisés, que você é um ‘salvo das águas’ e tem intimidade com o assunto; todavia, o pessoal de Propriá e Brejo Grande, que não via tanta chuva há tantos anos, não entende mais de rio cheio…

Diverças

O diretor de nossa sucursal em Brasília, Roldão Simas Filho, enviou o seguinte recado para Dad Squarisi, que cuida da boa linguagem do Correio Braziliense:

Primeiro caderno, seção ECONOMIA, página 11. Na infografia, assinada por Lucas Pádua, aparece ‘despesas diverças’, assim, com cê-cedilha!

Meu secretário absolve o redator, Roldão: ‘É que, como são muitas as despesas, logicamente há as diversas propriamente ditas e as diverças, que devem ser aquelas sem recibo ou comprovação, coisa muito comum no Brasil, diga-se.’

Segmento

Nossa considerada leitora Mônica Lopes leu no no site do PT, que concorre ao Prêmio IBest 2004:

Edição nº: 1.768 Data: 27/1/2004

Ananias diz que dará segmento a projetos sociais

O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, disse, nesta terça-feira, que já está sendo feito um levantamento dos programas sociais que estão funcionando e que a sua primeira preocupação é com a continuidade. (Leia mais)

Preocupada, Mônica escreveu:

‘Não tive tempo de pesquisar o suficiente, mas nosso amigo Aurélio parece não recomendar o uso da palavra segmento no sentido de dar continuidade, ao contrário, trata-se de ‘porção bem delimitada de um conjunto’.

Será que vamos ter problemas com o super ministro, ou bastam alguns esclarecimentos ao redator?’.

Janistraquis acha que, por medida de segurança, é melhor ficar de olho nos dois…

Fazendo média…

Deu no Meio&Mensagem:

MercadoLivre inaugura nova forma de pagamento

[29/01 – 16:59] Mercado Pago é novo sistema que media transações entre usuários

Janistraquis avisa que estaria tudo bem se o presente do indicativo do verbo mediar não se conjugasse assim: eu medeio, tu medeias…

Sempre aprendendo

Diretor de nossa sucursal paulistana, Daniel Sottomaior largou o caderno de economia e as traduções do inglês para dar uma passada noutras editorias do seu jornal preferido. Eis o que encontrou:

‘O caderno de esportes do Estadão me é terra estranha, mas publicou uma excelente reportagem sobre a incursão do reverendo Moon sobre o futebol.

Juntar dois temas polêmicos como futebol e religião evidentemente gera muitos comentários. A situação foi descrita pelo repórter como ‘disque-disque’. Esta deve ser a versão moderna, telefônica, do antigo ‘disse-que-disse’.

Ou pelo menos foi o que ouvi quando fui almoçar lá no serve-serve.’

De concordâncias

Por andar mais velho e desencantado do que Donizete, ‘O Pantera’ do Vascão, somente agora Janistraquis pôde esquadrinhar nosso arquivo de final de ano; encontrou muita coisa boa, que iremos exumar na medida do possível.

Vejam esta, enviada por nosso leitor e vizinho, Marcelo Bicarato, de Guaratinguetá, em 4 de dezembro/2003:

Na Folha de S. Paulo de hoje, introdução de notícia sobre a viagem de Lula:

Cansados depois de quase um dia inteiro viajando, as quase 60 pessoas que acompanham Lula pelos países árabes demonstravam cansaço.

Se o sujeito da oração é ‘as quase 60 pessoas’, elas deviam estar ‘cansadas’, o que deviam estar muito mesmo, já que a informação é repetida no fim da mesma oração. Maravilha, hein?’.

Considerado Marcelo, Janistraquis diz que diante das tantas e gravíssimas besteiras a flutuar por aí, concordâncias nem merece mais nossas atenção.

Carnavalizando

O incansável e corajoso diretor de nossa sucursal cearense, Celsinho Neto, enviou-nos a seguinte epístola:

‘Considerado mestre Janistraquis:

Não obstante as promessas de pêia que venho recebendo da negada das redações dos jornais daqui do Ceará, não vou esmorecer e envio mais uma do nosso insubstituível Diário do Nordeste.

Numa matéria sobre o carnavalesco desfile dos maracatus, lascou este título: Maracatu Az de Ouro presta homenagem a Dragão do Mar. Az de Ouro? AAAAAAZZZZZ?!?! Assim, já é transformar o idioma em alegoria de Carnaval!

E, pasme, no texto havia a confirmação, para quem pensou em cochilo do editor: ‘Maior realce da ‘afro-cearensidade’ e uma percussão bem mais dinâmica que as anteriores. É o que trará para a Avenida Domingos Olímpio neste ano o Maracatu Az de Ouro, prestes a comemorar seu 68º aniversário. O grupo já iniciou os ensaios para o Carnaval de Fortaleza, onde já tem desfile marcado para os dias 22 e 24 de fevereiro’.

Quanto ao Maracatu Ás de Ouro eu não sei, mas o Diário do Nordeste, se continuar a atravessar o samba do crioulo doido, acabará se transformando em carta fora do baralho.’

Olha, Celsinho, Janistraquis adorou o maior realce à afro-cearensidade!

Nota dez

A melhor notinha da semana saiu na coluna de Claudio Humberto:

Disfarce

A prefeita de Maceió, Kátia Born, está com a popularidade tão em baixa que teve de se fantasiar para sair, domingo, no Bloco Parceria. Estava com cabelos azuis e imensos óculos tipo Jackie Kennedy.

Errei, sim!

‘ABUNDAM PULGAS – Em sua página Meio Ambiente o Estadão publicou matéria com este título assaz perturbador: Pulgas delatam fábricas que poluem rios. Imaginei logo que fossem alguns daqueles insetos sifonápteros ou suctórios que o professor José ‘Nobel’ Lutzemberg cria em sua mansão de Porto Alegre, porém Janistraquis esclareceu: ‘Não, considerado, não se trata daqueles insetos; são pulgas autônomas que por aí abundam. Tanto que cada brasileiro carrega a sua atrás da orelha…’. Meu secretário anda mais cínico que comunista em Candomblé.’ (maio de 1990)’

 

CÓDIGO DE DEFESA DO LEITOR

Luis Fernando Veríssimo

‘Direitos do leitor’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/02/04

‘Já existe um estatuto para os idosos e um para os torcedores de futebol, deveria haver algo parecido para leitores de jornais e revistas. Uma lei que os protegesse não só dos maus-tratos da notícia inexata e do desconforto da má redação, mas também dos sobressaltos do cabeçalho exagerado e do enfoque chocante e da irritação com opiniões descabidas. É verdade que, em se tratando de opinião, tudo é subjetivo, e o que irrita um pode agradar aooutro. A clássica definição do articulista genial é o que concorda cem por cento com a gente. Mas na falta de um estatuto que defenda o leitor, talvez se pudesse estender o estatuto dos idosos para incluir manchetes perturbadoras e artigos inacreditáveis entre as coisas que não se pode fazer a um velhinho. Todo o editor deveria pensar seriamente no efeito que terá em idosos fragilizados, antes de planejar uma primeira capa ou publicar uma determinada opinião. Não têm sido poucas as vezes, ultimamente, em que pensei em denunciar às autoridades textos lidos cujo objetivo óbvio era me fazer ter um troço.

Mas é claro que todo leitor já tem um direito sagrado e inalienável, que nem sempre sabe que tem e raramente usa. O direito de não ler. Salvo razões patológicas, como o masoquismo, ou o chamado fascínio do abismo, não há nada que obrigue você a ler até o fim o que você sabe que não vai gostar. O pleno exercício do direito de não ler também serve como antídoto para qualquer vocação totalitária. É melhor não ler do que ler tudo e chegar ao fim de uma leitura raivosa pensando em proibir a opinião que desagradou, ou escrever uma carta anônima desaforada ou em difamar o autor e negar o seu direito de irritá-lo. Infelizmente, o que não falta entre leitores é vocações totalitárias. O exercício do direito de não ler também promove o saudável hábito de pensar: ‘O que eu estou fazendo lendo isto em vez de estar lendo…?’ e em seguida fazer uma lista mental de todos os que você poderia estar lendo sem perder seu tempo. Todos os que concordam cem por cento com a gente.’

ENTRETENIMENTO…

João Marcos Coelho

‘O espetáculo no lugar da vida’, copyright Valor Econômico, 6/02/04

‘O entretenimento embala sonhos que fazem a existência humana suportável – um jogo que vem de longe, sempre mais sofisticado

A palavra entretenimento carrega forte ambigüidade, desde os tempos mais antigos. Enquanto o filósofo grego Platão o considerava um verdadeiro pesadelo (na ‘República’, ele escreve que as pessoas podem ser manipuláveis e irracionais quando ficam sob a influência de um talentoso e carismático orador ou cantor), os césares romanos o utilizaram sem culpa para divertir as massas no Coliseu. No século XVI, surgiram na Europa os parques de diversão, então chamados de ‘jardins dos prazeres’. No século XVIII, os russos inventaram a montanha-russa. No século seguinte, as feiras mundiais foram a coqueluche. No século XX… Bem, no século XX, os parques temáticos, o cinema e os jogos de computador, além da TV com seus ‘Big Brothers’ cada vez mais atrevidos e a transmissão ao vivo e em cores do apocalipse das guerras, além dos shopping centers, multiplexes e circos – tudo isso nos ensina que o espetáculo substituiu a vida. E, parece, de modo definitivo.

A vida do ser humano médio nas sociedades atuais é, em geral, medíocre e só pode ser suportada pelos cenários produzidos pela mídia, por nossas próprias fantasias (baseadas na mídia) e pelo entretenimento. O diagnóstico sombrio do dublê de filósofo e especialista em turismo Luiz Gonzaga Godoi Trigo, 44 anos, é esmiuçado em 200 suculentas e divertidas páginas do recém-lançado livro ‘Entretenimento – Uma Crítica Aberta’ (Editora Senac).

O livro nasceu como tese de mestrado defendida na Escola de Comunicação e Artes da USP, em São Paulo. Trigo, assessor educacional do Senac desde 1995, passeia com o conceito de entretenimento a tiracolo através dos tempos. E mostra como é flagrante o descompasso entre nossa vidinha modorrenta, repetitiva e medíocre e a alta velocidade das imagens e das mídias.

A verdade é que vivemos vidas ordinárias, comemos coisas ordinárias, moramos em residências ordinárias, e procuramos compensações nas imagens dos que são exceção a essa mediocridade: ‘É patético’, escreve Trigo, ‘ver as pessoas lendo revistas de ricos e famosos em salões de beleza (sic) nas periferias e bairros das cidades. Os pobres pensam que são classe média; a classe média pensa que é rica; os ricos pensam que são deuses e imortais, e um dia todos se frustram com a realidade que os cerca’.

É aí que entra o entretenimento, como ‘uma cereja no sorvete ou o sabor framboesa na camisinha’, diz. ‘Mais do que um plus burocrático, o entretenimento é uma promessa de estilo de vida que reúne bom humor, alto astral e benefícios subjetivos, porém altamente gratificantes.’ São hilários, mas reais, os exemplos de Trigo, que vão da horrível música-ambiente na sala de espera do laboratório de análises clínicas ou no restaurante aos jogos de computador e à atraente ‘home page’ interativa da seguradora. ‘Esses procedimentos servem para dar a idéia de que estamos nos divertindo, do saguão do hotel superlotado à sala de velório de um hospital de alto nível. Na verdade, queremos meios de passar o tempo, para nos desligarmos da realidade opressiva e esquecer por alguns momentos os procedimentos burocráticos nauseantes de nossas vidas corporativas ou institucionais.’

‘Os intelectuais sempre torceram o nariz para o entretenimento’, diz Trigo em entrevista ao Valor. ‘Para eles, entretenimento não é cultura. Aproveitam-se do caráter híbrido do universo do entretenimento, que engloba tanto esportes e notícias, como arte, educação, lazer, turismo e ‘show business’ em geral. Tudo se articula na condição de mercadoria destinada a um consumo específico, caracterizado pelo prazer.’

Além disso, cheira mal aos esotéricos narizes o fato de que entretenimento também é negócio. Ou melhor, é o negócio que mais cresceu na última década. Juntos, cinema, video/DVD, televisão aberta e a cabo, música, editoração, esportes e ‘games’ dobraram o faturamento entre 1990 e 1999 nos EUA. O mais recente número disponível indica um movimento da ordem de US$ 500 bilhões, no mundo.

É sintomático que, enquanto o segmento de jogos de computador esteja crescendo a velocidades exponencial (as vendas globais chegaram a algo em torno de US$ 27 bilhões em 2002, segundo o ‘Wal Street Journal’), o negócio da música vem encolhendo ano a ano: se em 1999 faturava mundialmente US$ 40 bilhões, em 2003 mal chegou nos US$ 30 bilhões. Como se explica?

Trigo dá uma dica interessante ao citar o livro ‘The Age of Access’ de Jeremy Rifkin, que traz o sintomático subtítulo ‘A nova cultura do hipercapitalismo, quando toda a vida é uma experiência paga’. Não estamos mais na era da informação, como ainda insistem os acadêmicos, preocupados em guardar a sete chaves seus saberes, mas sim na era do acesso. ‘Quando virtualmente quase todo o mundo produtivo tornou-se prestação de serviços, o capitalismo passou a ser um sistema baseado primordialmente em acesso à experiência e não apenas em troca de bens’, diz Trigo. Acesso. É isso que o esquema comercial de jogos como ‘Everquest’ dá. Nesse reino, não se vende produto, mas acesso. Isso, a indústria do disco, mundialmente atordoada, não entendeu. Insiste em vender produtos, que podem ser pirateados. Vai para o buraco logo, logo.

O que também impressiona é a vulnerabilidade das crianças e adolescentes diante deste bombardeio maciço do novíssimo entretenimento digital. Trigo aproveita para dar uma estocada nos pais da atual geração de crianças e adolescentes: ‘Pais, professores e adultos em geral não têm competência ou vontade para aturá-los e a indústria do entretenimento faz o serviço com muito prazer e bons lucros. Nossa geração, em sua maioria, abandonou os mais jovens. Por isso, o entretenimento é o guardião do prazer pós-moderno digital.’

Pascal Bruckner, em ‘A Euforia Perpétua’, escreve que ‘o verdadeiro luxo é a invenção da própria vida, é o poder sobre o próprio destino’. Ora, isto é o que prometem e cumprem jogos como ‘Everquest’, nos quais o internauta paga uma mensalidade de 12 dólares ao servidor para integrar o mundo de Norrath e pode assumir até oito identidades diferentes, perambular à vontade, exercer a liberdade em todo o significado do conceito que lhe é negado de todos os jeitos em seu dia-a-dia. São 500 mil assinantes em todo o mundo, e centenas de milhares jogam on-line e interagem – que adolescente gostaria de coisa melhor? ‘Construir a própria história, escolher os caminhos de nossa vida não são apenas um luxo, mas um meio eficaz de destruir o tédio e as frustrações que vão se acumulando, como camadas nefastas de podridão, ao longo do tempo sobre as pessoas derrotadas pelo mundo. O medo de viver a própria vida e a alienação em relação à vida comunitária e social provocam vários dos problemas existentes na humanidade e provocam o sentimento profundo de niilismo que os religiosos e os políticos tentam inutilmente eliminar com suas fórmulas gastas e plenas de hipocrisia. A saída não é por aí’, afirma Trigo.

Pena que o livro dedique apenas oito páginas superficiais ao Brasil. Seria uma boa ocasião para o autor propor uma solução à brasileira para esta sinuca de bico existencial em que nos meteu o entretenimento, dando-nos como única saída aparente os reinos virtuais dos ‘games’.’

 

NOVO JORNALISMO

Jornal do Brasil

‘Os sentidos do jornalismo’, copyright Jornal do Brasil, 7/02/04

‘Em parceria com a Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano (Fundação Novo Jornalismo Iberoamericano), criada em 1994 pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez, o Fundo de Cultura Econômica, uma das mais importantes editoras da América Latina, acaba de lançar, na Cidade do México, o primeiro volume da coleção Novo Jornalismo. Los cinco sentidos del periodista (Os cincos sentidos do jornalista), do consagrado correspondente internacional Ryszard Kapuscinski, tem um atrativo a mais: a distribuição é gratuita.

O editor da coleção é o jornalista e escritor argentino Tomás Eloy Martínez. Autor de Santa Evita, La novela de Peron e El vuelo de la reina, Martínez é também colaborador permanente do La Nación, de Buenos Aires e já publicou seus artigos em mais de 200 jornais da Europa e da América.

Segundo o editor, o livro de Kapuscinski concentra, em poucas páginas, a sabedoria de uma profissão que, muitas vezes, se confunde com a própria vida. O livro reúne as reflexões do jornalista polonês durante seu trabalho em 2002 na Argentina e no México. Para completar a coleção, que pretende ser um complemento na formação dos estudantes de jornalismo, quatro títulos serão lançados: Antologias, Diálogos, Livros de laboratório e Os ensaios.

Em Antologia, um panorama dos tipos de textos jornalísticos, das mudanças decorrentes do tempo e da história serão apresentados. Entrevistas com importantes profissionais da área, que contam desde a formação acadêmica até suas manias mais peculiares na hora do trabalho, estarão presentes em Diálogos.

O melhor da prática do ofício, de acordo com a Fundação Novo Jornalismo Iberoamericano, vai compor Livros de laboratório. A obra será uma espécie de reunião de dicas e relatos dos mais diversos repórteres e editores da América e da Europa, que já trabalharam em cidades e países diferentes. Para finalizar, Os ensaios será uma compilação de textos para a reflexão e para o melhor desempenho da profissão, desde a conduta ética até as técnicas mais elementares do jornalismo.

A Fundação Novo Jornalismo Iberoamericano vem, há 10 anos, contribuindo para a formação de jovens repórteres e para a qualidade do jornalismo colombiano, além de incentivar a publicação de livros de interesse geral e específico, como no caso da coleção Novo Jornalismo.

García Márquez define a Fundação como um espaço para o intercâmbio de experiências e idéias entre colegas de profissão dos países iberoamericanos que, por intermédio de um conjunto de programas de aprendizagem, debate e autocrítica, conseguem aperfeiçoar as técnicas e a postura ética da profissão. O autor de Cem anos de solidão diz ainda que a fundação apoia e executa projetos para estimular a inovação e o melhoramento dos meios de comunicação frente aos desafios sociais, políticos, culturais e ambientais por que passam os países da América Latina.

Do primeiro título da Coleção, Os cinco sentidos do jornalista, serão distribuidos mil exemplares a professores e diretores de faculdades de comunicação e jornalismo, estudantes que tenham representatividade no meio acadêmico, associações de jornalistas e bibliotecas universitárias.’