Saturday, 18 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

O rádio tem jeito, sim

Não podemos ficar a vida toda falando dos problemas do rádio. Temos que encontrar soluções, porém tais soluções não podem ser efetivadas de forma isolada apenas por um grupo ou outro. A hora é de pensamento coletivo em busca de um bem maior: comunicação democrática, ética e verdadeira. Se este for o objetivo de todos, teremos certamente um crescimento forte do rádio como meio de comunicação e um processo pleno de valorização de seus usuários e dos que o fazem. Temos que envolver publicitários, marqueteiros, profissionais de rádio e de jornal na luta por um rádio melhor e desenvolver uma prática ativa de conhecimento de seus problemas, discussão do pensamento dos usuários e conquista de novos parceiros para engrandecer o rádio e fazer das programações momentos atrativos e que sejam adequados aos ditames de uma comunicação voltada para a família e para o cidadão.

Os grupos representativos da sociedade têm que fazer algo pelo rádio sob pena de que em breve não teremos mais força neste meio e sua entrega a grupos políticos, religiosos e econômicos será total, deixando os ouvintes sem emissão de programas plurais, democráticos e participativos. Precisamos acreditar no rádio que envolva todos os segmentos da sociedade, seja por faixa etária, posição social ou ideologia política. O rádio precisa ser segmentado e sua programação dever ser pautada no que o ouvinte quer e imagina no processo de comunicação. É urgente que os institutos de pesquisa sejam contratados para verificar o pensamento da população de todos os setores sociais acerca do rádio e qual a busca do cidadão no momento em que ouve rádio.

Participação e interatividade

As modificações devem ser debatidas pela sociedade e é preciso incentivar e valorizar grupos representativos da classe dos ouvintes, usuários da comunicação. No caso do Ceará, temos a Aouvir-CE ( www.aouvir.com.br ) que em muitos casos é desacreditada pelos que fazem o rádio e muitas vezes recebe análises equivocadas até mesmo pelos que dela fazem parte. A organização dos ouvintes em prol de uma programação de qualidade não é censura, não é cerceamento de liberdade nem determinação de pautas de programa ou produções radiofônicas. A organização dos ouvintes deveria ser seguida por outros setores da comunicação que precisam falar a linguagem do povo e deve ser adequada aos interesses da família e da construção do processo de cidadania.

O rádio precisa do interesse dos seus proprietários, não apenas no investimento, mas na fiscalização do que se passa ou qual o tipo de linguagem que é emitida e que às vezes não se adequa ao que a comunidade quer ou imagina. Os proprietários de rádio e a cúpula que o domina têm que acreditar no potencial que este tem para melhoria da sociedade e para sua própria viabilidade financeira tão apregoada na dinâmica da vida empresarial. É preciso investir não apenas em tecnologia, mas, sobretudo, no processo de conhecimento do perfil de seu consumidor incentivando a discussão, participação e interatividade com os usuários da comunicação radiofônica.

Corporativismo barato

Precisamos de um rádio plural, verdadeiro e adequado aos ditames de uma sociedade livre, democrática e firme na luta por dias melhores para todos. É preciso também que os outros meios de comunicação não vejam o rádio como concorrente, mas como co-participante de um processo de comunicação que é viável para o despertar da cidadania e para construção de dias melhores para todos os cidadãos. É preciso que nos jornais, revistas e televisões abram espaços para discutir o rádio, debater seus problemas, criar soluções para evitar sua derrocada e mostrar a viabilidade do rádio que contribuirá para crescimento dos outros meios de comunicação. O crescimento do rádio será também o crescimento dos outros meios de comunicação.

Não entendemos por que revistas de circulação nacional como IstoÉ, Veja , Época e outras por nós procuradas não colocam o rádio em seu processo comunicativo nem divulgam a luta pela melhoria deste meio de comunicação. Acho que isso é uma espécie de corporativismo barato que não conduz a nada. Em nosso estado (Ceará), as notícias sobre o rádio também têm sido boicotadas por editores que não entenderam sua essência nem sabem sequer sua importância. Uma pena, não? O rádio tem história, valor e importância que eles infelizmente jamais descobrirão…

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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE