Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

José Marques de Melo, um pensador da comunicação

O professor José Marques de Melo formou gerações de jornalistas e de pesquisadores acadêmicos, orientando uma centena de pós-graduandos, dos quais 72 mestres e 28 doutores. (Foto: Portal Intercom/Reprodução)

O professor José Marques de Melo, considerado um dos maiores pesquisadores de comunicação do Brasil, nos deixou no último dia dia 20 de junho vítima de um ataque cardíaco em sua casa em São Paulo.

Reportagem publicada pelo Jornal da USP, lembra que “José Marques de Melo foi o primeiro doutor em jornalismo titulado por uma universidade brasileira e participou ativamente de momentos marcantes da história da ECA: integrou o corpo docente fundador da Escola de Comunicações Culturais, foi criador e primeiro Chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) e Diretor. Durante sua rica trajetória intelectual, contribuiu com a formação de inúmeros pesquisadores e publicou dezenas de livros que se tornaram referências para as áreas de jornalismo e comunicação.”

Nascido em Palmeiras dos ìndios, Alagoas, em 1943, José Marques de Melo iniciou sua carreira acadêmica em 1966, em Recife, como assistente do Professor Luís Beltrão. Logo em seguida transferiu-se para São Paulo onde fundou em 1967, o Centro de Pesquisas da Comunicação Social, mantido pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, então vinculada à Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Em 1994, atendendo a um convite do reitor da Unicamp, Professor Carlos Vogt, José Marques de Melo, ajudou a fundar o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo – Labjor – projeto decisivo para a existência deste Observatório da Imprensa. Como jornalista, José Marques de Melo ganhou um prêmio Esso Regional por uma reportagem publicada no Jornal do Commercio de Recife, em 1965, sobre a desativação de ramais ferroviários no Nordeste após o golpe de 64. Trabalhou também como repórter e colaborador em publicações de Alagoas, Pernambuco, São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

José Marques de Melo recebeu ao longo de sua trajetória diversas distinções, como o Prêmio Wayne Danielson de Ciências da Comunicação, da Universidade do Texas; a Medalha Rui Barbosa, do Ministério da Cultura; Professor Honoris da Universidade Católica de Santos; Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas; Professor Emérito da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. A Universidade Metodista de São Paulo deu seu nome ao Acervo do Pensamento Comunicacional Latino-Americano, inaugurado em 1999, e a Universidade Católica de Pernambuco o homenageou durante as comemorações dos 50 anos da instituição.

Entre seus principais livros estão: Comunicação Social: Teoria e Pesquisa, Estudos de Jornalismo Comparado, Sociologia da Imprensa Brasileira, A Opinião no Jornalismo Brasileiro, Comunicação e Modernidade, Fontes para o Estudo da Comunicação e Teoria da Comunicação: Paradigmas Latino-Americanos. José Marques de Melo publicou mais de uma centena de artigos em periódicos científicos, nacionais e estrangeiros, bem como em jornais e revistas de grande circulação no Brasil e América Latina.

Em 1977, idealizou e foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Exerceu a presidência da entidade em três mandatos. José Marques de Melo idealizou também a Rede Alfredo de Carvalho – que, depois, se tornaria a Alcar (Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia) – e inspirou intelectualmente redes nacionais e internacionais, como Lusocom e Folkcom.

O professor José Marques de Melo formou gerações de jornalistas e de pesquisadores acadêmicos, orientando uma centena de pós-graduandos, dos quais 72 mestres e 28 doutores. Em 2014, o projeto Memórias da USP fez uma entrevista com o professor onde ele relembra os fatos mais marcantes de sua trajetória.