Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Executivo da Globo
comenta a TV Pública


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 6 de abril de 2007


TV PÚBLICA
Rodrigo Morais


‘É bom que nova TV enfatize educação’


‘Principal executivo da instituição, o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto, tem experiência em teleducação desde 1977, quando o primeiro telecurso da TV Globo foi criado, em parceria com a Fundação Padre Anchieta. Em entrevista ao Estado, Barreto elogiou a preocupação expressa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o caráter educativo da futura TV pública do Executivo e colocou à disposição do governo o conteúdo produzido pela fundação.


Ele explicou por que programas educativos, tradicionalmente, são exibidos nas primeiras horas da manhã, o que recentemente foi objeto de críticas do presidente. Segundo a fundação, o Telecurso 2000, criado em 1995, beneficiou 5 milhões de alunos. Com 1,5 mil instituições parceiras, já foram capacitados 30 mil professores e distribuídos 24 milhões de livros e 1,8 milhão de fitas.


A proposta do presidente Lula de criação de uma TV pública ligada ao Executivo tem criado polêmica, com críticas inclusive dentro do governo. Qual a posição da Fundação Roberto Marinho sobre o tema?


Não nos cabe questionar um ato do presidente. O que eu poderia dizer, como militante da área de teleducação há 30 anos, é que considero muito interessante que o presidente dê essa conotação educativa, essa ênfase para a idéia de criação da TV pública. Acredito que não só eu fico feliz. A presidente da TVE e o presidente da TV Cultura devem estar felizes pelo fato de o presidente ter achado importante ampliar a oferta da educação pela televisão. Você pode achar que estou sendo irônico, mas não estou.


O presidente Lula fez uma crítica ao fato de as TVs privadas exibirem os programas educativos em horários que seriam pouco acessíveis à população. E disse que, a esse respeito, a TV pública poderia fazer coisas que as privadas não fazem. O senhor concorda com a crítica?


Em primeiro lugar, deve haver uma lógica que não é de TV comercial. As TVs públicas poderiam exibir os telecursos em qualquer horário, mas a própria TVE, a Cultura e a Rede Vida, uma emissora católica, sem fins comerciais, exibem praticamente nos mesmos horários que a Globo. Existe uma lógica. Quando foram criados os primeiros telecursos, em parceria com a Fundação Padre Anchieta, em 1977, uma pesquisa concluiu que nosso público-alvo são adultos com escolaridade incompleta que lutam para entrar no mercado de trabalho e saem de casa por volta das 7 horas da manhã, se não antes. Então, o horário adequado seria esse. Não estou rebatendo o presidente, apenas dando um esclarecimento técnico. A lógica do horário, em termos técnicos, foi indicada por um estudo. Ficou a tradição. É claro que pode mudar, mas hoje é assim. E devo lembrar que mais de 5 milhões de pessoas se formaram só no Telecurso 2000.


A futura TV do Poder Executivo poderá exibir conteúdos produzidos pela Fundação Roberto Marinho?


Nós já cedemos, gratuitamente, não só os telecursos, mas outros programas, como o Globo Ecologia, o Globo Educação e o Globo Ciência. Isso pode ajudar o governo a não gastar dinheiro desnecessariamente. Aliás, pode usar não apenas os nossos programas, mas também produções de outras emissoras, como a TVE, a TV Escola e a TV Cultura. O governo pode incorporar esses programas e, desde já, de nossa parte, eles estão disponíveis. Se você somar, a TV Globo exibe entre 8 e 10 horas semanais de programação educativa. Não quero que pareça que estou me justificando. Esse é um debate bom para o País: o que é uma TV pública? Para que serve uma TV pública? O Canal Futura, por exemplo, é uma TV pública totalmente mantida por instituições privadas, independente do governo, e assistida por mais de 14 milhões de brasileiros.


Especialistas afirmam que a TV digital deve alterar radicalmente o panorama da educação pela TV. Como a fundação está se preparando para a mudança?


O telecurso não é só aquilo que vai ao ar pela televisão aberta e fechada. Temos também telessalas, em que usamos DVDs, com um professor e grupos de 30 a 40 alunos. No Rio, o Viva Rio chegou a ter 500 salas de aula em favelas. O Sindicato dos Seringueiros de Xapuri tem uma telessala. São entre 15 mil e 20 mil salas no Brasil, com programas adotados por governos como o do Acre, o da Bahia e o do Ceará, que formou 400 mil alunos durante a gestão do senador Tasso Jereissati. Nessas salas, usamos também outros meios, desde livros até internet. Certamente a tecnologia vai provocar uma mudança de paradigma metodológico. Aliás, já está provocando e já estamos fazendo experiências, com ambientes virtuais associados ao material analógico, por exemplo.


Quem é: Hugo Barreto


É secretário-geral da Fundação Roberto Marinho e membro do Conselho Diretor da organização desde 2002. Também é presidente do Gife – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas.Graduou-se em Filosofia na Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio (PUC-RJ).’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Dicas de adversário


‘Meio em tom de piada, meio em tom de negócios, circula pelo SBT a tese de que os mexicanos querem mesmo é minar as forças da emissora para voltar a fazer nova proposta de sociedade a Silvio Santos. Faz sentido.


Um das mais recentes dicas da turma da Televisa ao patrão foi a substituição da novela A Feia mais Bela pela atual Destilando Amor, ambas produzidas no México. Resultado? O ibope despencou de 9 para 2 pontos. A baixa, naturalmente, contamina a novela que vem a seguir, Maria Esperança, única produzida pelo SBT, e se espalha pelo resto da faixa nobre.


Desde que a lei passou a permitir que empresas de comunicação nacional abram seu capital para sócios estrangeiros em até 30%, a Televisa já assediou o SBT em mais de uma ocasião. Senor Abravanel, no entanto, tanto aos mexicanos como aos brasileiros que já se alvoroçaram sobre seu império, alegou que a oferta era baixa.


Internamente, cresce a torcida para que Silvio se aposente e deixe o controle artístico para a filha Daniela Beyrute, que tem desempenhado bem esse papel, apesar de sofrer, como qualquer diretor da casa, intervenção do patrão em suas decisões.’


Beatriz Coelho Silva


Diretor almeja ibope eclético para o Sítio


‘Diretor da nova temporada do Sítio do Picapau-Amarelo, Carlos Magalhães, cujo primeiro trabalho foi editar o Sítio nos anos 70, diz que a idéia agora é pegar todo tipo de público. ‘Nos grupos de discussão (com telespectadores), soubemos que as crianças pequenas geralmente assistem ao programa com outras maiores, de 10 a 12 anos, mas quem escolhe o que elas vêem são os pais’, disse. Daí Magalhães buscar referencial em filmes como Shrek para apostar na audiência eclética. O infantil sofrerá uma pausa durante os Jogos Pan-Americanos.


Causos de Fernanda


A atriz Fernanda Torres bate um papo hoje com o apresentador Rodrigo Rodrigues, do Vitrine, na Cultura, às 21 h. Em cartaz com a peça A Casa dos Budas Ditosos, ela conta histórias de sua carreira e dá detalhes sobre a peça, sucesso de público e crítica em São Paulo.


Entre-linhas


A TV Cultura e o SESCTV anunciam na próxima terça o projeto que traz o diretor Antunes Filho de volta à TV, após 30 anos. O programa terá coordenação do próprio e envolve 16 diretores de teatro de São Paulo.


A Sky abrirá para toda a base de assinantes, a partir de hoje, o Canal Especial Roma, que vai exibir durante uma semana a 1.ª temporada completa da série Roma. Tudo em nome da estréia da 2.ª temporada, na semana seguinte. E a partir do dia 13, por três dias, os dez canais HBO (que compõem o pacote opcional de filmes HBO Max Digital) também estarão abertos a todos.’


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 6 de abril de 2007


GOVERNO LULA
Nelson Motta


Chapa-branca, tarja preta, luz vermelha


‘Lula sonha 24 horas por dia com uma TV pública que não pinte a realidade de cor-de-rosa ou a distorça, como fazem as TVs que estão no ar. A nova TV não pode ser assim. Pode ser bem pior.


Como seria essa TV dos sonhos de Lula? O que ele gostaria de ver que ainda não exista? A Tribuna Sindical? O Show dos Oprimidos? O BBB dos sem-terra? Que opções de informação e entretenimento faltam nas atuais TVs privadas e estatais que só ela poderá oferecer? O público é ingrato: entre as mínimas audiências da esforçada TV Cultura, as maiores são de desenhos animados, todos estrangeiros.


Como os melhores profissionais da televisão brasileira estão nas emissoras privadas, porque pagam melhor e dão melhores condições de trabalho, quem vai fazer a nova TV? Não bastam ideologia e boa vontade, além de verbas públicas, para fazer uma BBC.


É uma pena que a emissora ainda não esteja no ar para que se pudesse acompanhar uma cobertura isenta da crise aérea. Não ficaríamos à mercê das mentiras e do sensacionalismo das emissoras comerciais e da grande imprensa, ampliando a crise para prejudicar o governo Lula e os companheiros controladores de vôo.


Teríamos imagens alternativas às cenas dantescas dos aeroportos, veríamos os seis meses de esforços do governo, ouviríamos os comentários de Zé Dirceu. Waldir Pires poderia expor, em rede nacional, suas idéias geniais sobre os problemas da aviação civil e da defesa nacional. Mas quem veria?


Ver ou não ver, eis a questão-chave da televisão. Quando Lula diz que ‘não interessa se der meio ou zero de audiência’, é uma bravata que nos sai cara: se ninguém vê, é dinheiro público no lixo.


Mas, com a nova TV, virá a democratização da informação: todos poderão não vê-la.’


TELEVISÃO
Bruno Segadilha


Programa do GNT põe garotas para dançar


‘‘Reality shows’ têm, por natureza, um caráter meio patético: meia dúzia de participantes, querendo aparecer a qualquer custo, brigam por um prêmio, muitas vezes, bem inexpressivo. Sofrem, discutem, choram e expõem seus sentimentos profundos como um pires.


Esse é o caso de ‘Dirty Dancing’, programa exibido pelo canal pago GNT e apresentado pelo coreógrafo Cris Judd, ex-marido da cantora Jennifez Lopez. Na atração, 30 mulheres participam de uma colônia de férias e competem entre si para serem escolhidas por dançarinos profissionais. Durante sete semanas, elas devem mostrar suas habilidades de expressão com a dança, simpatia e personalidade.


No desespero para conseguir uma vaga nas próximas etapas, as candidatas a coisa nenhuma disputam a atenção dos jurados como filhotes desesperados por um dono num pet shop.


Chega a ser constrangedor ver dançarinos de ar meio cafajeste babando pelas moças que quicam e rodopiam na frente deles nas provas de dança.


O prêmio? A vencedora ganha um contrato profissional e uma viagem para assistir à pré-estréia, em Londres, do musical ‘Dirty Dancing’, baseado em ‘Dirty Dancing – Ritmo Quente’, filme de 1987 com o ex-galã Patrick Swayze. Se ainda fosse por R$ 1 milhão…


DIRTY DANCING


Quando: sextas, às 22h30


Onde: GNT’


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