Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Fãs das verdinhas

Para os fãs de música, abril de 2012 se tornará um mês histórico: o Brasil jamais teve tantas atrações internacionais confirmadas para tocar aqui. Além de lendas como Bob Dylan e Paul McCartney, a agenda do mês traz grandes festivais – estes, os responsáveis pelo elevado número de cantores e bandas de outros países a se apresentarem em solo brasileiro.

Entre os festivais programados para o mês, estava o Metal Open Air, que traria músicos da cena heavy metal a São Luiz do Maranhão nos dias 20, 21 e 22. A proposta do festival era não apenas agradar aos fãs do rock pesado, mas também levar shows internacionais a públicos que se encontram fora do habitual eixo Rio-São Paulo, que geralmente monopoliza este tipo de evento. O MOA, no entanto, não aconteceu – pelo menos, não como era esperado. Das 47 atrações musicais confirmadas pela organização do festival, 30 cancelaram sua participação devido à falta de pagamento do cachê. Há ainda de ser mencionada a total falta de estrutura com a qual o público deparou: o local reservado para o acampamento era um estábulo.

Os fatos devem ser encarados: o Brasil recebe cada vez mais shows internacionais e a razão para isso é a crise financeira que atinge os EUA e a Europa. O brasileiro, ultimamente, tem consumido muito e de tudo. Os ingressos caríssimos de eventos internacionais não escapam dessa tendência. Sendo assim, o crescimento do número de músicos estrangeiros que tocam no Brasil não se trata de apreço pelos fãs brasileiros. Os produtores de shows e os músicos estão interessados no dinheiro aparentemente abundante de parcela da população brasileira. É o que o fiasco do MOA prova: não há respeito pela música e nem por quem gosta dela.

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[Natália Sobral é historiadora, Osasco, SP]