Thursday, 16 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

Reconhecimento de fora para dentro

Em Nova York, EUA, no 1st Brazilian Corporate Communication Day, realizado na quarta-feira (7/4) pela Aberje, Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, em parceria com a Syracuse University, para representantes da imprensa, comunicadores de grandes empresas e agências, acionistas, acadêmicos e autoridades norte-americanas, a comunicação que trabalha na construção de marca, na sustentabilidade e no comportamento institucional de empresas globais brasileiras marcou presença.

Neste centro financeiro e político mundial, Petrobras e Natura mostraram como respondem aos desafios econômicos, sociais e ambientais do presente e os que virão no futuro, para toda a sociedade, no âmbito global. O mundo quer saber como a Petrobras prospecta petróleo no pré-sal e como a Natura se relaciona com a biodiversidade amazônica e de que maneira essas empresas mudam o cotidiano das pessoas na floresta e nas cidades e quais os impactos de suas ações nesses ecossistemas.

Izeusse Dias Braga Jr, da Comunicação Internacional da Petrobras, apresentou o megainvestimento da empresa, entre 2009 e 2013, de US$ 174,4 bilhões nas áreas de exploração, refino, distribuição, biocombustíveis, entre outras, que a coloca no clube em que estão Apple, Wall Mart, Exxon, Microsoft e Procter & Gamble, entre as cinco maiores organizações das Américas. E ao apresentar os investimentos em responsabilidade social, cidadania e cultura, sem exagero, os norte-americanos presentes arregalaram os olhos: nesses campos, não há nenhum paralelo empresarial nos EUA.

A retórica frustrante do ‘país do futuro’

Rodolfo Guttilla, da Natura, trouxe um repertório de palavras amazônicas, que lembrou os avatares da antropologia para os gringos. Mostrou a complexidade do desafio de trabalhar no interior da floresta, estabelecer um relacionamento comercial e técnico com 21 comunidades, respeitar seus direitos sobre o conhecimento tradicional ligados à biodiversidade de insumos como a castanha, o açaí e a priprioca, matérias-primas transformadas em cosméticos de primeira linha para a pele de milhões de consumidores no mundo, com reflexo no cofre dos investidores.

Bret Walrath, vice-presidente da Edelman, a maior agência independente de relações públicas do mundo, depois de participar atentamente do encontro de comunicação brasileira em Nova York, comentou que ‘o Brasil é um país sério, formado por empresas e pessoas sérias’. Para quem se lembra da frase atribuída a Charles De Gaulle, sobre a nossa visceral não-seriedade, é uma nova percepção, que deixa definitivamente para trás a frustrante retórica de sermos o ‘país do futuro’. Ainda bem, porque nada é melhor do que ouvir, dos outros, que vivemos no país do presente.

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Jornalista, professor da ECA-USP e diretor executivo da Aberje