Saturday, 14 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

O fim do mundo está próximo?

(Foto: Free Creative Stuff por Pixabay)

Desta vez não são apenas os religiosos profetas das desgraças com suas previsões sempre falsas e erradas desde o apóstolo João na ilha de Patmos com seu Apocalipse, aos norteamericanos Russel e Rutherford com suas datas do fim do mundo variando a cada guerra maior e, para resumir, aos fake-news de setores evangélicos assustando seus seguidores com a próxima Batalha do Armagedon.

Desta vez são os cientistas da Universidade de Chicago, criadores em 1947 do Relógio do Fim do Mundo, numa época considerada bastante instável, pois já existia a bomba atômica, responsável pela destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Era o começo da guerra fria com o temor de russos e americanos destruírem o mundo com o emprego das armas atômicas numa terceira guerra mundial.

Houve novas guerras principalmente na Ásia, como a do Vietnã, nas quais russos e americanos se enfrentavam indiretamente, porém não se utilizou a destruição atômica. Porém, mesmo que utilizassem, o estrago seria enorme nos países atingidos, mas teria proporções limitadas. Nessa época, não se poderia falar em destruição de toda humanidade vivendo no planeta.

Passaram-se mais de 70 anos, e embora o relógio seja atualizado anualmente, o sinal de alarme não parecia próximo a soar. O relógio é simbólico e tem como hora fatal a meia-noite. A cada ano, os cientistas da Universidade de Chicago abastecem o relógio com as informações consideradas capazes de influir no futuro do planeta. Nesta terça-feira , 23 de janeiro, feita a atualização anual, o ponteiro de minutos repetiu a situação do ano passado, mostrando estar a apenas 90 segundos da meia-noite, havendo portanto, de acordo com os cientistas um momento de perigo sem precedentes.

Estamos “mais perto de uma catástrofe global do que nunca”, disse a presidente do “Boletim de Cientistas Atômicos”, Rachel Bronson.

Por que essa visão alarmista de uma catástrofe global? Rachel Bronson explicou seus temores “A guerra na Ucrânia representa a ameaça constante de uma escalada nuclear, e o ataque de 7 de Outubro e a guerra em Gaza são mais um exemplo dos horrores da guerra moderna, mesmo sem a escalada nuclear”, lamentou Bronson. “Os países que possuem armas nucleares estão aplicando programas de modernização que poderão levar a uma nova corrida às armas nucleares.”

Mas não é só! As anunciadas mudanças climáticas já estão se manifestando no planeta com inundações, deslizamentos, temporais, incêndios provocados pelo aumento da temperatura jamais registrados na superfície do globo.

Esse aquecimento da temperatura vem acelerando o derretimento das geleiras nas montanhas e nos pólos com o consequente aumento do volume das águas nos mares e oceanos. Países, cidades e suas belas praias costeiras já estão ameaçados de desaparecem inundados.

A consequência com a diminuição de áreas habitáveis e produtivas será a migração em massa com a criação de conflitos com os países menos afetados. Essa perspectiva não tem sensibilizado as grandes indústrias e nem os países produtores de petróleo, numa espécie de insistência numa autodestruição. O risco é de o mundo ser destruído por um aquecimento global autoinfligido.

Para muitos observadores, a outra ameaça grave poderá ser a reeleição do ex-presidente Donald Trump. Com uma personalidade instável, irascível e egocêntrica, Trump terá o poder de decidir a utilização de armas atômicas, provocando respostas capazes de incendiar o planeta.

O outro perigo vem do Oriente Médio com países como o Irã, governados por teocracias religiosas, e organizações islamitas como o Hamas, com objetivos de expansão e domínio mundial. A centelha capaz de incendiar o mundo poderá ocorrer nessa região. Outros fatores preocupantes são o retorno da extrema-direita na Europa, seu enxerto com grupos evangélicos nos EUA e Brasil, o surgimento de uma islamização da esquerda entre intelectuais e o retorno do antissemitismo.

*** 

Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.