Wednesday, 09 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Imprensa fez que não viu

A primeira guerra do século 21, iniciada em 7 de outubro de 2001 com a invasão do Afeganistão, ainda está em curso, nove anos depois. A segunda guerra do novo século, contra o Iraque do tirano Saddam Hussein, foi formalmente encerrada na terça-feira (31/8), quando o presidente Barack Obama cumpriu a promessa eleitoral e declarou encerradas as missões de combate no país.


Nenhum dos jornalões brasileiros destacou a data nas capas e os registros nas páginas internas foram irrisórios. Sete anos e meio de uma guerra total (20/3/2003 a 31/08/2010), meio milhão de mortos civis, o país destroçado por uma guerra religiosa infindável, o caos político implantado e ao cidadão brasileiro não se oferece a oportunidade de perceber a importância do que ocorre à sua volta.


O fato de que permanecem no Iraque 50 mil militares ianques para garantir a segurança do país não é justificativa para o desleixo do noticiário.


Quando a Segunda Guerra Mundial acabou na Europa (8 de maio de 1945), um contingente muito maior de soldados americanos, ingleses e russos permaneceu na Alemanha para garantir o fim das hostilidades.


Barril de pólvora


Ainda que as conseqüências da aventura militar iniciada pelo presidente George W. Bush se prolonguem por uma ou duas décadas, o anúncio feito por Obama seria uma excelente oportunidade para que a mídia reexaminasse a sua vexatória participação no engodo mundial que culminou com a catastrófica invasão do Iraque.


Saddam Hussein blefou durante quatro anos a respeito da posse de armas de destruição massiva, Bush, sua claque e o boboca Tony Blair se deixaram enganar e logo depois constatou-se que no Iraque não havia qualquer traço de armas atômicas, nucleares ou biológicas.


O fiasco político-midiático não deveria ser lembrado na terça-feira (31) quando Obama declarou que encerrava o engajamento americano nos combates?


A invasão do Iraque exacerbou definitivamente o confronto entre xiitas e sunitas, tornou todo o mundo islâmico um grande barril de pólvora, e aqueles que deveriam fazer cobranças distraíam-se com irrelevâncias.


O mundo vai mal porque a imprensa já não sabe o que importa nem consegue apontar o que é transcendente.