Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Satiagraha, a novela longe do fim

No noticiário nacional de quinta-feira (6/11), destaque amplo para a operação da Polícia Federal contra a Polícia Federal: por ordem do juiz Ali Mazloum, de São Paulo, agentes federais vasculharam imóveis habitados pelo delegado federal Protógenes Queiroz e outros policiais que atuaram na investigação que levou o banqueiro Daniel Dantas a um breve período na prisão.


O objetivo declarado da operação seria investigar possíveis abusos na chamada Operação Satiagraha. Segundo os jornais, citando o delegado Protógenes Queiroz, trata-se de uma trama para beneficiar o banqueiro Dantas.


A história tem elementos suficientes para uma boa novela de intrigas.


Desde a rumorosa prisão do controlador do Banco Opportunity, que foi duas vezes libertado pela ação direta do presidente do Supremo Tribunal Federal, a imprensa discute mais o vazamento de informações da investigação do que os supostos crimes dos quais o banqueiro é acusado.


O afastamento do delegado responsável pelo caso, ocorrido em meio a pressões de renomadas figuras da República, até hoje não foi esclarecido porque o comando da Polícia Federal se nega a divulgar o inteiro teor da reunião na qual a decisão foi tomada.


Sem prazo


O delegado Protógenes Queiroz afirma explicitamente aos jornais que a operação de busca é mais uma manobra para desviar a atenção da imprensa e da opinião pública do processo contra Daniel Dantas.


A Folha de S.Paulo lembra que o juiz que autorizou a busca no apartamento do delegado em Brasília, e no hotel onde ele se hospeda em São Paulo, é o mesmo que já foi acusado de vender sentenças judiciais e que chegou a ser afastado em 2003.


O jornal paulista também registra que a ação contra o juiz Ali Mazloum foi extinta depois que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, concedeu liminar evitando que ele fosse interrogado.


A novela não tem prazo para acabar, mas a imprensa sabe muito mais do que aquilo que está nos jornais de quinta-feira (6).