Friday, 11 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Certificação ganha importância nos jornais

A obtenção de certificações nem sempre ocupa a lista de prioridades das empresas jornalísticas. No entanto, é um assunto que ganha importância cada vez maior: quando bem utilizadas, podem trazer ganhos importantes, como redução imediata de riscos e de custos desnecessários. A busca por excelência passa por identificar, buscar e implementar as melhores práticas de mercado. E muitas delas estão disponíveis e podem ser implementadas por meio de certificações como ISO 14000, FSC, IFRA, Selos Ambientais e muitas outras. Na opinião do diretor do Comitê de Tecnologia da ANJ, Rodrigo Schoenacher, as certificações devem deixar de ser vistas como coisas burocráticas, que só têm função quando são exigidas por clientes ou pelo mercado.

Segundo ele, as certificações mais importantes dependem de cada tipo de indústria e da estratégia da empresa. As que evidenciam uma boa gestão de processos, como a ISO 9000, ou aquelas que indicam melhores práticas ambientais, como a FSC e ISSO 14001, são as mais comuns. No caso específico de jornais, as mais buscadas são a FSC, que certifica a cadeia de custódia do papel, e a IFRA, que certifica a qualidade de impressão.

“Para determinar quais as certificações que devem ser adotadas em primeiro lugar, as empresas precisam avaliar seu estágio evolutivo em cada um desses aspectos e identificar qual delas tem maior aderência à sua estratégia naquele momento”, explica. Dentre as principais vantagens, destaca-se o fato de que essa ferramenta permite que a empresa conheça profundamente o processo de trabalho que está sendo certificado. E esse se torna um conhecimento corporativo, não mais de uma pessoa ou de um pequeno grupo. “No momento em que se explicita esse conhecimento, é possível passar a discutir melhorias para o processo de forma estruturada, com envolvimento de diversas disciplinas existentes nas empresas. O próprio mapeamento do processo de trabalho já permite identificar oportunidades de melhoria e pode trazer benefícios financeiros imediatos. Um artigo da consultoria britânica BSI mostra que é possível economizar até 16 vezes o valor investido em uma certificação de qualidade”, assegura Schoenacher.

Nem sempre é fácil perceber os ganhos trazidos pela adoção da certificação. Por isso, Schoenacher alerta que a ANJ está trabalhando para construir um sistema de certificações voltado exclusivamente para o mercado de jornais impressos brasileiros e que atenda os seus diversos estágios de desenvolvimento. A ideia é que esse sistema desmistifique o tema da certificação, tornando-o mais acessível a todos os interessados.

Garantias ambientais

Certificações relativas ao meio ambiente e sustentabilidade são importantes porque há mitos sobre o papel jornal. “As pessoas acham que florestas são derrubadas, quando na verdade utilizam-se apenas sobras da madeira cortada. Ainda assim, as empresas que trabalham com esse tipo de extração são pesadamente legisladas e fiscalizadas para garantir a sustentabilidade daquele ecossistema onde elas operam. A certificação existe para isso. A Infoglobo está se encaminhando para obter essa certificação até 2014”, assegura Schoenacher.

O Estado de S.Paulo obteve essa certificação. Para certificar que o papel usado na impressão do Estadão é ecologicamente correto, o veículo conta com o selo FSC® (Forest Stewardishp Council® ou Conselho de Manejo Florestal). A iniciativa faz parte dos projetos e da preocupação do Grupo Estado com a sustentabilidade e representa uma garantia de que o leitor está levando para casa um jornal que contribui para a proteção das florestas e o bem-estar do trabalhador florestal e industrial.

O Diretor de Operações dos Jornais do Grupo RBS, Péricles Cenço, observa que as certificações sérias são importantes para qualquer empresa porque trazem padrões testados e aprovados, de qualidade, de controle, e de processo, entre outras práticas. “São necessários empenho e disciplina para obter e sustentar uma certificação”. Ele informa que vários jornais da RBS já possuem certificações.

Porte da empresa não é impeditivo

O porte da empresa não é fator impeditivo para a certificação. “Conheço empresas que faturam menos de R$ 10 milhões ao ano e as têm. Essa talvez seja a forma mais garantida de as empresas de menor porte tornarem seus processos mais eficientes e buscarem melhorias em seus produtos e seus serviços”, diz Schoenacher. Neste caso, é possível buscar certificações apenas para alguns processos da empresa.

“Não faz sentido tentar certificar tudo o que você faz. Identifique quais processos de trabalho têm maior oportunidade e atue prioritariamente sobre eles. Controle de matéria-prima, segurança do trabalho e atendimento ao cliente são algumas oportunidades”, orienta.

Segundo Schoenacher, a Infoglobo, em parceria com a empresa Wärtsilä, certificou seu processo de cogeração (geração de energia e ar frio) do Parque Gráfico de Duque de Caxias. É uma espécie de termelétrica a gás natural, certificada do ponto de vista ambiental (ISO 14001),de processo (ISO 9001) e de trabalho seguro (OHSAS 18001).”Isso garante ao mercado que a nossa operação segue à risca as melhores práticas nessas áreas. No caso da cogeração, por exemplo, é importante saber que estamos dentro dos padrões de emissões de resíduos. Como esse sistema de cogeração é operado por uma empresa parceira, é importante garantir que ela está alinhada com nossos valores e que considera esse tipo de iniciativa importante também para o seu negócio”, explica. A Infoglobo pretende obter, em curto prazo, pelo menos mais duas certificações.