Monday, 14 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Fim da concessão da
RCTV gera protestos

Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 28 de maio de 2007


VENEZUELA
Ruth Costas


Protestos, ameaças e tiros marcam último dia no ar da RCTV


‘Tensão e conflitos marcaram o último dia das transmissões da Rádio Caracas de Televisão (RCTV), a emissora de maior audiência da Venezuela e a única de oposição ao governo a alcançar todo o território nacional. Uma manifestação em apoio à TV na frente da Conatel, o órgão responsável pela administração do sistema de radiodifusão do país, em Caracas, foi dispersada pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo, jatos d’água e balas de borracha porque, segundo a versão oficial, tiros teriam sido disparados por manifestantes.


O conflito se espalhou para vários pontos da cidade, onde podiam ser ouvidos disparos. Até o final da noite, o saldo era de pelo menos 11 policiais e um manifestante feridos por escoriações. Mas, segundo fontes oficiais, haveria pessoas atingidas por armas de fogo. ‘Eles queriam que daqui saíssem mortos para jogar a culpa no governo’, disse o diretor da Polícia Metropolitana, general Juan Francisco Romero. Já o procurador-geral da República, Isaías Rodríguez, disse que o episódio ‘foi parte de um plano violento preparado por setores que queriam derrubar o presidente’.


Enquanto os conflitos ocorriam em Las Mercedes, um bairro de classe média, simpatizantes do governo se reuniam no centro da cidade para comemorar a substituição da RCTV por uma rede pública financiada pelo Estado – a Televisão Venezuelana Social (TVES). Foram montados seis palcos com música ao vivo e telões para o público assistir ao início das transmissões, prevista para 0h15 de hoje, e muita propaganda pedindo filiação ao governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).


‘Já tomamos todas as medidas para evitar uma tentativa de sabotar a transmissão da TVES’, disse o ministro das Comunicações, Willian Lara, que fez uma ameaça: os veículos que tratarem o caso da RCTV como ‘fechamento de um canal’ e não como ‘fim de uma concessão’ serão processados. Desde sexta-feira, quando o Tribunal Supremo de Justiça ordenou que a infra-estrutura da RCTV fosse colocada à disposição da Conatel para garantir a transmissão da TVES, as antenas da emissora estão cercadas pela Guarda Nacional.


A RCTV ficou no ar 53 anos, mas o governo venezuelano se negou a renovar sua concessão alegando que seus diretores são ‘golpistas’ e a emissora não teria cumprido seus compromissos fiscais. O diretor-geral da RCTV, Marcel Granier, disse à tarde haver pressões do governo para que as redes de televisão a cabo não aceitem transmitir a programação da emissora.


PROTESTO DA SIP


A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), entidade que agrupa os meios de comunicação privados do continente, qualificou ontem a decisão de tirar a RCTV do ar como um ‘castigo’ e se mostrou preocupada pelo que considerou um ‘atropelo’ da liberdade de expressão na Venezuela. ‘É evidente que se está limitando o acesso à informação com o fechamento da RCTV. Só regimes autoritários tomam medidas como essa’, disse Gonzalo Marroquín, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP. O Ministério das Comunicações remitiu nota considerando ‘muito grave que convidados emitam opiniões sobre a política interna do país’.


A RCTV preparou ontem uma programação especial de 18 horas, chamada ‘Um Amigo é Para Sempre’. Numa emocionada despedida, atores e apresentadores lembraram as cinco décadas de história da emissora. À tarde, a emissora transmitiu cenas de suas duas principais novelas – Camaleona e Mi Prima Ciela – cujos finais não serão exibidos, a menos que a televisão resolva transmitir por cabo.


Já o governo divulgou a grade com a programação da TVES. A nova emissora, que terá cinco dos sete membros de sua direção indicados pelo Executivo, passará filmes, programas de turismo, séries, aulas de ginástica, infantis e uma novela de época, Pai Coragem, produzida na Argentina. O ministro das Comunicações explicou que todos os programas serão comprados de produtores independentes para ‘garantir a autonomia dos conteúdos’. Cerca de 7 das 24 horas de programação virão de outros países.’


José Maria Mayrink


Arcebispo compara Chávez a ditadores


‘O arcebispo de Mérida, d. Baltazar Cardozo, disse que o fechamento do canal RCTV, ‘por razões fundamentalmente políticas’, significa mais uma grave redução dos direitos do cidadão na Venezuela. Esta e outras atitudes, para d. Cardozo, vêm aproximando o governo Hugo Chávez das posturas de ditadores como Hitler e Mussolini. As declarações foram feitas em entrevista ao Estado em Aparecida, onde participa da 5.ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.


Como presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, cargo que deixou em janeiro, o arcebispo de Mérida, que também preside o Departamento de Comunicação do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), foi o membro do episcopado, entre 42 bispos, que mais enfrentou o presidente Hugo Chávez nos últimos oito anos. ‘O sectarismo deste governo fecha, cada dia mais, o espaço para aqueles que não estejam totalmente alinhados com ele’, disse d. Cardozo. ‘E está gerando uma situação tensa, de violência desconhecida no país, com mais de 200 mortos por semana’, afirma.


A falta de diálogo e o personalismo de Chávez, segundo d. Cardozo, não poupam nenhum segmento da sociedade. ‘Houve ataques à Igreja, aos bispos em primeiro lugar e agora também ao papa (Chávez acusou Bento XVI de ignorar o ‘holocausto dos indígenas na América Latina’), o que configura um clima desconhecido totalmente no país’, afirmou.


D. Cardozo lembra que os bispos, nos oito anos do governo de Chávez, lançaram quase 50 documentos em defesa dos direitos individuais, sempre advertindo que uma democracia sem pluralismo gera autoritarismo. ‘Hoje, qualifica-se como delito o que em qualquer sociedade é um direito de discordar, de opinar, de se expressar de maneira diferente do governo.’


REPRESÁLIAS


Esse processo, segue o arcebispo, atinge o campo da educação e dos meios de comunicação, nos quais é forte a presença governamental. ‘Há uma série de regulamentações, de normas feitas aparentemente para favorecer os cidadãos, as crianças e os adolescentes. Mas isso é uma faca de dois gumes’, adverte.


Em represália às críticas da Igreja, disse d. Cardozo, vem ocorrendo uma ameaça permanente aos bispos, a sacerdotes e à própria instituição. Segundo o arcebispo de Mérida, essas ameças vêm tanto do governo como também de uma série de órgãos que não são oficialmente do poder central, como os meios de comunicação que seguem a cartilha chavista. ‘Eles falam em supostos escândalos e colocam os bispos entre aqueles que estariam conspirando contra o governo, o que é totalmente falso.’ D. Cardozo vai além: ‘Este sistema revolucionário bolivariano venezuelano, uma mescla de elementos marxistas, militaristas e populistas, em muitas coisas está próximo de governos como o de Fidel Castro e de posturas adotadas por Hitler e Mussolini na Europa.’’


JORNALISMO & INTERNET
Renato Cruz


Forbes vê futuro promissor para imprensa na internet


‘Steve Forbes, presidente e redator-chefe da revista Forbes, acredita que o aumento da demanda por informação na rede mundial é uma oportunidade para os veículos impressos. ‘Os jornais precisam abraçar a internet, no lugar de temer a canibalização’, disse o executivo, em entrevista por telefone ao Estado. ‘O apetite por informação é crescente e as pessoas irão identificar as fontes boas de informação pelas marcas. Os jornais podem ter uma performance muito boa na internet.’


Amanhã, Forbes dará palestra em São Paulo, no evento ‘Gestão do Futuro’. Ele planeja falar sobre as economias global, brasileira e americana. ‘O Brasil tem uma economia vibrante, com performance respeitável nos últimos anos’, disse o executivo, que tem algumas sugestões. ‘O País poderia fazer algumas mudanças na política monetária para que as taxas de juros possam ser ainda mais baixas do que são hoje. Também seria importante implementar mudanças no sistema tributário brasileiro, que poderia ser mais simples, com cortes de impostos para incentivar a economia.’


Para Forbes, o Brasil deveria adotar sistema simplificado de imposto de renda, ‘como fizeram países do centro e do Leste Europeu, incluindo a Rússia’. Ele destacou a importância de o governo facilitar a abertura de empresas no País. Hoje é difícil, afirmou.


‘Por aqui existe muita gente preocupada com a valorização do real frente ao dólar.’ Forbes destacou que a desvalorização do dólar não é fenômeno restrito ao Brasil e criticou a política do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. ‘Meu pensamento sempre foi de que a moeda deveria ser estável’, disse. ‘Foi um erro dos EUA desvalorizarem o dólar. O Fed criou muitos dólares, o que levou ao excesso de liquidez no mundo e criou distorções, como no nosso mercado imobiliário. Isso significa que as taxas de juros americanas devem subir nos próximos 12 meses.’


Em 1996 e 2000, Forbes foi candidato a presidente nas primárias do Partido Republicano. Desta vez, decidiu apoiar Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York, de quem é conselheiro político sênior. ‘Achei que desta vez teria um papel mais efetivo trabalhando com outros candidatos’, explicou o executivo. ‘O senhor Giuliani tem a experiência administrativa, é um republicano que trabalha bem com os democratas e também demonstrou, depois do 11 de setembro, que é um excelente gerente de crises. Então acho que ele é o melhor candidato.’


Forbes defendeu o corte das tarifas americanas sobre o etanol de cana-de-açúcar, que prejudicam as exportações brasileiras. ‘Nos Estados Unidos há preocupação crescente com o etanol de milho’, afirmou. ‘Acho que, nos próximos dois anos, deve haver mudanças.’


O executivo criticou o presidente venezuelano, Hugo Chávez. ‘A Venezuela, a Bolívia e talvez o Equador tentam reviver um passado desacreditado’, explicou Forbes. ‘O socialismo não funciona. A única coisa que mantém a Venezuela viva são os altos preços do petróleo e a história mostra que os preços altos não duram para sempre. O resto da economia venezuelana está se deteriorando. Chávez está destruindo seu país, mas é muito bom como demagogo.’’


O Estado de S. Paulo


OESP lança o site de buscas Ilocal


‘A OESP Mídia lançou o site de buscas ILocal. O site possui inúmeras funcionalidades de busca para facilitar a localização, refinamento e filtragem das consultas. Também traz uma inovação exclusiva na internet brasileira: na pesquisa convencional de empresas, os resultados apresentados referem-se exclusivamente a sites empresariais. Os usuários terão ainda acesso gratuito a mapas e rotas de localização de endereços de 800 cidades do País.’


TELEVISÃO
Bruna Fioreti


Gonzo cobiça vaga


‘Cotado entre os cinco melhores projetos para TV a serem exibidos no 8º Fórum Brasil – Mercado Internacional de Televisão, a série Gonzo, da Maria Bonita Filmes, vem com a promessa de fazer jornalismo de um jeito mais divertido, em primeira pessoa.


Na série, as jornalistas e amigas Mily Lacombe, Nina Lemos e Clarah Averbuck falam sobre temas de comportamento, numa mistura de humor escrachado e britânico. ‘Fizemos o programa sem referência externa, só pela nossa loucura, e as pessoas se identificam’, diz Milly.


Ela classifica Gonzo como o avesso do reality show. ‘São expostas situações reais e até ridículas, porque a vida é assim, todo mundo paga mico’, fala. ‘E a gente acredita no jornalismo feito com o repórter junto ao fato.’


Por enquanto, a proposta não foi comprada por nenhum canal, será apenas apresentada. Gonzo disputa a categoria série de TV com Os Buchas – A Série, Festival do Minuto na TV, República e Fui.


O Fórum ocorre de amanhã a quinta, em São Paulo. Disputam ainda documentários e animações. As melhores apresentações em cada categoria recebem o prêmio do Fórum Brasil 2007.


entre-linhas


A quem vir Heloísa Vilela, ainda nos Estados Unidos, hoje, via TV, um aviso: você estará sintonizando a Record, não a Globo. A ex-correspondente do plim-plim em terras de Tio Sam estréia no canal de Edir Macedo, diretamente de Washington.


O canal 10, da Austrália, vem omitindo de Emma Cornell, uma das participantes do Big Brother lá iniciado há um mês, que seu pai morreu em 16 de maio passado. Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, os produtores assim decidiram porque o pai, Raymond Cornel, de 53 anos, já estava doente (câncer) quando ela decidiu participar do reality. E a própria família estaria apoiando a omissão.


No Brasil, a participante Cida, aeromoça do BBB2, foi avisada da morte de sua irmã, mas resolveu ficar na casa. Antes de saber, ela teria ouvido a voz da irmã chamá-la.


A Nickelodeon fará ações em escolas particulares de São Paulo, Rio e Belo Horizonte para divulgar o novo programa nacional Nickers, que estréia no dia 4, às 18h30. O canal levará os quadros da atração às escolas e também a acampamentos de férias.


A TV Rá-Tim-Bum, a exemplo de outros canais pagos, estréia no dia 1.º a série Bebê Mais, com programação para crianças de até 3 anos.


Narradora da história, Sônia Braga encerrou sua participação nas gravações de Donas de Casa Desesperadas, da RedeTV!. Ela volta para NY amanhã.’


INTERNET
Bruno Sayeg Garattoni


Para o Google, saber de tudo ainda é pouco


‘Praticamente todo mundo já entrou no Google, pelo menos uma vez, para fazer uma busca: um site, uma foto, uma notícia, um vídeo, um telefone, um produto, um mapa… Quando precisa encontrar qualquer coisa – de um singelo blog a uma pomposa tese científica – na internet, a maioria das pessoas pensa no Google.


Ele é o oráculo do século 21: o maior banco de dados da história, com mais de 8 bilhões de documentos. Isso sem falar na infinidade de serviços online, do correio eletrônico Gmail ao portal de vídeos YouTube, controlados pelo Google. Quase todas as semanas, ele amplia seu poder.


Mas seu último lançamento, que se chama Google Universal Search e está entrando no ar, promete ser o maior de todos. Se der certo, ele vai mudar o jeito de fazer pesquisas na internet. Hoje, o Google oferece um serviço diferente para cada tipo de busca – procurar sites, notícias, vídeos, etc. Como são 19 opções, é quase impossível obter um resultado completo.


Com a busca universal, isso vai acabar. Você fará a pesquisa apenas uma vez. E o Google mostrará todos os resultados pertinentes, de recadinhos (scraps) do Orkut aos últimos números do mercado financeiro, de e-mails que tenham a ver com o assunto a documentos gravados no seu computador. E vídeos, mapas, fotos, etc.


Todos os tipos de informação em uma só página, numa só lista; com a relevância de cada coisa determinada pelo Google.


Parece elementar, e é mesmo. ‘Eu tive a idéia em 2001. Pensei numa página de resultados sobre (a cantora) Britney Spears que juntasse sites, imagens, notícias e grupos de discussão relacionados a ela’, conta a vice-presidente de busca do Google, Marissa Mayer.


Mas, até a semana passada, ninguém tinha conseguido criar um buscador capaz de lidar com tantos dados, tudo de uma só vez e em tempo real. Já existem buscadores que mostram de tudo – mas de forma isolada, ou seja, sem misturar os diversos tipos de dados.


Fazer essa mescla, determinando a relevância de cada coisa, é um desafio enorme.


‘O Google recebe centenas de milhões de buscas por dia. Já é difícil atendê-las. Direcionar essas buscas também a imagens, notícias, vídeos e informações locais (como mapas) exigiria muito poder de processamento’, diz Mayer.


‘Precisaríamos ter dez vezes mais computadores’, calcula o vice-presidente de engenharia do Google, Udi Manber.


Então o Google, como seu arquiinimigo Yahoo, foi se fragmentando nos últimos anos. ‘Vários tipos de informação foram ficando online: imagens, notícias, livros, vídeos. E nós fomos criando uma série de pequenas ferramentas de busca para pesquisar nessas mídias’, conta Mayer.


Dá-lhe Google Video, Google News, Google Maps, Google isso e aquilo… Uma bagunça. ‘No fim, tínhamos tantas opções que as pessoas quase precisavam de uma ferramenta de busca para escolher sua ferramenta de busca’, diz Mayer.


O Universal Search, que já está no ar, nasceu para acabar com isso. Nesta edição, veja o que ele traz de novo, aprenda a usá-lo e confira também o que os rivais Yahoo e Microsoft estão fazendo para revidar à ofensiva ‘universal’, sem precedentes, do Google.’


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Mudança é a maior da história do Google


‘O Google, que começou como uma pequena ferramenta de busca, foi literalmente engolindo a internet: hoje, controla quase todos os principais serviços online, de e-mail a comunidades virtuais. Mas como isso aconteceu? E, mais importante: para onde vai o Google?


Dois motivos explicam o sucesso do Google. Primeiro, ele mostrava resultados mais relevantes do que os outros buscadores. Isso porque adotou um critério novo para montar seus resultados. No Google, a importância de um site é determinada pela quantidade de links que apontam para ele. Quanto mais vezes uma determinada página é citada por outras, mais importante ela tende a ser.


Essa conta é feita por softwares altamente complexos (mantidos em segredo pelo Google), mas o princípio é simples. O outro motivo para o sucesso do buscador, surgido em 1997, é justamente esse: a simplicidade.


‘As ferramentas de busca da época incorporavam cada vez mais conteúdo e se transformavam em portais. Nós priorizamos a rapidez’, conta Craig Silverstein, que foi o primeiro funcionário do Google.


A diferença é brutal. No site Internet Archive, uma espécie de máquina do tempo da web, é possível ver as páginas do Google e do seu grande rival na época, o Altavista. Em 2000, no auge da chamada ‘bolha da internet’, o Google era mais ou menos como hoje – um campo de busca no meio, pouca coisa em volta. Já o Altavista era um verdadeiro labirinto, com dezenas de links.


‘Você entra numa página branca e limpa, digita o que quer e recebe o resultado. A busca tem de ser simples’, diz a vice-presidente Marissa Mayer. Mas será que a busca universal, lançada na semana passada, não vai bagunçar essa simplicidade?


Afinal, o novo sistema de busca (veja página ao lado) exibe muitos tipos de informação. A diferença é que, ao contrário de outros buscadores, o Google pretende misturar os dados numa só lista. Ou seja: o visual da busca em si muda pouco. Os resultados é que mudam bastante – ficam bem mais ricos e diversos.


Mas como o Google determina o que é mais importante para entrar na lista lá no alto ou mais embaixo? Como ele sabe que, ao procurar por Gisele Bündchen, eu quero ver muitas fotos e vídeos, mas apenas uma ou outra notícia e não ligo para blogs?


‘Desenvolvemos um novo sistema de pontuação (classificação da importância de cada documento) totalmente novo’, diz Mayer. É a maior reformulação na tecnologia de busca PageRank, o grande segredo do Google, desde sua criação. Se vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Mas é um projeto ousado, que exigiu o trabalho de mais de cem engenheiros durante dois anos.


BABEL


E o próximo passo é ainda mais radical. ‘Por melhor que seja a nossa ferramenta de busca, nós não conseguimos encontrar coisas que não estão lá’, diz o vice-presidente de engenharia, Udi Manber. O que ele quer dizer é que a maioria das informações contidas na internet está em inglês. Só que a maior parte das pessoas não fala esse idioma. E agora? Como ajudá-las?


A idéia é a seguinte. Você digitaria a sua busca normalmente, em português. Aí, o Google traduziria as palavras-chave para o inglês, faria a pesquisa, pegaria os resultados e traduziria todas as páginas para o português. Tudo em tempo real.


‘Isso abre a web para o mundo’, sonha Manber. Parece mesmo coisa de ficção científica, mas a tecnologia já existe. A única coisa que faltava era o poder de processamento para fazer toda a ginástica da tradução. Mas o Google, com seu exército de computadores, jura que consegue: segundo Manber, a busca traduzida entrará no ar ‘logo’ e vai incluir 12 idiomas.’


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Sem alarde, site vai engolindo a internet


‘O Google tem uma face oculta, que vai além da busca e dos serviços. Sem fazer barulho, começou a comprar pedaços da infra-estrutura da internet – os cabos de fibra óptica, de altíssima capacidade, que interligam pontos da rede mundial de computadores. Oficialmente, o objetivo é garantir a velocidade no acesso ao buscador e a seus serviços. Mas o jornalista americano Robert Cringely, que afirma ter fontes no próprio Google, diz que a idéia é outra: substituir os provedores de acesso à internet (leia mais no site). Parece um absurdo, mas o Google já dá passos nessa direção. Seu programa Web Accelerator, lançado em 2005, faz mais ou menos isso. Se você instalar o software, todos os dados que o seu computador enviar e receber passarão pelas máquinas do Google. A suposta vantagem é que, graças à enorme quantidade de computadores do Google espalhados pelo mundo, a navegação ficaria mais rápida. Por outro lado, o Google passa a saber tudo o que você faz na internet. O Web Accelerator criou tanta polêmica – devido ao potencial de comprometer a privacidade dos internautas – que foi tirado do ar. Mas, discretamente, voltou a operar (webaccelerator.google.com). Já o serviço Google Apps for Your Domain permite que os provedores de acesso substituam todos os seus serviços – contas de e-mail, hospedagem de páginas pessoais, etc. – por serviços fornecidos pelo Google. Se a idéia pegar, acabarão engolidos pelo Google. A única diferença restante seria a marca de cada um (UOL, Terra, iG, etc.).’


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Os altos e baixos do Google


‘1998


Dois nerds e uma idéia


Dois estudantes criam, nos EUA, uma nova ferramenta de pesquisa. Larry Page e Sergey Brin tentam vender a tecnologia, mas não conseguem. Então decidem abrir seu próprio site, o Google


2000


O dinheiro está nos anúncios


Começa a vender espaço publicitário nos resultados das pesquisas. O detalhe é que são personalizados, ou seja – se você procurar por ‘futebol’, por exemplo, vê anúncios de bolas e chuteiras. É a fonte de renda que, no futuro, viria a mudar a propaganda na web


2000


Lá vem a bomba


É vítima, pela primeira vez, do chamado ‘Google Bombing’, em que pessoas de fora do Google usam truques para manipular os resultados das buscas


2001


Começa a expansão


Faz sua primeira grande aquisição: compra, por quantia não divulgada, um arquivo com 20 anos de conversações na Usenet (rede de fóruns anterior à world wide web)


2004


Orkut, amado e odiado


Entra no ar o Orkut, projeto despretensioso criado por um funcionário do Google. No Brasil, faz um sucesso absurdo – mas também é acusado de abrigar práticas ilegais, como tráfico e pedofilia


2004


Um tiro na Microsoft


Lança o Google Desktop Search, que encontra instantaneamente qualquer arquivo gravado no disco rígido do computador. Com isso, antecipa a principal novidade do sistema operacional Windows Vista (que só viria a chegar ao mercado três anos depois)


2005


Tenta engolir a internet


Cria o programa Web Accelerator, que promete acelerar a navegação na rede. Só que todo o tráfego de dados passa pelas máquinas do Google, gerando preocupações sobre a privacidade


2006


Rende-se à censura


Aceita censurar os resultados exibidos por sua versão chinesa, Google.cn


2006


Um marco histórico


As ações do Google batem recordes e a empresa passa a valer US$ 145 bilhões – superando, pela primeira vez, a lendária IBM


2006


Poderoso e polêmico


Compra, por US$ 1,65 bilhão, o site de vídeos YouTube – com o qual havia tentado competir, sem sucesso. Poucos meses depois, começa a deletar milhares de vídeos (supostamente pirateados) do acervo do YouTube. No Brasil, o site chega a ser proibido


2007


Tenta acalmar os internautas


Para aplacar as preocupações com a privacidade, promete deletar o histórico de pesquisas dos usuários. Mas diz que a mudança vai demorar de ‘18 a 24 meses’. E, logo em seguida, cria um serviço que vai na contramão disso


2007


Quer gravar a sua navegação


Lança o Google Web History, que grava todos os sites acessados pelo internauta (que pode, depois, consultá-los de qualquer PC). O serviço gera polêmica’


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Busca mescla vários tipos de dados


‘A busca ‘universal’ do Google está entrando no ar aos poucos. Boa parte dos internautas, principalmente aqueles de fora dos EUA, ainda se depara com a versão antiga do buscador. Mas já dá para testar as novidades – basta acessar o site, clicar em Preferências e selecionar o idioma inglês.


Antigamente a página mostrava o campo de busca em si e, logo acima dele, mais três opções de pesquisa- imagens, grupos (fóruns de discussão) e notícias. Para acessar os demais serviços do Google, era preciso clicar no link ‘mais’, que levava a outra página.


O novo Google mostra cinco opções de pesquisa, incluindo o Gmail, e tem menu instantâneo. Não é mais preciso sair da página para selecionar o serviço desejado. A lista aparece no ato.


Mas a grande novidade surge ao fazer uma busca. Digite, por exemplo, ‘Steve Jobs’. Além do resultado tradicional, com aquela listinha de sites, aparecem várias outras coisas, inclusive um vídeo – que roda na própria página do Google.


Legal, não? Visualmente, as mudanças são discretas, bem ao estilo minimalista do Google. Mas fazem muita diferença.


O Google Universal ainda está engatinhando. Se você digitar ‘Bill Gates’, por exemplo, não aparecem fotos nem vídeos. Como Gates é tão importante quanto Steve Jobs – e tem, inclusive, o dobro de vídeos no YouTube -, não faz sentido. Além disso, a busca universal ainda não incorporou todos os tipos de dados, como informações do Orkut. Mas vale ficar de olho.’


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Linha do tempo é outra novidade


‘Além do novo sistema de busca, batizado de Universal Search, o Google lançou outra coisa na semana passada: o site Google Experimental. Entrando nesse site, você pode testar algumas invenções que prometem incrementar a busca.


O Experimental estreou com quatro novidades. Duas delas são puramente cosméticas – permitem mudar o layout da página de resultados -, e a terceira também não empolga muito: é uma coleção de atalhos de teclado para navegar mais depressa.


Mas existe um recurso, o ‘timeline and map views’, que realmente é bacana. Como o nome sugere, ele permite ver os resultados da sua busca num mapa, de acordo com a localização geográfica de cada coisa, ou então numa linha do tempo.


Os mapas não são lá tão úteis – só para quem vai viajar -, mas a linha do tempo realmente faz diferença. Com ela, os resultados são organizados cronologicamente e você vê um pequeno gráfico que permite navegar pela linha do tempo.


Para pesquisas escolares, é uma verdadeira mão na roda. Como todas as novidades do Google, o modo timeline entrou no ar em versão ‘beta’, ou seja, ainda está bem incompleto. Mas já funciona: nos testes do Link, foi capaz de gerar linhas do tempo até de personalidades brasileiras, como Ayrton Senna, Xuxa, Pelé e Machado de Assis.


Se você gostar desse recurso, que pode ser acessado na página do Google Experimental, pode incorporá-lo às buscas do dia-a-dia. Basta adicionar o sufixo ‘view:timeline’ (sem as aspas) às suas pesquisas no Google. Bem legal.


DICAS & TRUQUES


Falando nisso, existem alguns comandos e acessórios que turbinam a busca no Google. Quer pesquisar no conteúdo de um determinado site? Basta adicionar o nome dele como sufixo.


Se quiser achar reportagens sobre o Windows dentro do site do Link, por exemplo, digite no Google: ‘windows site:www.link.estadao.com.br’ (sem as aspas).


Quem usa o navegador Firefox não pode perder o Customize Google. É um acessório que permite fazer dezenas de modificações no Google – dá até para remover aqueles links publicitários exibidos nas buscas.


O correio eletrônico Gmail, do Google, é simplesmente excelente. Mas, na hora de verificar se chegaram novas mensagens, o que faz? Fica acessando o Gmail trocentas vezes por dia?


Existe uma solução melhor. Instale o Gmail Notifier, outro bom acessório para o Firefox. Ele avisa, automaticamente, quando chegarem e-mails.’


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Rivais também criam novos serviços


‘O Google é o buscador mais popular e seu desenvolvimento tecnológico chega a parecer imbatível. Mas os rivais não pensam assim: nas últimas semanas, tanto o Yahoo quanto a Microsoft colocaram no ar, em caráter de teste (beta), suas novas ferramentas de busca.


A idéia de ambas é, justamente, a mesma do Google Universal Search: misturar vários tipos de informação (sites, fotos,mapas, etc.) em uma só lista de resultados. Ambas as ferramentas copiam o visual minimalista, bem limpo, do Google.


IMAGINE SÓ


O novo buscador da Microsoft, que se chama Imagine Live Search, é o mais desenvolvido. Ele mostra fotos junto com os resultados das buscas e tem um recurso exclusivo: se você passar o mouse sobre a imagem, ela cresce. Ou seja, dá para ver bem a fotinho sem precisar acessar o site onde ela está.


Com as notícias, é a mesma coisa. Você pode ler o primeiro parágrafo de cada texto sem sair do buscador. Basta passar o mouse sobre os links. É muito legal – e isso o Google não tem.


Já o mapa do Imagine Live é meio sem sentido: em vez de mostrar um mapa relevante para a busca, o Microsoft Imagine exibe a localização do usuário – no meu caso, São Paulo. Não serve pra nada. E a ferramenta da Microsoft fica devendo vídeos.


ALPHA EM VERSÃO BETA


O Yahoo, grande competidor do Google, está testando o Alpha, cuja proposta também é a busca universal. Além de uma lista de sites, os resultados incluem fotos – do site Flickr, que pertence ao Yahoo -, notícias, verbetes da enciclopédia Wikipedia e até conteúdo do serviço Yahoo Respostas (em que os internautas respondem a dúvidas sobre os mais diversos assuntos).


Os resultados incluem vídeos, mas eles não são fornecidos pelo Yahoo Videos. Vêm do YouTube – que pertence ao Google. No Alpha, os chamados ‘links patrocinados’, ou seja, aquelas propagandas que vêm junto com a busca, são opcionais – você só vê se quiser.


O grande problema do buscador é justamente esse: ele não mostra as coisas automaticamente. Se quiser acessar algum dos seis tipos de conteúdo adicional (fotos, notícias etc), tem de abrir item por item com o mouse. Além disso, os vídeos não rodam na própria página de resultados – ao clicar em um deles, você sai do buscador.


Tanto o Alpha quanto o Imagine Live ficam aquém do Google Universal. Na prática, são mais parecidos com o Searchmash, um buscador independente que o Google criou com o suposto objetivo de testar novidades. Ele é muito inferior ao Google Universal e faz tempo que não ganha novos recursos.


Ou seja: na prática, serve mais para despistar os concorrentes. Deu certo.’


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Pesquisa especializada pode ser mais eficaz


‘O Google e os outros megabuscadores incorporam cada vez mais informações, mas há coisas que eles não alcançam. Se você procura o telefone de uma pessoa, dificilmente irá encontrá-lo numa ferramenta de busca – é mais negócio entrar no site da companhia telefônica.


E o que fazer se você quer mandar um e-mail, mas não sabe o endereço? Para situações como essa, existem os ‘buscadores verticais’, especializados em determinado assunto. No caso de e-mails, tente o people.yahoo.com. Mas nem sempre funciona.


O Google também não serve como dicionário, nem é uma boa opção para comparar preços de produtos. Nesse caso, uma boa pedida é consultar o Buscapé – veja quadro ao lado – e seus similares, como Bondfaro e Jacotei.


Para quem gosta de baixar músicas e vídeos da internet, existem buscadores como o Torrentz.


Os buscadores comuns são feitos por robôs, softwares que coletam e organizam as páginas da internet. Mas, às vezes, nada substitui a inteligência humana. O buscador Dmoz (dmoz.org) tem todos os seus sites catalogados manualmente, supostamente com resultados mais relevantes.


Existem ferramentas de busca para todos os gostos. No site, há 119 opções. Existe até uma ferramenta para pesquisar no DNA humano.


FAÇA VOCÊ MESMO


Que tal criar a sua própria ferramenta de busca? Você define o tema (música brasileira, por exemplo), indica os sites que farão parte da busca e pronto. Está no ar o seu próprio buscador – dá até para indicar aos amigos. Você pode fazer isso com o serviço Rollyo ou com um recurso do próprio Google, o Coop.’


Scott Martelle


Estados Unidos entram na era da política 2.0


‘Los Angeles Times – A batalha da internet pela participação na campanha presidencial americana está tomando vulto depois que o site de relacionamentos MySpace e o site de compartilhamento de vídeos YouTube anunciaram seus planos de transmitir ao vivo, pela web, reuniões da administração municipal e debates entre os candidatos que concorrem nas primárias nos EUA.


Ambos disseram que querem atrair mais eleitores para o processo político, mas também estão empenhados no que está tomando a forma de uma luta na mídia, no estilo antigo, pelos consumidores de informação online e pelas receitas de publicidade que trazem consigo.


‘É quase como a batalha pela navegação na internet – de que site é o novo e-mail? Qual é o novo padrão para as pessoas se comunicarem?’, afirmou Eli Pariser, diretor-executivo da MoveOn.org.


A credibilidade ainda é uma incógnita no momento em que ambos os lados procuram se posicionar como mais do que apenas um local em que os usuários compartilham paixões por bandas de rock ou vídeos engraçados, destacou Josh Bernoff, um analista de computação social que trabalha para a Forrester Research.


‘Tanto o MySpace como o YouTube gostariam de se estabelecer como sites políticos sérios’, disse. ‘Querem ser mais amplos.’ O MySpace é de propriedade do magnata da mídia Rupert Murdoch. O YouTube pertence ao mecanismo de busca dominante, o Google.


Num exemplo da crescente importância da política online, altos executivos das principais empresas na web – incluindo o diretor-presidente do Google, Eric Schmidt – participaram, no dia 18, do 4º Fórum Anual de Democracia Pessoal em Nova York, um encontro de pessoas que estão tentando usar a internet para encontrar novas formas de mobilizar a população para a ação política.


O potencial é enorme. Desde fevereiro, mais de 21 milhões de pessoas assistiram a vídeos políticos online, disse Lee Rainie, diretor de projetos da Pew Internet & American Life, na conferência. Ele afirmou que mais de 24 milhões de americanos participaram de campanhas organizadas de lobby online.


Ainda assim, esses números representam uma parcela relativamente pequena do total do eleitorado americano. Na última eleição presidencial nos EUA, foram depositados cerca de 124 milhões de votos.


A conferência realizou-se uma semana depois que o MySpace anunciou que vai promover uma série de transmissões pela web de reuniões da administração municipal com candidatos democratas e republicanos à presidência, acrescidas de uma ‘primária’ virtual planejada para janeiro.


‘Creio que isso, indubitavelmente, é uma coisa boa não apenas para os usuários do MySpace e do MySpace em geral, mas para o processo político’, disse Jeff Berman, vice-presidente de assuntos públicos. ‘Não importa quanto dinheiro tem uma campanha, nem o quão conhecidos são os candidatos. Se eles tiverem uma mensagem e a anunciarem, encontrarão uma audiência.’


O site YouChoose, do YouTube do Google, anunciou que irá co-patrocinar juntamente com a CNN o primeiros dos seis debates democratas e que está em conversações para co-patrocinar os debates republicanos também.


O Facebook também está tendo sua participação – criou páginas com o perfil de cada um dos principais candidatos por meio dos quais eles podem se comunicar com os usuários do Facebook.


E estão surgindo outros sites com enfoques mais restritos, tais como o Change.org, que ajudará as pessoas a juntar doações para causas específicas, o que de fato forma comitês de ação política informais, disse o fundador, Ben Rettray.


O MySpace está rapidamente se tornando um participante-chave na política online, disse Micah Sifry, co-fundador do Personal Democracy Forum.


‘O MySpace se tornou uma feira estatal virtual e todas as campanhas decidiram que vão ter um quiosque lá’, disse Sifry, que também é co-editor da techPresident, um site na web que está acompanhando o uso da internet na campanha presidencial de 2008. ‘Mas a verdade é que não vai haver apenas um grande ponto de convergência.’


Schmidt, do Google, um dos patrocinadores da conferência, disse à platéia que a política online enfrenta o mesmo problema das políticas tradicionais – a tendência de se concentrar no que é negativo e de menor importância.


Os vídeos do YouTube de erros dos candidatos e a predominância de telefone celulares com câmeras fotográficas têm uma repercussão que nunca tiveram antes. ‘Um grupo muito pequeno de pessoas é capaz de analisar e explorar informações para atacar um candidato e imediatamente encontrar um foro’, disse.


‘Informações que eram publicamente conhecidas, mas difíceis de se chegar a elas, agora estão se tornando de conhecimento geral’, disse Schmidt. ‘As pessoas estão vivendo com um registro histórico.’


Pariser, numa sessão separada, advertiu que vídeos de ataque ameaçam o futuro papel da internet.


‘Para podermos nos imbuir plenamente do poder da política de raiz popular e da política gerada pelo usuário, vamos ter de passar pela fase da política do ‘te peguei’, disse. ‘Isso poderá matar o potencial que essa nova política tem.’


A sessão durou um dia inteiro na Pace University e também atraiu estrategistas de primeira linha na web de cinco dos principais candidatos à presidência, incluindo Joe Trippi, agora trabalhando na campanha do democrata John Edwards, que ajudou a introduzir a política eletrônica como coordenador da campanha de 2004 de Howard Dean na internet para a indicação para concorrer à presidência pelo Partido Democrata.


Porém vários inovadores da web argumentaram que a política eletrônica impulsionada por candidatos tem tido um sucesso mínimo em criar movimentos políticos duradouros.


Depois do dia da eleição, a comunicação centrada no candidato geralmente é interrompida. Alguns acreditam que o futuro talvez esteja em se organizar em torno de questões em vez de em torno de políticos.’


Pedro Doria


O fator inércia


‘A turma do Ask.com está com propaganda nova, nos EUA. Seu mote: Ask.com, o algoritmo. Muitos dos leitores talvez sequer suspeitem do que seja Ask.com; outros o terão em suas mentes, ali meio nebuloso, algo do qual já ouviram falar. Uns raros usam o sistema de buscas do Ask.com.


É o quarto buscador mais popular da web. Perde, na ordem, para Google, MSN e Yahoo!. Pode parecer pouco, mas isso o põe entre os sites mais visitados da internet, à frente do New York Times – não só o mais importante jornal dos EUA como um dos melhores sites informativos. São 25 milhões de usuários únicos Ask.com a cada mês. Bom. Mas não é líder.


Agora eles querem popularizar o uso da palavra ‘algoritmo’, o conjunto de regras matemáticas que determina como selecionar que link aparecerá em primeiro e qual aparecerá em segundo, dado o conjunto de palavras que o usuário pesquisou. Quem é antigo na internet sabe bem qual a importância de um bom algoritmo.


Porque a história da busca na web vai mais ou menos assim: primeiro houve o Yahoo!. Não fazia busca automatizada, era tudo seleção manual. Um site após o outro encontrados por seus editores eram analisados por gente e listados numa determinada ordem. A internet cresceu muito além das possibilidades de um índice assim manual continuar relevante.


Esses antigos lembrarão, por certo, de um tempo em que pipocaram, lá por 1996, 1997, uma série de sites de busca. Às vezes aparecia, a cada mês, um site novo que desbancava em qualidade o anterior: Web Crawler, Lycos, Hotbot. Mas aí veio o Altavista e tudo ficou diferente.


Ele tinha quantidade. Nenhum robô de buscas navegava por tantas páginas. A resposta boa estava lá pela terceira página de resultados. Mas, ao menos, quase toda a web havia sido consultada.


Na virada do século, o Google pareceu mágico. Havia uma boa resposta na primeira página. Como era possível? É o algoritmo, um sistema que faz com que cada página tenha uma nota – ou uma série de notas em quesitos diferentes – que, de acordo com a busca, influencia na ordem dos resultados.


O Google não tem, hoje, um algoritmo particularmente melhor do que os concorrentes. Mas, como foi o primeiro a apresentar um algoritmo requintado, se deu bem.


A popularidade faz toda diferença. São milhões de pessoas clicando em links sugeridos pelos sites de busca. Cada clique é um voto. Se quem busca por ‘Brasília’, ao ler aquelas primeiras três linhas de um site sugeridas pelo buscador, clica ali, é porque a página deve ter relevância maior que a de cima ou a de baixo. Quanto mais gente elege páginas em buscas várias, mais afinado fica um sistema de buscas.


A turma do Ask.com, agora, está dizendo que tem ‘o algoritmo’. Por um lado, populariza a palavra que representa um conceito-chave utilizado por todos nós, na internet. Por outro, é propaganda. Às vezes, a propaganda diz a verdade, mesmo que com algum exagero. Se eles têm ‘o algoritmo’, aquela fórmula secreta que todos os adversários invejarão? Dificilmente. Com a sofisticação dos algoritmos atuais, no fim, é quem tem público maior refinando.


A maior vantagem do Google é a inércia que leva todo mundo a ele.


*pedro.doria@grupoestado.com.br’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 28 de maio de 2007


GOVERNO SERRA
Serra, a USP e a foto


Fernando de Barros e Silva


‘O que querem as mulheres? A clássica pergunta de Freud não vale para José Serra. Todos sabem a resposta: ele só pensa naquilo. Mas 2010 ainda está longe, felizmente para Serra, porque seu governo começou de forma bastante decepcionante. Ou seria melhor dizer sintomática? A crise da USP é o melhor exemplo.


O governo meteu os pés pelas mãos. Após nomear para a nova Secretaria do Ensino Superior este que é, no meio universitário, uma unanimidade às avessas, quis ainda transformar José Aristodemo Pinotti no presidente do conselho de reitores. Pegou tão mal que Serra desistiu do seu interventor branco.


O recuo, no entanto, não desfaz a sensação de que pretendia enquadrar as universidades -este é o sentido geral implícito no conjunto dos decretos contra o qual se rebelaram os estudantes que estão na reitoria.


Obrigado a vir a público, o governo Serra tergiversa, desconversa, age reiteradamente de forma oblíqua. Ora parece pouco seguro de seus propósitos, ora dá a impressão de que quer engambelar a platéia.


O fato é que se negou, até aqui, a rever o decreto mais polêmico, que submete à aprovação da Secretaria da Fazenda o remanejamento de verbas na universidade. Por quê?


Está em curso uma campanha de demonização dos estudantes -retrógrados, baderneiros, urram, histéricos, os arautos do novo ‘Estado de direita’. Há insuficiências, eventuais exageros na posição estudantil? Claro que sim. Mas são menores, bem menos nocivos que a batatada patrocinada pelo Estado, cujos erros, esses sim crassos, aparecem sob a forma de ‘deslizes’, ‘mal-entendidos’. Onde está a ideologia dominante da nossa época?


Serra foi visto há poucos dias numa imagem bizarra, empunhando um trabuco, quando visitava a polícia. Os estudantes estão certos ao espalhar a reprodução da foto pelas barricadas em torno da reitoria. Áulicos incitam o tucano para que a tropa de choque entre em ação. A depender do desfecho da crise, a gestão Serra já terá produzido a sua fotografia para a posteridade.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Um especialista


‘No ‘Jornal Nacional’ de sábado, terceira manchete, ‘O senador Renan Calheiros apresenta declaração de renda e rebate acusações de favorecimento’. Depois, ele ‘se disse tranqüilo’ e ‘mostrou suas declarações para provar que obteve rendimentos de atividade agropecuária’ para bancar as despesas pessoais pagas ‘por um lobista, assessor da construtora Mendes Jr.’.


Por fim, embora não tenha declarado os valores, ‘a omissão não significa irregularidade, porque a lei não exige declaração de doações, segundo um especialista em IR ouvido pelo ‘Jornal Nacional’ e não nomeado.


Na manchete do Globo Online, ontem, ‘Renan vai se defender no Senado’ hoje. Mas nem precisa mais.


A QUARTA VEZ


Segue em agências como AP, AFP e pouco além o eco externo da Operação Navalha, concentrado agora em Renan Calheiros. Mas com menções à ‘série de escândalos’ e à ‘quarta vez’ em que desabam ministros do governo Lula.


A PRIMEIRA VEZ


Na Argentina, noticiam o francês ‘Le Monde’ e outros, um ‘escândalo de corrupção’ envolve o governo de Néstor Kirchner ‘pela primeira vez’. Até o momento, porém, com pouco impacto, ‘por causa da popularidade de Kirchner’.


HUGO CHÁVEZ, CENSOR


Mais da Globo, ‘Milhares de venezuelanos saem às ruas e protestam contra o fechamento do canal mais popular do país’ (logo acima.). A União Européia e o Senado dos EUA criticaram, assim como o presidente do Peru. Nada de Lula, desta vez.


De sua parte, Hugo Chávez enviou à Europa ‘um de seus diplomatas mais capazes’, como ironizou o ‘El País’, traduzido pelo UOL, ao dar sua entrevista com o mesmo, com desculpas como a de que ‘ela já foi fechada’ antes por outros e explora ‘pedofilia’.


FORA HOLLYWOOD


Na manchete do site do ‘Le Monde’, a Palma de Ouro para um romeno -e a observação de que Cannes ‘ignora totalmente os costumeiros’ Tarantino e irmãos Cohen.


Pouco antes, o enviado do ‘Los Angeles Times’ deu a longa reportagem ‘Made in USA’ está perdendo atração’, dizendo que o ‘apetite’ por produções americanas caiu no ‘mercado’ do festival. E também o público em países como Japão, Brazil, Coréia do Sul, França e México. Daí a Universal ter assinado, por exemplo, Fernando Meirelles.


OUTRA GLOBALIZAÇÃO


Avança a campanha para tirar dos EUA Banco Mundial, FMI etc. Artigo no ‘Monde’ defendeu ‘renovar o sistema financeiro mundial’. E África do Sul e Austrália, segundo a Reuters, se uniram ao Brasil para pedir um Banco Mundial sem submissão à Casa Branca.


EMPREGO DA CHINA


A agência estatal chinesa Xinhua espalha: ‘Comércio com China cria mais emprego do que corta no Brasil’. Diz uma pesquisa universitária que foram criados 559 mil, em 2005. A maior parte, citou o tal estudo, para ‘nível de educação básico ou menor’.


PARA O JAPÃO


Na capa do ‘Wall Street Journal’ de sexta, a notícia de que o Japão se abre aos ‘trabalhadores externos’, para fábricas e fazendas.


A começar dos brasileiros, ‘a primeira comunidade de língua estrangeira desde a Segunda Guerra’. A notícia é que, envelhecendo, o país ‘pode diminuir restrições’ ao tempo de moradia. E um brasileiro ouvido pensa em ficar.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Outro Canal


‘A nova rede pública que o governo Lula colocará no ar até o final do ano deverá se chamar TV Brasil. Esse é o ‘nome de trabalho’ do novo canal, como os profissionais envolvidos no projeto se referem a ele. Ainda não foi registrado, não é oficial.


A ‘TV Brasil’ deverá ter um mesmo número de canal analógico e um outro digital em todas as capitais do país (menos Brasília e Rio). Esses canais ficarão entre o 60 e o 69, faixa que ainda precisa ser oficializada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).


A Folha apurou também que a programação própria deverá ser gerada de Brasília, Rio e São Paulo. Mas a ‘TV Brasil’ já iniciou negociações para ‘integrar’ programações de TVs públicas de todos os Estados. É possível, por exemplo, que a nova rede retransmita o ‘Roda Viva’, da TV Cultura (SP).


Já está definido que a ‘TV Brasil’ fundirá as estruturas da TVE do Rio (emissora pública do governo federal) e da Radiobrás (estatal de notícias que possui a TV Nacional, de Brasília, e o canal NBR). Assim, a nova rede ocupará os atuais canais de TVE, no Rio, e da TV Nacional, no DF. Boa parte da programação das duas emissoras será mantida, inicialmente.


Na última sexta, o ministro Franklin Martins (Comunicação Social), responsável pela gestão da ‘TV Brasil’, apresentou ao presidente um relatório de mais de 30 páginas sobre o andamento do projeto.


BOLADA 1Nem Corinthians nem Flamengo. Os clubes que terão mais jogos do Campeonato Brasileiro transmitidos pela Globo em junho serão Palmeiras, Santos e o América-RN, novato na Série A, cada um com três partidas. Corinthians e Flamengo, que no conjunto do campeonato costumam ser os campeões de transmissões, só terão dois jogos na Globo.


BOLADA 2 O Santos, por estar na Libertadores, terá pelo menos quatro jogos na TV no mês que vem. Se for à final, serão seis.


BOLADA 3A Globo está transmitindo três jogos simultaneamente por rodada do Brasileiro_normalmente, é um para São Paulo, outro para o Rio e o terceiro para outras regiões do país.


MILHOA revista ‘SuperNanny’, derivada do programa do SBT, está fazendo uma promoção em que o ganhador receberá uma visita da ‘superbabá’ Cris Poli (o terror das pestinhas) em casa. Isso é prêmio ou castigo?


CARIMBO 1O Ministério da Justiça enviou às redes de TV um convite para que elas façam ‘visitas técnicas’ ao departamento de classificação indicativa, em Brasília, ‘visando dirimir eventuais dúvidas e dificuldades na plena aplicação da portaria 264’, que institui a nova classificação indicativa, cujos principais pontos estão suspensos.


CARIMBO 2 O governo quer impedir que as emissoras venham a alegar que não tiveram oportunidade de conhecer os procedimentos.’


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