Thursday, 16 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

Jornalista critica definições complacentes com o ETA

O ETA, organização que luta pela independência do País Basco, já assassinou mais de mil pessoas na Espanha. Mesmo classificado pelo governo espanhol como grupo terrorista, é tratado por muitos veículos de comunicação por ‘grupo militar’ ou ‘lutadores bascos’, critica Juan C. Osta [Periodista Digital, 23/3/06]. O jornalista defende que se trata de um grupo que comete atos de terrorismo e, como tal, deveria ser classificado como ‘grupo terrorista’ também pela imprensa mundial.


De acordo com definição formulada pela ONU em 2005, terrorismo é ‘todo ato que obedeça a intenção de causar morte ou danos corporais a civis não-combatentes, com o objetivo de intimidar uma população ou obrigar um governo ou uma organização internacional a realizar – ou abster-se de realizar – um ato’.


Depois de diversos atentados terroristas nos últimos anos, muitas empresas de mídia passaram a ser cautelosas com o uso do termo. A direção da britânica BBC pediu aos seus jornalistas que passassem a usar com cautela as palavras ‘terrorista’ e ‘terrorismo’ depois dos atentados de julho de 2005 em Londres. Ao ETA, a rede se refere como ‘organização separatista’. As agências de notícias Reuters e Associated Press também optam por usar o termo ‘separatistas’ bascos.


O diário americano The New York Times, tido por muitos críticos e analistas como uma espécie de ‘Bíblia do jornalismo’, define o ETA como ‘lutadores bascos’ ou ‘grupo militar’. Chamou a atenção de Osta a cobertura do jornalão sobre o anúncio de ‘cessar-fogo’ declarado pela organização na semana passada, onde o Times afirmou que ‘os lutadores bascos declararam cessar-fogo depois de quatro décadas’. ‘O que pensaria o prestigioso jornal se algum meio de comunicação espanhol chamasse Osama bin Laden de líder espiritual muçulmano? Ou se um jornal europeu chamasse Mohamed Atta de piloto antiimperialista?’, questiona.