Friday, 17 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

Pentágono justifica campanha polêmica

O Pentágono lançou uma campanha de US$ 300 milhões para espalhar mensagens pró-EUA em organizações de mídia estrangeiras, sem revelar que elas são fornecidas pelo governo americano. A campanha de mídia, organizada por especialistas de guerra psicológica do Comando de Operações Especiais dos EUA, tem como objetivo contra-atacar a ideologia terrorista e influenciar outras nações a apoiar a política americana.

No final de novembro, o trabalho de comunicação no Iraque gerou controvérsias com a revelação, pelo jornal Los Angeles Times, de que a empresa americana de relações públicas Lincoln Group e o exército americano haviam pagado secretamente a jornalistas e empresas de mídia para publicar matérias elogiosas aos EUA nos veículos de comunicação iraquianos. Funcionários da Casa Branca expressaram preocupações sobre o caso. O conselheiro de segurança nacional, Stephen Hadley, afirmou que o presidente Bush estava ‘muito incomodado’ com as supostas atividades no Iraque e disse que as interromperia se elas atrapalhassem os esforços de se construir uma mídia independente no país. O exército deu início a uma investigação interna sobre o caso.

Militares envolvidos nesta nova campanha lançada pelo Pentágono afirmam que não planejam plantar falsas notícias em organizações de mídia estrangeiras. No entanto, afirma Mike Furlong, vice-diretor da Junta de Operações Psicológicas do Pentágono, nem sempre o exército revelará seu papel na distribuição das mensagens pró-EUA. ‘O produto não vai ter a etiqueta ‘feito nos EUA’; mas, se questionados, vamos responder a todas as perguntas sinceramente’, explicou Furlong.

Para o governo americano, é legal plantar propaganda em outros países, mas não em território nacional. O exército quer vencer a guerra de informação contra a al-Qaeda através de jornais, sítios, emissoras de rádio e televisão e distribuição de itens como camisetas e adesivos para carros. O programa será realizado em todo o mundo, incluindo as nações aliadas e aquelas nas quais os EUA não estão envolvidos em conflito armado.

O Comando de Operações Especiais fechou, em junho, contrato de US$ 100 milhões com três empresas que organizarão a campanha – além da Lincoln Group, a empresa de pesquisa e engenharia Science Applications International e a empresa do setor de defesa SYColeman.

O secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, enfatizou na semana passada que Washington deve promover melhor suas mensagens. ‘O pior sobre os EUA e nosso Exército parece ser tomado rapidamente como verdade pela imprensa e divulgado em todo o mundo’, afirmou. Para Jumana al-Tamini, editor do Gulf News, jornal em inglês publicado nos Emirados Árabes Unidos, o caso de notícias plantadas no Iraque pode causar dúvidas na população árabe quanto a qualquer mensagem pró-EUA. Informações de Matt Kelley [USA Today, 14/12/05].