Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

A batalha da imprensa

A disputa eleitoral se transformou em guerra aberta, e o campo de batalha é a imprensa. Nos jornais de quarta-feira (22/9), com destaque para o Estado de S.Paulo, manifestações de ambos os lados tentam atrair a atenção dos eleitores. Mas é preciso lembrar que quem vai levar a notícia desses acontecimentos ao público é a imprensa, e a imprensa já escolheu um dos lados.


Essa escolha fica ainda mais explícita na edição do Estadão de quarta-feira, na qual a manifestação oposicionista ocupa quase uma página inteira, com apenas uma referência – e negativa – ao ato de protesto contra a imprensa, convocado por entidades que apóiam o governo para quinta-feira (23), em São Paulo.


Há de tudo nos comentários escolhidos pelo jornal para dar alguma relevância ao manifesto oposicionista, desde alertas contra supostas tendências autoritárias do governo até acaloradas denúncias de cerceamento da liberdade de imprensa.


O texto do manifesto, assinado por intelectuais, artistas e juristas, repete declarações que vêm sendo publicadas pelos grandes jornais há algumas semanas, como a afirmação de que a democracia brasileira está sendo ‘assombrada’ pelo autoritarismo. E reclama ainda que o atual governo tenta ‘reescrever a História’ ao desmerecer as ações de governos anteriores.


Opinião convincente


Em clima de absoluta liberdade, os jornais reclamam de ameaças à liberdade, como se declarações em tom de campanha eleitoral devessem ser levadas ao pé da letra.


Em entrevista ao mesmo Estadão, no domingo (19/9), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que anda marginalizado na campanha de seu partido, declarou não acreditar que seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha pendores ditatoriais.


Mas o ato de lançamento do movimento oposicionista, marcado para as históricas arcadas do Largo de São Francisco, também em São Paulo, leva o solene título de ‘Manifesto em Defesa da Democracia’, com o anunciado objetivo de ‘brecar a marcha para o autoritarismo’.


Em clima de absoluta liberdade, os manifestantes vão fazer seus discursos, que a televisão e o rádio vão amplificar e os jornais irão sacramentar no dia seguinte. O factóide vai para a lista dos eventos destes tempos de campanha, quando a verdade some da praça e é substituída pela opinião mais conveniente.


No fim da semana, nova pesquisa de intenção de voto vai mostrar se a coisa funcionou.