Monday, 20 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

Correspondente de guerra morre aos 64 anos

A jornalista Kate Webb, que foi correspondente nas guerras do Vietnã, Camboja e Afeganistão, morreu aos 64 anos no domingo (13/5), em Sydney, Austrália, por causa de um câncer. Ela estava internada há algumas semanas, informou seu irmão Jeremy Webb.

A repórter cobriu diversos eventos importantes no continente asiático: a queda de Saigon, em 1975; a ofensiva dos guerrilheiros armados do Khmer Vermelho, no Camboja; o assassinato de Rajiv Gandhi na Índia e a guerra no Timor Leste. Ela também estava presente na guerra do Golfo Pérsico, na ocupação soviética do Afeganistão e na entrega de Hong Kong à China.

Obituário precoce

Em 1971, quando Kate era chefe da sucursal de Phnom Penh da United Press Internacional em Camboja e uma das poucas mulheres que cobriam a guerra, tropas vietnamitas a capturaram com mais cinco jornalistas – um japonês e quatro cambojanos. O grupo ficou detido por 23 dias. Todos enfrentaram sede, infecções, longos interrogatórios e outros traumas, mas Kate escreveu posteriormente que havia sido bem tratada. Após ser libertada, ela voltou para casa com dois tipos de malária.

Nunca foi explicada a razão para ela e os membros de seu grupo terem sido libertados. Outros grupos de jornalistas presos na mesma época foram mortos ou ficaram detidos por longos períodos. Enquanto Kate ainda estava em poder das tropas, o New York Times e outros jornais chegaram a publicar o obituário da correspondente, presumindo que eram dela as cinzas encontradas de um corpo cremado. Sua família chegou a realizar uma cerimônia fúnebre. ‘Kate Webb foi uma das primeiras – e melhores – mulheres correspondentes da Guerra do Vietnã’, opinou o colega Peter Arnett, vencedor de um Prêmio Pulitzer por reportagem sobre o Vietnã.

Rigor profissional

Kate pagou sua própria viagem ao Camboja, chegando ao país em 1967 com poucos dólares e uma máquina de escrever. Ela trabalhou primeiro como freelancer da UPI, antes de ser chefe da sucursal. Em 1985, a jornalista deixou a UPI para ir trabalhar na Agence France-Presse, onde ficou até se aposentar, em 2001. Na época, ela disse que pararia porque estava ‘muito velha para ficar no front‘ e este era o único trabalho do qual gostava. Informações de Douglas Martin [The New York Times, 15/5/07].