Thursday, 16 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

Filme criticado por ‘suavizar’ Stasi

Um filme exibido na TV alemã sobre a história de uma prisioneira política que se apaixona por um funcionário da Stasi gerou protestos antes mesmo de sua exibição, na semana passada, por ser solidário à polícia secreta da Alemanha Oriental. Com o título 12 heisst: Ich liebe dich (12 significa eu te amo, tradução livre), a produção baseia-se no romance real vivido pela prisioneira política Regina Kaiser e o agente da Stasi Uwe Karlstedt, que se conheceram e se apaixonaram em 1981, durante o regime comunista da Alemanha Oriental. Regina e seu ex-interrogador encontraram-se novamente após a queda do Muro de Berlim e se casaram. Posteriormente, eles escreveram um livro contando sua relação amorosa.

O historiador Hurbertus Knabe, diretor do centro memorial da ex-prisão Hohenschoenhausen, usada pela Stasi em Berlim, acusou o canal ARD de exibir um filme que ‘suaviza’ o sofrimento de 200 mil pessoas que foram presas pela polícia secreta. ‘Ele [o filme] dará a milhões de pessoas uma imagem distorcida do que realmente era ser detido pela Stasi’, afirmou Knabe em declaração. ‘O tempo que as vítimas da Stasi ficaram na prisão foram os piores momentos de suas vidas. Elas não tinham nenhum sentimento de amor pelos membros da polícia que lhes interrogavam’. Segundo a revista Der Spiegel, oito associações de vítimas pediram – sem sucesso – à MDR, empresa que produziu o filme, que não fosse adiante com o projeto. Para o diretor Connie Walther, as pessoas estão reclamando de um filme a que sequer assistiram. ‘Como elas podem ter uma opinião justa?’, indagou.

Alguns diários elogiaram a produção, alegando que representava um novo estágio no imaginário alemão. A atriz principal do filme, Claudia Michelsen, foi criada na Alemanha Oriental comunista e alega que seus estereótipos do período foram revistos. ‘Sempre tive a idéia de que um espião da Stasi era um idiota e que um prisioneiro era uma vítima que merecia nossa pena. Mas cada um tem sua própria história’, diz. Informações da AFP [16/4/08].