Monday, 14 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Rádio polonesa intensifica apoio a irmãos Kaczynski

A ultracatólica Radio Maryja (Rádio Maria), além de ser a emissora mais popular da Polônia, é também porta-voz dos gêmeos conservadores que controlam o país – o presidente Lech Kaczynski e o primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski. Em troca, os irmãos a protegem dos críticos. Na programação, missas ao vivo, orações e notícias tendenciosas, além de expressões anti-semitas de apresentadores que não são punidos pelo órgão que monitora a imprensa polonesa. A estação exerce imensa influência em um país no qual mais de 90% da população de 37,8 milhões afirmam ser católicos, e conta com audiência de 896 mil ouvintes por dia.


Não é de surpreender que, às vésperas das eleições parlamentares – marcadas para o dia 21/10 -, somente o partido dos gêmeos, Lei e Justiça, tenha voz na emissora. ‘Durante as eleições parlamentares de 2004, o padre Tadeusz Rydzyk apoiou outro partido, a Liga das Famílias Polonesas, que ganhou muitos votos’, relembra Jaroslaw Zbieranek, cientista político do Instituto Polonês de Relações Públicas.


Máquina de votos


Uma pesquisa divulgada na semana passada revelou que 74% dos ouvintes da rádio vão apoiar o partido dos Kaczynski – Zbieranek estima que a rádio pode conquistar 1,5 milhão de votos para o Lei e Justiça. Roman Giertych, líder da Liga das Famílias Polonesas, da extrema-direita, que era da coalizão do governo com o Lei e Justiça até agosto, agora reclama da ‘falta de pluralismo da rádio’. O seu partido pode ser eliminado do parlamento, pois as pesquisas indicam que ele talvez não receba os 5% dos votos necessários para ter assentos na casa.


O padre Rydyzk, que fundou a estação há 16 anos e criou um verdadeiro império midiático ao adquirir uma TV e um jornal, recusa-se a falar com correspondentes estrangeiros ou repórteres poloneses que não são ultracatólicos. Os ouvintes da Maryja são superprotetores de Rydyzk – eles o vêem como vítima da oposição liberal simplesmente porque defende sua fé e a nação. ‘Os comunistas assassinaram padres, e hoje os liberais querem matar Rydzyk’, compara uma ouvinte. Informações de Maja Czarnecka [AFP, 15/10/07].