Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

ABI envia carta ao governador do Pará em defesa de jornalista que noticiou o dia do fogo na Amazônia

(Foto: Divulgação)

A ABI, Associação Brasileira de Imprensa, através de seu presidente Paulo Jeronimo de Souza, enviou carta ao governador do Pará, Helder Zahluth Barbalho, pedindo proteção ao jornalista Adécio Piran, editor do jornal Folha do Progresso. Adilson vem sofrendo ameaças desde que noticiou a iniciativa de produtores rurais em organizar, em 10 de agosto, o “dia do fogo”. Veja abaixo a íntegra da carta.

Rio de Janeiro, 01 de setembro de 2019
Exmo. Sr. Helder Zahluth Barbalho
M.D. Governador do Estado do Pará

Senhor Governador
Cordiais Saudações

Na condição de presidente da centenária Associação Brasileira de Imprensa – ABI, recorremos a V.Ex.a. para externarmos nossa preocupação com as ameaças que estão sendo feitas ao jornalista Adécio Piran, bem como ao jornal Folha do Progresso, por ele editado há vinte anos no município de Novo Progresso, no Estado do Pará.

Preocupa-nos o fato de tais ameaças terem surgido após a repercussão internacional da notícia veiculada por Adécio Piran, no último dia 5 de agosto, na Folha do Progresso, revelando a iniciativa de produtores rurais daquela região em organizarem no dia 10 de agosto o que teriam denominado “dia do fogo”.

Infelizmente foi confirmado posteriormente, pelos registros oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, um crescimento acima de 300% nos focos de queimadas na região em torno de Novo Progresso, no sudoeste do estado do Pará.

Esta confirmação, no nosso entendimento, demonstra a seriedade do trabalho exercido pelo jornalista e torna ainda mais graves as ameaças que lhe estão sendo dirigidas, que se caracterizam em uma tentativa de cerceamento do seu trabalho profissional e um ataque à liberdade de expressão.

Como se sabe, essa liberdade é garantida como cláusula pétrea da nossa Constituição Cidadã de 1988, que o seu partido – MDB -, através do trabalho de importantes lideranças políticas de então, ajudou a escrever.

Nos seus 111 anos de existência, a ABI sempre marcou posição em favor do Estado Democrático de Direito e da liberdade de expressão, na qual se inserem a liberdade de imprensa e o livre exercício da profissão pelos jornalistas.

Mesmo conscientes de que a Polícia Civil do estado do Pará já instaurou procedimentos investigativos em torno do assunto, a ABI considera importante solicitar seu empenho, como governador democraticamente eleito, bem como de todo o seu governo, não apenas para garantir a vida do jornalista Adécio Piran, mas também a sobrevivência e a continuidade do jornal que edita há vinte anos, ora ameaçado por pressões feitas a anunciantes do mesmo.

Nossa preocupação soma-se à preocupação já manifestada pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Pará (Sinjor-PA), como demonstra a nota oficial de ambos, acessível em:  https://m.facebook.com/Fenajoficial/photos/a.343419269015886/2605506072807183/?typ e=3&source=57.

Certos de que nossa solicitação será acolhida por V.Ex.a., de forma a garantirmos nesse triste episódio a vida do colega Adécio Piran, a plena liberdade de expressão e o livre exercício profissional dele como jornalista, ficamos no aguardo de suas providências e colocamo-nos a seu inteiro dispor para quaisquer novos esclarecimentos que se fizerem necessários.

Atenciosamente
Paulo Jeronimo de Sousa
Presidente da ABI

ATUALIZAÇÃO:
Em nota do dia 2 de setembro, a Secretaria de Comunicação do governo do Pará informou que “as denúncias de ameaça ao jornalista Adécio Piran, de Novo Progresso, estão sendo apuradas com rigor e celeridade. A Polícia Civil, de imediato, após o registro da ocorrência, deu início às investigações dos fatos denunciados pelo jornalista e já identificou o responsável pelas ameaças como Donizete Severino Duarte, que seria o administrador de um grupo de WhatsApp denominado ‘Direita Unida Renovada’. Donizete foi intimado a comparecer à delegacia, onde prestou depoimento e foi responsabilizado pelas ameaças. O procedimento seguiu para a Justiça.”

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Por equipe do Observatório da Imprensa.