Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Implantação de conteúdo patrocinado ameaça imparcialidade, diz sindicato

A partir de abril, a BBC planeja introduzir conteúdo patrocinado à marca World Service, seu serviço internacional de notícias. A decisão provocou críticas. O Sindicato Nacional dos Jornalistas britânico (NUJ, na sigla em ingles) insiste que a ação irá desvalorizar a marca e ameaçar a imparcialidade da corporação.

Segundo as propostas – aprovadas pelo BBC Trust em dezembro, mas ainda pendentes de aprovação do governo –, o World Service poderá veicular uma “quantidade limitada de publicidade e conteúdo patrocinado” a partir de 1º de abril. O plano coincide com a mudança na marca World Service, que deixa de ser financiada pelo Ministério das Relações Exteriores e passa a conceder taxa de licenciamento à BBC. O BBC Trust aprovou o plano com a ressalva de que “esse tipo de financiamento não colocasse a independência, imparcialidade e integridade editorial da BBC em xeque”.

O Sindicato se opôs aos planos, levantando temores sobre a desvalorização do World Service. “Os membros do NUJ na BBC acreditam que qualquer tipo de publicidade ou de conteúdo patrocinado vá desvalorizar a marca e ameaçar a imparcialidade dos programas do Serviço Mundial da BBC”, disse Michelle Stanistreet, secretária-geral do NUJ. “Pedimos que o BBC Trust reverta essa decisão extremamente insensata e perigosa”.

Em resposta ao Sindicato, Peter Horrocks, diretor de notícias globais da BBC, afirmou: “Os jornalistas e o jornalismo da BBC estariam em risco se a rede aderisse a esta política míope do NUJ”. Ele lembra que, ao contrário da BBC no Reino Unido, que é uma rede pública financiada pelos telespectadores, os grupos de notícias da BBC no exterior já trazem publicidade. “O BBC World News veiculou anúncios por mais de 20 anos, e o BBC World Service veicula publicidade em três de seus sites e na retransmissora Berlim FM desde 2012. Nossa reportagem continua a ser imparcial e independente, e os postos de trabalho de dezenas de membros do NUJ dependem da receita gerada por nossos serviços internacionais”.