Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Número de leitores aumenta, mas queda de receita continua

Em meio a tantas – e constantes – notícias ruins sobre o desempenho do jornalismo e dos veículos jornalísticos nos últimos anos, surge uma boa notícia: um número cada vez maior de pessoas está lendo notícias. Segundo o jornalista Mathew Ingram, analista de mídia do site GigaOM, um novo relatório da Associação Mundial de Jornais mostra que as pessoas estão lendo mais do que nunca, tanto jornais impressos quanto online. (Agora vem a parte do “mas…”). Mas a queda da receita publicitária continua e o jornalismo digital não consegue compensar a diferença.

Ser um jornalista em 2014 é ter que enfrentar duas emoções conflitivas: uma é o entusiasmo pelo aparentemente infinito fornecimento de informações e pela democratização da distribuição de conteúdo na Internet; a outra é o desespero sobre a incapacidade de se manterem de pé os modelos de negócios da mídia tradicional. O “World Press Trends”, mais recente relatório da Associação Mundial de Jornais sobre o consumo de notícias, consegue encontrar apoio em ambos os casos.

Já de acordo com Robert Cookson, do Financial Times, no ano passado a indústria de mídia não conseguiu persuadir mais consumidores a pagar por seus serviços jornalísticos online, apesar de terem sido experimentadas novas maneiras de cobrar pelo conteúdo. Segundo uma pesquisa feita com 19 mil pessoas em dez países, coordenada pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo da Universidade de Oxford, apenas um em cada 10 usuários da internet está disposto a pagar pelo acesso à informação – proporção exatamente idêntica à de 2012.

2,5 bilhões de pessoas leram jornais impressos em 2013

Entre os usuários dispostos a pagar por jornalismo digital, a maioria ganha bem e pertence a grupos sociais de melhor educação, segundo o relatório da Reuters. Eles têm tendência a preferir as organizações jornalísticas mais conhecidas ou as que informam sobre o mercado financeiro. Nos EUA, 30% dos que têm assinatura de serviços jornalísticos digitais optaram pelo New York Times, 32% por um jornal local ou da cidade em que moram e 16% escolheram o Wall Street Journal. Em outros países, as principais publicações com assinaturas são o Times, na Grã-Bretanha; o Bild, na Alemanha; Le Monde na França e El Mundo na Espanha.

Mas a pesquisa constatou que a maioria dos usuários de internet continua procurando notícias online de serviços gratuitos, como o site da BBC News e o Daily Mail – assim como sites mais novos, como BuzzFeed e Upworthy.

O relatório da Associação Mundial de Jornais citado por Ingram – que se baseia em pesquisa feita em mais de 70 países – mostra que o consumo aumentou quase 25% no ano passado, tanto em jornais impressos quanto online. Segundo o estudo, 2,5 bilhões de pessoas consumiram notícias de jornais impressos em 2013 e apenas 800 milhões online. Larry Kilman, vice-presidente da Associação, destaca que a receita da mídia digital paga aumentou 60% em um ano, mas também reconhece que boa parte dos anúncios online vai para uma meia dúzia de empresas de internet, e a maioria deles, para o Google.