Tuesday, 21 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1288

Ajuda oficial à imprensa não afasta pessimismo

O momento não é fácil para a indústria jornalística francesa. O país vive sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. O presidente Nicolas Sarkozy anunciou recentemente um plano de ajuda de 600 milhões de euros (o equivalente a R$ 1,7 bilhão), nos próximos três anos, para a imprensa escrita. O apoio será por meio da diminuição de impostos para investidores em jornalismo online, aumento dos anúncios estatais em jornais impressos e online, negociação com sindicato de gráficos para baixar o custo de impressão e até mesmo distribuição de assinaturas para cidadãos franceses que completam 18 anos em 2009.

Ainda que o pacote anunciado por Sarkozy pareça um verdadeiro presente de mãe, a opinião de quem trabalha diariamente com jornal não é lá muito otimista. É o caso de Bernadette Lefevre, proprietária de uma banca de jornais em Paris há 20 anos. ‘A imprensa francesa está estagnada em uma era pós-Segunda Guerra. Temos um modelo de negócios caro e um Estado com regras de mais de 60 anos. Esta crise pode acabar com os mais fracos’, acredita. A própria Bernadette seria um exemplo: sofre ao negociar com distribuidores que nem sempre entregam no prazo e sindicatos difíceis de lidar, além de conviver com jornais cada vez mais caros em meio à crise econômica e um público que não lê o suficiente. Para completar, uma lei de 1974 não permite que jornaleiros na França escolham o que querem vender em suas bancas.

Monopólio e números ruins

A França tem 19 jornais nacionais, 68 regionais e mais de 400 revistas e outras publicações, de acordo com o OJD, organização que certifica a circulação de jornais e revistas. Jornais nacionais são distribuídos pela rede Nouvelles Messageries de la Presse Parisienne, um quase monopólio criado em 1947 que determina o que as bancas podem vender. A maior editora de jornais da França, Lagardere, é proprietária de 49% do Nouvelles Messagerie, sendo o restante de propriedade de uma cooperativa de jornais.

Uma pesquisa da TNS Media Intelligence revelou que o número de páginas de anúncios nos primeiros 25 dias de 2009 caiu 5% em diários, 17% nas revistas e 13% nos jornais gratuitos. Os dez maiores diários franceses registraram queda de circulação no ano passado, segundo dados do OJD – Le Figaro e Le Monde caíram 14% de 2001 a 2006. Na semana passada, bancas francesas ficaram vazias após uma greve geral de um dia que fechou as linhas de produção nas gráficas. Os trabalhadores dos setores públicos e privadas protestavam contra as políticas econômicas de Sarkozy. Informações de Helene Fouquet [Bloomberg, 30/1/09].