Thursday, 16 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Crescem dúvidas sobre sucesso de jornal para tablet


Folha de S.Paulo, 30/4


Camila Fusco


Venda de tablets no Brasil chega a 45 mil no 1º tri


Apesar da euforia em torno dos tablets, o mercado brasileiro comprou, no primeiro trimestre, cerca de 45 mil aparelhos, segundo números preliminares da consultoria IDC Brasil antecipados à Folha.


O volume, de acordo com a consultoria, ainda é considerado baixo e mostra que o país ainda não amadureceu para os tablets, na avaliação de Luciano Crippa, gerente de pesquisas de computação pessoal da consultoria.


‘O volume do primeiro trimestre de 2011 ainda é pequeno. Acreditamos que existe demanda maior para os aparelhos, o que devemos comprovar provavelmente na época do Natal. No momento, os brasileiros ainda estão tentando compreender suas aplicações’, afirma.


No ano passado -quando a categoria foi impulsionada pelo lançamento do iPad-, o mercado brasileiro consumiu cerca de 100 mil máquinas, sendo 64 mil iPads.


A falta de amadurecimento do mercado para o produto não foi o único fator para o baixo volume de vendas.


Segundo a Folha apurou, o desabastecimento de tablets no Brasil no período contribuiu para que muitos varejistas encontrassem dificuldade em encontrar os aparelhos já à disposição para entrega.


Para a indústria, no entanto, há a percepção que o amadurecimento do mercado não vai demorar, especialmente entre os consumidores corporativos. Entre os fabricantes atraídos pelo filão estão principalmente HP, Cisco, Asus e BlackBerry, que criaram sistemas mais robustos para a aplicação corporativa.


Batizado de Cius, o tablet da Cisco traz tela de 7 polegadas, duas câmeras de alta resolução para videoconferência e software de segurança que permite a gestão remota das aplicações. O foco são companhias que já são clientes dos sistemas de telefonia.


‘Temos hoje uma base de 250 mil telefones corporativos no país. Possivelmente boa parte dos clientes terá interesse em usar o tablet como uma ferramenta de videoconferência e que trafega dados seguros’, afirma Rodrigo Abreu, presidente da companhia no país.


Ele diz que adoções massivas do tablet entre as empresas brasileiras acontecerão a partir do ano que vem.


‘Esse vai ser o ano dos projetos-piloto, nenhuma empresa por prudência devem implantar projetos grandes, vão esperar ter todas as opções no mercado, principalmente aquelas que precisam integrar os tablets com suas aplicações corporativas.’




 


 


 


Folha de S.Paulo, 30/4


Álvaro Fagundes


Crescem dúvidas sobre sucesso do jornal para tablet ‘Daily’


O ‘Daily’, o primeiro jornal exclusivo para iPad, foi lançado com muito barulho no início de fevereiro, prometendo ser inovador.


Mas, passados quase três meses, o alvoroço perdeu força e crescem os questionamentos sobre seu sucesso.


A palavra oficial só deve sair na semana que vem, quando a News Corp., a empresa que lançou o ‘Daily’, divulgar seu balanço.


Mas alguns indicadores apontam para o revés do jornal para o tablet da Apple.


O principal deles é um estudo do Niemam Journalism Lab, da Universidade Harvard, que mostra que o número de tweets gerados pelo jornal vem caindo.


No dia de lançamento, o aplicativo do ‘Daily’ criou 387 mensagens no Twitter, ou seja, basicamente pessoas que leram suas reportagens e as recomendaram para seus seguidores na rede social. Duas semanas depois esse número estava em 104, e, no fim de março (dado mais recente disponível), ficou abaixo de cem.


No mês passado, o ‘Guardian’ disse que se estima que só 5.000 pessoas tinham feito a assinatura anual, que custa US$ 39,99. O número foi contestado pelo ‘Daily’, que, no entanto, não revelou quantos assinantes tem.


No dia do lançamento, Rupert Murdoch, o presidente da News Corp., afirmou que o jornal seria um sucesso quando vendesse milhões.


‘Nossas ambições são muito grandes, e nossos custos, muito baixos.’ O projeto exigiu investimentos de US$ 30 milhões.


15 MINUTOS DE FAMA


Para Ken Doctor, consultor do setor de mídia, o barulho criado pelo jornal da empresa de Murdoch é o equivalente aos 15 minutos de fama pregado por Andy Warhol.


‘Não me surpreende que não se tenha ouvido falar muito dele. Um produto cresce ou fracassa dependendo da sua qualidade.’


Para ele, o ‘Daily’ teve o seu ‘merecido momento no sol’ por ter sido o pioneiro no tablet, mas não tem um conteúdo nem um formato ‘distintos’, que atraiam o consumidor a adotá-lo.


Doctor continua otimista com o cenário para o jornalismo nos tablets, porém faz ressalvas no curto prazo. ‘O modelo de negócios ainda é imaturo.’


Mas prevê que esse cenário vai começar a melhorar no ano que vem, com mais gente adquirindo tablets.