Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

ISIS divulga vídeo com assassinato de jornalista americano

O ISIS divulgou na terça-feira [19/8] um vídeo mostrando a execução do jornalista americano James Foley, que foi sequestrado na Síria em novembro de 2012. Na gravação, postada no YouTube – e posteriormente removida do site –, Foley aparece afirmando que o governo americano é seu “verdadeiro assassino” antes de ser decapitado. Outro prisioneiro é mostrado no vídeo: o também jornalista americano Steven Joel Sotloff. O homem que comanda a execução, vestido de preto e mascarado, afirma – em inglês com sotaque britânico – que a vida de Sotloff está nas mãos do presidente Barack Obama.

Antes que fosse concluída a autenticidade do vídeo, o que ocorreu na quarta-feira [20/8], a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Caitlin Hayden, já havia declarado que o governo estava “horrorizado com o brutal assassinato de um jornalista americano inocente”. Após a confirmação, Obama condenou o crime e prometeu que os EUA farão “o que for necessário para que seja feita justiça”.

O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) é uma milícia jihadista que atua no Iraque e na Síria. O grupo, que auto-proclamou um estado próprio, tem levado terror por onde passa e costuma usar as redes sociais para divulgar seus feitos. O assassinato de Foley seria uma resposta à intervenção militar dos EUA no Iraque.

Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Foley – que trabalhava como freelancer para o site Global Post – é o 70º profissional de imprensa morto na Síria desde 1992. Mais de 80 foram sequestrados, e pelo menos 20 continuam desaparecidos no país. O CPJ, que nos últimos dois anos listou a Síria como o país mais perigoso para jornalistas, acredita que muitos destes profissionais tenham sido capturados pelo ISIS. Steven Sotloff, que é ameaçado no vídeo do grupo terrorista, também atuava como freelancer e desapareceu na Síria em agosto de 2013.

“O bárbaro assassinato do jornalista James Foley, sequestrado na Síria e mantido refém por quase dois anos, enoja qualquer pessoa decente. Foley foi à Síria para mostrar o estado do povo sírio, para testemunhar sua luta e, desta forma, para lutar pela liberdade de imprensa”, declarou a presidente do Conselho do CPJ, Sandra Mims Rowe.

Primeira página

A notícia do vídeo com o assassinato de Foley logo se espalhou pelas redes sociais. Na noite de terça-feira, o CEO do Twitter, Dick Costolo, postou uma mensagem afirmando que pessoas que divulgassem imagens do vídeo teriam suas contas suspensas:

 

Na manhã de quarta-feira, diversos usuários questionaram se o Twitter suspenderia a conta do New York Post, que trazia em sua primeira página justamente uma foto tirada da gravação: nela, o executor leva uma faca ao pescoço do jornalista [ver aqui]. O Twitter acabou se manifestando, e declarou que não suspenderia a conta do jornal. Ainda assim, o Post colecionou críticas por sua escolha editorial.

Adam Serwer, editor do BuzzFeed, tuitou que o ISIS deve ter ficado feliz com a capa do jornal:

 

O New York Daily News, principal concorrente do Post em Nova York, seguiu pelo mesmo caminho [ver aqui].

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