O ISIS divulgou mais um vídeo com um refém jornalista. Desta vez, no entanto, não foi mostrado um assassinato. Na gravação, o britânico John Cantlie, que foi sequestrado na Síria em 2012, faz a primeira declaração do que ele diz ser uma série de “programas” que serão produzidos pelo grupo extremista.
O fotojornalista, que trabalhava como freelancer, afirma que os governos britânico e americano devem mudar suas políticas de como lidar com sequestros. “É verdade que eu sou um prisioneiro. Isso não posso negar. Mas vendo que fui abandonado pelo meu governo e meu destino agora está nas mãos do Estado Islâmico, não tenho nada a perder”, afirmou no clipe postado na internet.
Em agosto, o ISIS divulgou outros três vídeos – todos mostrando a decapitação de civis, entre eles os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff. Estes vídeos eram parecidos: filmados em uma área externa, no que parece um deserto, com o algoz – de sotaque britânico – vestido de preto e mascarado ao lado da vítima, com roupa cor de laranja. Este último vídeo, no entanto, segue uma noval linha: foi filmado dentro de uma sala, de dois ângulos, e com iluminação cuidadosa. O jihadista – que, supõe-se, seja britânico – não aparece.
Calmo, Cantlie, de 43 anos, afirma no clipe de três minutos e meio que já trabalhou para alguns dos maiores jornais e revistas do Reino Unido, incluindo o Sun, o Sunday Times e o Sunday Telegraph. “Após duas guerras desastrosas e imensamente impopulares no Afeganistão e no Iraque, por que nossos governos parecem tão dispostos a se envolver em mais um conflito perdido? Eu vou mostrar a vocês a verdade por trás destes sistemas e da motivação do Estado Islâmico, e como a mídia ocidental, organização para quem eu costumava trabalhar, pode distorcer e manipular a verdade para o público. Cada história tem dois lados – vocês acham que estão vendo a imagem inteira?”, diz o jornalista.
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