Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Liberdade de expressão a um preço alto

No Iraque, 230 profissionais da mídia foram mortos desde a invasão americana, em 2003, segundo relatório da Repórteres Sem Fronteiras. Desde que o documento foi lançado na semana passada, mais dois jornalistas foram mortos. Os números incluem repórteres estrangeiros, mas a grande maioria dos jornalistas alvos da violência é de iraquianos, que continuam a fazer o seu trabalho, apesar dos riscos, informou Gabriel Gatehouse [BBC, 11/9/10].

No dia 7/9, o apresentador Riad al-Saray foi assassinado. Seu programa na estatal Iraqiya falava de política e religião. No conflito iraquiano, jornalistas são vítimas de extremistas, insurgentes e grupos de milícia. Mais de 20 profissionais da Iraqiya TV foram mortos nos últimos sete anos, mais que qualquer outro veículo de mídia no Iraque.

Um dia depois do assassinato de al-Saray, outro jornalista, Safah Abdul Hameed, foi morto em Mosul. Muitos dos assassinatos acontecem em troca de tiros ou atentados a bomba, mas muitos outros – como os de Hameed e al-Saray – são alvos específicos. E, em quase todos os casos, os crimes ficam sem punição.

O jornalista Omar al-Jabouri trabalha na TV al-Rasheed e diz ter sorte em estar vivo. Em abril deste ano, uma bomba magnética foi colocada sob o banco do seu carro e explodiu quando ele ia para a emissora. ‘Me vi deitado na rua. Não conseguia entender o que havia acontecido. Mas quando vi uma das minhas pernas no carro e outra na estrada, entendi. Coloquei as mãos no que havia sobrado delas, retirei meu cinto e envolvi na minha perna’, contou. O acidente aconteceu perto de uma patrulha e ele chamou um policial, que estava em estado de choque, sem acreditar no que havia acontecido. ‘Ele deve ter pensado que eu era um homem-bomba. Finalmente, ele veio com dois homens, me colocaram em um carro e me levaram ao hospital. Nunca vou esquecer deste momento, parecia que estava morrendo’.

Omar sobreviveu e voltou ao trabalho. Mas está confinado a uma cadeira de rodas, com as pernas amputadas. Mesmo com tudo o que aconteceu, ele não tem planos de deixar o jornalismo. ‘Acredito no que faço. Não fui fazer jornalismo por acaso. Amo meu trabalho e sempre defenderei a liberdade de expressão’, afirmou.