Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um jornalista morto, 27 feridos nos confrontos em Kiev

Uma delegação internacional de proteção a jornalistas e à liberdade de imprensa ouviu em Kiev, esta semana, relatos de testemunhas dando conta de que profissionais de imprensa e organizações de mídia se tornaram alvos de ataques nos confrontos entre a polícia e manifestantes contrários ao governo. Há diversos casos de violência e intimidação contra jornalistas – pelo menos 27 deles ficaram feridos quando cobriam os protestos dos últimos dias.

O caso mais grave é o do correspondente Vyacheslav Veremyi, que morreu na quarta-feira [19/2] no hospital, após ser atingido por um tiro no peito. Veremyi, de 33 anos, foi arrancado de um táxi quando voltava para casa na noite de terça [18/2]. O jornalista foi espancado e seus agressores atiraram depois que ele mostrou a credencial de imprensa. “Tarde da noite do dia anterior, pessoas mascaradas e não identificadas abriram fogo contra o nosso jornalista. Médicos lutaram por várias horas para salvar sua vida, mas ele morreu na mesa de operação”, declarou o jornal Vesti, onde Veremyi trabalhava.

A Missão Internacional de Parceria para a Segurança e Proteção de Jornalistas e Liberdade de Imprensa é formada por representantes de sindicatos de jornalistas da Ucrânia e associações de imprensa do país, além de organizações como a Repórteres Sem Fronteiras, a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA) e as Federações Europeia e Internacional de Jornalistas (EFJ/IFJ).

Impunidade

“Pelo menos 167 jornalistas foram feridos desde o início da crise política na Ucrânia, no fim de novembro de 2013. Muitos destes jornalistas foram alvos intencionais e nenhum destes casos foi devidamente investigado. Este estado de impunidade é inaceitável e estimula mais violência”, declararam representantes da delegação, que visita Kiev esta semana. Eles chamaram atenção para a cultura de impunidade ucraniana, que falha em investigar e punir crimes contra profissionais e organizações de imprensa, e para a pressão econômica usada pelo governo para inibir e desencorajar a veiculação de notícias. De acordo com depoimentos de testemunhas dos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, as autoridades têm tentado obstruir o acesso de organizações de mídia aos protestos. A crise no país teve início depois que o presidente Viktor Yanukovytch rejeitou um acordo de associação com a União Europeia, em novembro,  mantendo-se fiel à influência da Rússia.

A delegação divulgou um apelo para que as autoridades ucranianas cumpram sua obrigação de garantir que os ataques a jornalistas e profissionais de mídia em geral sejam interrompidos, para que o governo permita uma investigação imediata, independente e transparente para julgar aqueles responsáveis pelos ataques, e para que ponha em prática a legislação já existente que proíbe qualquer obstrução à atividade jornalística. A Missão defende ainda que haja um esforço internacional de proteção aos jornalistas e investigação dos crimes contra esses profissionais e pede que as autoridades ucranianas reconheçam o direito fundamental do público de receber informação precisa e diversificada e não censurem ou bloqueiem o trabalho da mídia independente.