Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Compacto

No embate dos gigantes, ganhou quem teve mais fibra. Mas falta uma etapa. Nesta euforia convém lembrar de 1950: jogo não se ganha de véspera, o placar que vale é o do próximo domingo depois do apito final. Mas a vida continua. Nosso Observatório não pode parar de observar o desempenho da mídia, mesmo porque a mídia não se esforça muito para diminuir o nosso trabalho.

Meu bloco de anotações começa com Veja. Hoje, em todos os grandes jornais brasileiros, apareceu um anúncio de um quarto de página em que a direção da editora Abril desculpa-se por graves erros de apuração na matéria de capa desta semana sobre falsificação de remédios. A gravidade do caso criou um precedente salutar num quadro onde a imprensa habitualmente é arrogante e prepotente.


O leitor brasileiro está acostumado com pequenas erratas num canto de página, não é comum uma auto-flagelação tão evidente de erros jornalísticos. Mas o importante ainda está por vir: vejamos o comportamento da empresa nas páginas da próxima revista, na próxima edição. Fiquem atentos.


Por coincidência, meu segundo tópico tem a ver com um caso parecido. Com desfechos e comportamentos diferentes. Ocorreu há poucos dias nos Estados Unidos com uma das maiores empresas jornalísticas do mundo. A famosa rede de Tv, CNN, conhecida pelas coberturas espetaculares dos grandes eventos mundiais, divulgou uma reportagem acusando os militares pelo uso do gás Sarin na Guerra do Vietnã. A matéria foi contestada pelo próprio perito da empresa e acabou transformando-se em escândalo nacional. A direção pediu desculpas, contratou um advogado especializado para fazer diligências internas e comunicou ao público o nome dos responsáveis com as respectivas punições. Mais ainda: anunciou que está criando uma espécie de ouvidoria para investigar os seus procedimentos jornalísticos e assumir a defesa do telespectador.


Está aí uma idéia que vale a pena copiar dos americanos. Uma atitude franca é o que se espera de uma empresa jornalística que goza de privilégios constitucionais para desenvolver os seus negócios.


Anotei também o desenvolvimento da farra lotérica que tratamos em nosso último programa. Nossas redes de televisão comercial, com exceção de uma, continuam desrespeitando o seu compromisso com a sociedade: continuam ignorando nos telejornais os desdobramentos jurídicos da suspensão dos telesorteios e, o pior, continuam com estes telecassinos no ar, apesar das diferentes proibições em diferentes instâncias. Esta é uma exibição de parcialidade que põe em dúvida a lisura de nosso telejornalismo.


O Observatório da Imprensa hoje, excepcionalmente, não é apresentado ao vivo. Em compensação, você terá a oportunidade de rever alguns dos melhores momentos desta série.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm