Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

A armadilha de Horowitz

DIRET?RIO ACAD?MICO

JORNAIS UNIVERSITÁRIOS

Brook King, editor do jornal estudantil da Universidade de Brown, nos EUA, afirmou que sabia que uma tempestade estava por vir e mesmo assim abriu-lhe as portas. Há algumas semanas, King leu sobre uma campanha de David Horowitz, autor conservador de Los Angeles, pela qual ele coloca anúncios em jornais universitários condenando o movimento para que os negros recebem indenização pela escravidão [ver remissão abaixo].

King disse que o anúncio parecia querer mexer com brios liberais. Como se tratava de um "importante debate nacional", resolveu levar adiante o desafio. "Mas não esperava tudo isso", afirmou King, formando da faculdade. Na semana retrasada, estudantes em protesto retiraram o Brown Daily Herald de circulação no campus.

King, segundo Diana Jean Schemo [The New York Times, 21/3/01], foi apenas mais um editor de jornal universitário a se enroscar na armadilha de Horowitz. A confusão se repetiu com o Daily Californian, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e com o Badger Herald, da Universidade de Wisconsin.

Horowitz afirma que as universidades americanas tendem à ortodoxia liberal, que trata a visão conservadora como lixo tóxico: servem para enterrar ou queimar, mas não para engatar um diálogo. "Universidades deveriam estimular esse tipo de discussão, e não encorajar rivalidades políticas em benefício de um lado", disse, chamando os estudantes revoltados de "fascistas universitários".

Em Brown, os manifestantes queriam que o jornal pagasse pelo erro, doando os US$ 725 que recebeu pelo anúncio à Coalizão de Estudantes do Terceiro Mundo, e oferecendo-lhes gratuitamente uma página de anúncios inteira, para refutar Horowitz. O jornal recusou-se a atendê-los, mas aumentou o espaço de artigos de opinião na edição do dia 19.

A ira do grupo, a princípio, voltou-se diretamente à decisão de publicar o anúncio, transformando a desavença em debate não sobre a recompensa a negros, mas sobre limites da expressão.

"Não é questão de livre discurso", disse Kohei Ishihara, último anista eleito porta-voz do grupo, "mas de lucros. O Herald lucrou a partir de distorção deliberada da história."


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