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A equipe de Live from Baghdad, que conta a história do time da CNN que cobriu a Guerra do Golfo em 1992, teve que correr com a produção por causa de uma concorrência um tanto sinistra: o filme ? que tem exibição prevista para 7/12/02, na HBO americana ? precisaria estar pronto antes que os EUA atacassem o Iraque novamente. Seu protagonista, o ator Michael Keaton, chama atenção a que normalmente os lançamentos tentam se adiantar às estréias de filmes concorrentes. "Desta vez estamos tentando bater a invasão".
Keaton faz o papel de Robert Wiener, produtor que coordenou a equipe que aceitou ficar em Bagdá quando Ted Turner, fundador da CNN, assumiu a responsabilidade sobre os jornalistas que aceitassem permanecer na guerra, contrariando a ordem de retirada do presidente da rede de notícias, Tom Johnson. Live from Baghdad é inspirado no livro que Wiener escreveu pouco depois do conflito. O roteiro ficou na mão do diretor Mick Jackson por mais de uma década até que a HBO (que, assim como a CNN, pertence à AOL Time Warner) resolvesse tirá-lo do papel.
A trama, filmada no Marrocos, se concentra em dois relacionamentos. O primeiro é a parceria quase romântica de Wiener e sua colega de longa data, a produtora Ingrid Romanek (interpretada por Helena Bonham). O ingrediente amoroso foi uma liberdade tomada para deixar a história mais interessante aos telespectadores. A outra relação ? nada romântica, ainda assim cordial ? é a de Wiener e o ministro da informação iraquiano, Naji al-Hadithi (David Suchet). Foram as negociações entre os dois que permitiram que a CNN tivesse um transmissor conhecido como "four wire" para mostrar ao mundo, com exclusividade, as luzes das bombas americanas no céus da capital do Iraque nos primeiros dias da Guerra do Golfo. Wiener conta ao New York Times [18/11/02], que até hoje tem bom relacionamento com o ministro. Ele pondera, no entanto, que as coisas agora serão mais difíceis para os jornalistas. "Desta vez, os iraquianos estarão muito mais preocupados com sua própria sobrevivência que com manter a CNN no ar".