THE WASHINGTON POST
Michael Getler, ombudsman do Washington Post, em sua coluna de 27/1, cita diversas falhas do jornal para as quais os leitores chamaram a atenção. Como em artigos anteriores, os erros de identificação de pessoas tomam boa parte do texto. No dia 20/1, por exemplo, uma nota identificou Robert S. McNamara como ex-secretário de Estado, quando na verdade ele foi secretário de Defesa. Na mesma edição, uma confusão semelhante ocorreu em uma legenda de foto do ex-secretário de Defesa William S. Cohen, identificado como antigo secretário de Estado. Neste caso, o erro é grave porque a imagem tinha sido legendada corretamente pela AP, a agência da qual a foto foi comprada, e foi alterada na redação do Post sem que ninguém notasse o equívoco.
O noticiário internacional gerou reclamações de leitores também. Quando um palestino invadiu armado uma festa de bar-mitzvah em Israel e atirou nos convidados matando seis pessoas e ferindo 30, a manchete que ganhou capa foi "Celebração israelense vira tragédia". Mesmo no subtítulo, reclama um leitor, não foi feita menção ao fato de que o assassino era palestino, o que, neste caso, é de fundamental importância. O Post, em seguida, é acusado de ter uma posição anti-Israel. Getler concorda que aquele texto foi um erro do jornal, mas ressalta a grande dificuldade dos editores em cobrir o conflito do Oriente Médio com imparcialidade. O Post, no entanto, foi um dos poucos jornais grandes que não citaram a origem do atirador.
O ombudsman critica, finalmente, uma matéria do repórter Rick Weiss sobre o novo Conselho de Bioética americano. Cartas chegaram reclamando de vários aspectos do artigo, mas Getler seleciona uma comparação do jornalista que nenhuma deixou passar em branco: "Em novembro, pesquisadores anunciaram que tinham feito os primeiros clones de embriões humanos, causando imediatos alertas de religiosos conservadores e afins, de que a ciência já não estava servindo à vontade moral da nação. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos lutavam para libertar uma distante nação das garras de religiosos conservadores que foram denunciados por imporem seu código moral aos outros". Lembrando que Weiss é um excelente jornalista científico, Getler posiciona-se do lado dos leitores que viram com maus olhos esse trecho. Nada, afirma, distrai mais o leitor de um bom trabalho de reportagem que uma história contada com óbvia tendenciosidade.