Thursday, 10 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

As dúvidas na recontagem

MONITOR DA IMPRENSA


VEXAME ELEITORAL

No dia 11 de maio, o USA Today e o Miami Herald finalmente revelaram os resultados de sua recontagem independente dos votos da eleição americana, de novembro passado. Os jornais haviam montado uma coalizão para solucionar as tumultuadas eleições para presidente dos Estados Unidos ? que acabaram por eleger George W. Bush ?, contando mais de 170 mil votos em cédulas defeituosas não-registradas na Flórida.

Os jornais, segundo a Associated Press (11/5/01), declaram não ter chegado a um vitorioso absoluto. Bush teria vencido numa recontagem manual sob os mais rígidos padrões, enquanto Al Gore ganhou no padrão mais liberal de recontagem. O USA Today, no entanto, concluiu que Gore perdeu por cerca de 20 mil votos, porque mais eleitores democratas do que republicanos fizeram mais de um furo na cédula, anulando-a.

"No final das contas, a lição que fica é que nosso sistema é tão confuso, leva tanta gente ao erro, que o resultado real das eleições é uma incógnita", disse Doug Pardue, editor de projetos do USA Today. "Então, o que mudou?", perguntou o republicano Marc Racicot, ex-governador de Montana. "A única contagem que vale é a conduzida sob a legislação vigente."

Para os democratas, os resultados confirmar suas suspeitas. "Esses números fizeram voltar a sensação de que mais pessoas votaram em Gore do que em Bush", afirmou Doug Hattaway, ex-porta-voz da campanha de Gore. "É difícil nos conter quando pensamos nas possibilidades."

Um grupo que inclui a Associated Press, o New York Times, o Washington Post, a CNN, o Palm Beach Post, o St. Petersburg Times, o Wall Street Journal e todos os jornais da Tribune Publishing está analisando todas as cédulas da Flórida com furos insuficientes para contagem.

VALOR, 1o ANO

Mal o Valor Econômico comemorou um ano no dia 2 de maio e já tem outro motivo para celebrar. O diário econômico está chamando atenção de publishers da América Latina e de experts da indústria nos EUA. "Valor é algo realmente novo, inovador, um modelo de modernidade", afirmou Juan Antonio Giner, consultor de jornais, em sua coluna da Associação Internacional de Marketing de Jornais (Inma). "Você não precisa saber português para perceber que está olhando para um dos jornais mais interessantes já publicados."

Afirma Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 7/5/01] que o Valor é obra de 50 milhões de dólares de dois gigantes da mídia brasileira antagônicos historicamente ? os grupos Folha e Globo. Fitzgerald também compara a Gazeta Mercantil, concorrente do Valor, ao Wall Street Journal. Para os jornais americanos, o mais interessante sobre o Valor é que atinge aparentemente um novo mercado para diários de negócios. Num ano, o jornal chegou à circulação de 80 mil exemplares, enquanto a Gazeta elevou sua venda de 117 mil para 125 mil.

O fato de a GM continuar ganhando leitores mesmo com o advento do Valor mostra que a premissa do jornal aniversariante estava certa. "Há um grupo de pessoas interessado em negócios, mas que por falta de apelo não compra jornais financeiros", disse Carlos Eduardo Lins da Silva, editor-executivo do Valor.


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