Monday, 07 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Cahiers du Cinéma, ano 50

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ARMAZÉM LITERÁRIO

Autores, idéias e tudo o que cabe num livro

CAIXOTINS


Leneide Duarte

Sob nova direção desde outubro de 2000, quando passou a pertencer ao jornal Le Monde, a revista Cahiers du Cinéma, completou 50 anos em abril. Para marcar a data, a mais prestigiada revista de cinema do mundo lançou uma edição especial.

O número 556, que comemora meio século e já se transformou em raridade disputada por cinéfilos, tem a capa amarela, tradição da revista durante muitos anos, e reproduz em suas 130 páginas todas as 555 capas anteriores. A histórica publicação, que revelou talentos críticos como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Jacques Rivette e Claude Chabrol _ que saíram das páginas da revista para construírem bem-sucedidas carreiras de diretores do cinema francês _ comemora sua paixão pela sétima arte com um número em que brilham o filósofo francês Jacques Derrida, numa entrevista sobre suas reminiscências cinematográficas, e o cineasta italiano Bernardo Bertolucci. Um artigo assinado por Ivana Bentes analisa o estágio atual do cinema brasileiro depois de uma década considerada perdida e uma reportagem especial conta a utopia de Roberto Rossellini, o genial realizador de Roma, cidade aberta, que começou a fazer uma enciclopédia televisada.

Elle, a mais importante revista feminina francesa, se engajou na luta das mulheres afegãs, pelo direito de trabalhar, de estudar e de poder sair às ruas sem o humilhante tchadri, o traje que cobre completamente as mulheres de mais de 12 anos. Na capa do primeiro número de maio, pela primeira vez o rosto bonito de uma atriz ou de uma modelo cede lugar a uma mulher sem rosto: a foto de capa é de uma afegã de rosto coberto pelo tchadri. Revolucionando toda sua história, o semanário feminino mais lido na França dedicou um número especial à denúncia das atrocidades cometidas pelos talibãs contra as mulheres desde que assumiram o poder no Afeganistão, em 1996. A revista conta a história das últimas décadas da história política e social do país e das lutas das mulheres afegãs pelo direito de cidadania. Um dossiê completo, com reportagem, artigos assinados e muitas fotos revela o escândalo de uma população esmagada em seus direitos fundamentais pelo único fato de pertencer ao sexo feminino. Uma das articulistas da Elle, a filósofa e ensaísta Elisabeth Badinter, lançou um apelo no jornal Le Monde conclamando seus compatriotas a assinarem um documento em defesa das mulheres afegãs. O abaixo-assinado vai ser enviado à ONU quando alcançar 500 mil assinaturas.

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