Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Eduardo Ribeiro

GZM EM CRISE

“Funcionários da GZM entram na Justiça”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 12/01/03

“Com a adesão de 305 jornalistas do Brasil todo (praticamente 98% da equipe de redação), além do apoio dos funcionários de todas as outras áreas da empresa, a Associação dos Empregados e Prestadores de Serviços do Grupo Gazeta Mercantil entrou na Justiça com uma ação exigindo o pagamento dos salários atrasados. A ação foi distribuída nesta segunda-feira (13/01) e solicita a concessão de medida liminar determinando o arresto dos bens patrimoniais da empresa em garantia ao pagamento dos salários e demais encargos trabalhistas em atraso. Portanto, a qualquer momento a Justiça poderá conceder medida liminar aos funcionários (através da Associação) exigindo o pagamento de todos os atrasados dos últimos 18 meses, período em que se deflagrou a crise no jornal.

Paulo Totti, editor-chefe do jornal e integrante da Associação, disse a Comunique-se que os jornalistas da Gazeta Mercantil já não mais conseguem sobreviver com dignidade a esta situação, e sem isso não há como o jornal sair do estado pré-falimentar em que está há meses.

Totti lembra que nos últimos 18 meses os funcionários da Gazeta receberam apenas 11 salários e nada dos dois últimos décimos-terceiros (2001 e 2002) e outras remunerações como férias, FGTS etc.

Embora contra a Gazeta Mercantil, em termos objetivos, a ação subjetivamente é a favor de uma causa: a de manter vivo um dos mais importantes jornais do País. Daí Totti garantir que três dos principais objetivos dos jornalistas são:

* Manter o compromisso profissional com os leitores;

* Manter o sentido da democratização da informação econômica;

* Assegurar os empregos dos atuais funcionários do jornal.

Trata-se de uma ação original, que tem por base, segundo diz Totti, um grupo de jornalistas com credibilidade e uma empresa que infelizmente perdeu o crédito.

Os advogados que assinam a petição à Justiça são Ronaldo Martins e Edmílson Gomes de Oliveira, do escritório Martins & Sálvia.

Com a ação, os colegas do jornal também objetivam evitar a blindagem da empresa, como ocorreu com Jornal do Brasil, quando se entregou ao novo controlador a parte boa (leia-se: créditos), deixando os credores, incluindo os funcionários, ao deus dará.

A questão é dramática, como temos visto nesses últimos meses. E por maior que seja o esforço da equipe, que tem sido de uma dignidade ímpar nesse processo, não há como assegurar a continuidade do jornal e da empresa, trabalhando sem receber salários. A questão é de vida ou morte, portanto.

Esta é uma das maiores causas trabalhistas dos últimos tempos, particularmente no segmento do jornalismo.

No último sábado (11/1), os funcionários, com presença elevada sobretudo dos colegas de São Paulo, reuniram-se em assembléia tanto para ratificar a continuidade do processo quanto para definir os próximos passos, tão logo saia a liminar.

Paralelamente, a empresa informa ter mantido negociações com novos interessados no jornal, mas nada que já pudesse significar uma nova chama de esperança.

Tudo faz crer, portanto, que teremos uma semana decisiva no caso Gazeta Mercantil.”

 

GLOBO EM CRISE

“Prejuízo da Globopar cresce 140%”, copyright Folha de S. Paulo, 9/01/03

“A Globopar (Globo Comunicações e Participações S.A.), holding que controla empresas como a TV Globo, Net e Editora Globo, registrou um prejuízo de R$ 3,4 bilhões nos primeiros nove meses do ano passado.

As perdas foram 142,86% maiores do que o prejuízo de R$ 1,4 bilhão que a companhia registrou no mesmo período de 2001, segundo o balanço divulgado nesta semana pela companhia.

Somente no terceiro trimestre de 2002, a Globopar teve perdas de R$ 1,8 bilhão, o que correspondeu a um crescimento de 260% em relação ao desempenho registrado entre julho e setembro do ano anterior.

Segundo a Globopar, a desvalorização do real em relação ao dólar foi o principal motivo para as perdas no terceiro trimestre de 2002. O faturamento bruto da Globopar entre janeiro e setembro de 2002 foi de R$ 1 bilhão, pouco superior ao do mesmo período de 2001. A dívida em setembro atingiu R$ 6,1 bilhões, 17% a mais que os R$ 5,2 bilhões que a empresa acumulava no mesmo mês de 2001.

Diante dessa situação financeira, a holding deixou de pagar aproximadamente US$ 3 milhões de juros aos seus credores no dia 1? de novembro de 2002. No dia 5 de dezembro, mais US$ 25 milhões deixaram de ser pagos.

Essas medidas levaram a companhia a deixar de pagar outras obrigações, caracterizando uma situação de ?default?.

Em dezembro, a Net (nova denominação da Globocabo) decidiu suspender o acordo que estava para ser assinado com seus credores para o refinanciamento de sua dívida de R$ 1,2 bilhão.

A decisão levou a agência de classificação de risco norte-americana Standard & Poor?s a rebaixar sua nota para os papéis da companhia de CC para D.

Lucros na TV

A TV Globo permanece sendo a maior geradora de receita da Globopar. Registrou um lucro líquido de R$ 216 milhões nos nove primeiros meses de 2002. O desempenho foi 12,5% menor que os R$ 247 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.

No terceiro trimestre do ano passado, a TV Globo teve lucro de R$ 142 milhões, o que representou um aumento de 19% em relação ao desempenho entre julho e setembro de 2001. Colaborou Daniel Castro, colunista da Folha”

“Globopar teve prejuízo de R$1,8 bilhão no 3? trimestre”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 10/01/03

“A Globopar, holding que concentra as empresas das Organizações Globo, teve um prejuízo de R$1,8 bilhão no terceiro trimestre de 2002. No mesmo período no ano anterior, o valor foi de R$540,8 milhões. No acumulado dos nove primeiros meses de 2002,a holding teve perdas de R$3,47 bilhões. Em 2001, no mesmo período, o prejuízo foi de R$1,41 bilhão. A dívida consolidada, em nove meses, somou R$6,1 bilhões, face aos R$5,2 bilhões do mesmo período de 2001.

As informações fazem parte do balanço consolidado da Globopar nos três primeiros trimestres de 2002, divulgados nesta semana. O relatório destaca que os resultados do terceiro trimestre refletem ajustes contábeis, passando da consolidação total para parcial em algumas empresas que sofreram mudanças no nível de controle acionário da holding. O impacto maior foi na Net Serviços e Sky Brasil.

O Ebitda (sigla em inglês de geração de caixa) do terceiro trimestre subiu de R$51,2 milhões para R$86,6 milhões. A receita acumulada da Globopar foi de R$2,66 bilhões, superior aos R$2,414 nos nove primeiros meses do ano anterior.

A TV Globo, responsável por 61% das receitas da holding, apresentou lucro de R$216 milhões de janeiro a setembro de 2002, resultado 12,5% inferior aos R$247 milhões no mesmo período de 2001.”