Friday, 11 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Estrela Serrano

DIÁRIO DE NOTÍCIAS

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"?Como acreditar em estudos, pesquisas, análises feitas pelo DN, mediante tantas incorrecções em coisas tão simples??, pergunta João Carlos B. Carneiro. A carta que dirige à provedora tem apenas esta frase, mas é acompanhada de 30 recortes do jornal, devidamente anotados no que respeita a erros que detectou. Trata-se de aspectos que envolvem datas, nomes de localidades e dos seus habitantes, resultados de competições desportivas, informações relativas ao share dos canais de televisão e outros. Metade dos erros seleccionados incide sobre notícias de desporto, respeitando os restantes a programas de televisão e a notícias várias publicadas como ?breves?.

A maioria reflecte desatenção por parte do jornal, sobretudo nas datas em que é suposto as informações saírem, mas que são adiadas, sem que a referência temporal seja alterada (por exemplo, dizer, num sábado, que ?amanhã e domingo? vai ser feita angariação de alimentos – notícia ?breve? de 5/5), ou escrever que vão ser enviadas ?cartas aos pais com idades até aos 10 anos? (notícia de 3/5 sobre urgências pediátricas). Outro leitor, Manuel da Silva, escreveu à provedora a queixar-se dos prejuízos que lhe foram causados por uma informação errada, publicada no ?Guia do Investidor?, relativa à empresa Portucel (27/4). Segundo o leitor, a informação foi publicada ?durante 15 dias? e, com base nela, comprou acções que lhe trouxeram grande prejuízo. Manuel da Silva pergunta ?como podem acontecer coisas desta natureza (…) que prejudicaram muitas pessoas (…)? e considera o jornal ?responsável pelas informações incorrectas e pelos prejuízos que delas advêm?. O editor da secção Negócios, Vítor Martins, esclarece que as ?informações úteis publicadas no ?Guia do Investidor? são retiradas do boletim oficial da Bolsa?. O editor afirma que ?os leitores que investem no mercado devem sempre confirmar a informação junto da empresa?. No caso referido, diz o editor, ?não houve correcção?, como se verifica na informação divulgada pelo ?Portal da Bolsa? (de que enviou cópia à provedora).

Outros leitores manifestam preocupação com o uso da língua portuguesa, como é o caso de José António Fonseca, Nuno Garrido e Manuel Cordeiro.

J. A. Fonseca encontrou a frase ?vem de encontro aos…? em vez de ?vem ao encontro dos…? (DN, 13/6, p. 22), afirmando que ?os media têm uma responsabilidade acrescida na defesa da correcta utilização da língua portuguesa?. Nuno Garrido aponta um erro ortográfico (12/6) e desabafa: ?Que diferença para o DN de Augusto de Castro, em que se cultivava o gosto pela palavra correctamente escrita!? Manuel Cordeiro encontrou um erro de concordância na edição Internet de 2/5 e interroga-se sobre como pode isso acontecer. Todos perguntam se ?já não há revisores de provas?.

O tratamento dado às cartas dos leitores é também objecto de queixas à provedora, apesar de não se inserir no âmbito das suas funções.

O leitor Joaquim de Carvalho enviou ao DN uma carta (sobre Cabinda), publicada em 23 de Abril, com ?eliminação de linhas que truncaram ideias essenciais?. O leitor propõe que, ?tratando-se de textos curtos e claros, o DN siga o princípio de não os alterar, ao menos, sem avisar o autor?.

Também António Manuel Batista protestou por o DN ter ?amputado parte essencial? de uma carta em que comentava declarações de José Saramago sobre ?a existência de água em Marte?, publicadas pelo DN em 18 de Abril, o que, segundo diz, ?retirou pertinência à reacção? que motivou a carta. O leitor reconhece que a sua carta era longa e, por isso, escreveu ao DN pedindo para ser informado se a carta seria, ou não, publicada na íntegra. Não tendo obtido resposta, ficou ?surpreendido? com a sua publicação parcial, lamentando que o seu desejo de que o texto não fosse publicado ?senão na íntegra? não tivesse sido cumprido. O director do DN, Mário Resendes, consultado pela provedora, respondeu que o jornal ?procura tratar com consideração e cuidado as cartas dos leitores?, afirmando que ?o indispensável resumo das cartas mais extensas tem sempre desvantagens. Mas não há alternativas?, diz o director.

Embora as regras a que são submetidas as cartas dos leitores sejam diariamente divulgadas na respectiva rubrica, a provedora considera que, neste último caso, ter-se-ia justificado informar o leitor de que não era possível publicar a sua carta na íntegra. Outros leitores, como Fernando Pais, Manuel Mendes de Carvalho, António Mendes, Justino Marques, António Vaz e F. Fezas Vital, enviaram à provedora artigos que gostariam de ver publicados no DN sobre temas que consideram de interesse. Em alguns casos, são segundas vias de cartas já anteriormente enviadas ao jornal. A provedora, não tem, obviamente, qualquer influência sobre o conteúdo do jornal, remetendo para a direcção essas mensagens. Mas considera que seria importante que o jornal dedicasse uma maior atenção ao contacto com os leitores, dado todas estas mensagens traduzirem um grande interesse pelo jornal e um desejo de o tornar cada vez mais próximo dos seus destinatários. É preciso não esquecer que, como diz o leitor Nelson Henriques numa mensagem enviada à provedora, ?os leitores têm muito pouca audiência nos media, embora sejam eles a razão da sua existência e não os jornalistas (…)?.

BLOCO-NOTAS

?Jornalismo e política?

A jornalista do DN Paula Costa Simões, autora da notícia ?Guterres já tem substituto para a ministra Arcanjo?, escreveu à provedora, lamentando que se tenha debruçado sobre este assunto, na coluna da semana passada, sem ter esperado pela sua resposta, ou pela resposta das outras pessoas do jornal a quem a provedora solicitou um comentário ao desmentido do Gabinete do primeiro-ministro sobre uma reunião e um convite ao presidente do Infarmed para substituir Manuela Arcanjo. A jornalista justifica o não cumprimento do prazo de resposta à provedora com ?o grande volume de trabalho que a Política Nacional teve, na semana passada, por causa da remodelação?. Sobre o desmentido, diz a jornalista: ?Quero reafirmar a veracidade das informações veiculadas na notícia em causa, e que foram motivo, aliás, de uma segunda notícia, no dia 23 de Junho.? Segundo Paula C. Simões, ?o DN confirmou, em dois momentos e junto de várias fontes, ter havido conversas entre António Guterres e Miguel Andrade, presidente do Infarmed, sobre a área da Saúde e tendo como pano de fundo um convite ao referido responsável para ser o próximo ministro da Saúde?. A jornalista afirma, ainda, que a não identificação das fontes citadas nas duas notícias se deve ao ?pedido das próprias?, acrescentando que a credibilidade que essas fontes lhe merecem ?é total?. Como prova dessa credibilidade, sublinha que ?nas mesmas duas peças era adiantada e reafirmada a informação de que Manuela Arcanjo já tinha pedido a sua demissão ao primeiro-ministro, tendo-lhe este pedido que aguardasse até ao dia da aprovação do Orçamento Rectificativo?. Segundo a jornalista, ?essa informação também foi alvo de um desmentido do Gabinete do primeiro-ministro e do Gabinete da então ministra da Saúde, mas correspondia à verdade, tal como ficou expresso no próprio dia da remodelação, por declarações públicas de Manuela Arcanjo?. Paula C. Simões reconhece que não confirmou as informações ?por via oficial?, porque, ?como os acontecimentos vieram a provar, não era seguindo as informações veiculadas pelo Gabinete do primeiro-ministro que o DN informaria com rigor os seus leitores?.

?O imenso poder?

O leitor David Rylatt também escreveu à provedora a propósito da coluna ?Jornalismo e Política?. Apesar de ter considerado a referida coluna ?interessante e informativa?, afirma que não compreende a razão pela qual a provedora não se debruçou sobre ?o imenso poder que o jornalista possui no mundo da política?. Segundo o leitor, ?o facto de o jornalista ter o poder de decidir qual e quando certa informação (obtida de fontes anónimas) deve ser publicada significa que o jornalista pode, estrategicamente, manipular certos acontecimentos políticos, o que, por sua vez, pode ou não influenciar certas decisões, ou opiniões públicas, ou políticas?. O leitor pede à provedora que se pronuncie sobre ?O poder dos jornalistas?."

    
    
                     

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