Thursday, 10 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Maria Carolina Maia

AOL TIME WARNER

"Turner elege Brasil como mercado prioritário", copyright Cidade Biz, 17/5/02

"O Brasil é prioridade para a Turner Broadcasting System (TBS), empresa da AOL Time Warner que controla, entre outros, o Cartoon Network e o TNT, canais que são líderes da TV a cabo no país, tanto entre o público infantil quanto entre a audiência adulta. Satisfeita com o bom desempenho comercial das emissoras, a Turner quer mais. E nos seus planos está contido um antigo projeto, o de produzir uma CNN em português.

A escolha do Brasil como alvo foi comunicada pela Turner aos mídias brasileiros que estiveram em Nova York há duas semanas para uma reciclagem profissional. ?O país é a maior prioridade depois do Japão, escolhido como mercado número 1?, conta o analista de mídia Antônio Rosa Neto, responsável pela organização da viagem.

Rosa Neto lembra que a Turner obteve um sucesso rápido no Brasil. ?A executiva Gretchen Colon veio de Nova York para abrir a área comercial da empresa aqui e, em quatro anos, foi promovida a gerente geral para a América Latina.? Os resultados positivos coletados pelo Cartoon e TNT abriram caminho para que outro canal da Turner desembarcasse no país, o Boomerang, de desenhos antigos.

A CNN brasileira está em compasso de espera. Já faz três anos que a Turner demonstrou interesse em lançar o canal de notícias no país, dentro do mesmo formato do original: 24 horas no ar e noticiário local, com produção de jornalistas brasileiros. Recentemente, a empresa andou sondando o público formado por executivos de alto escalão – telespectadores em potencial de uma CNN em português. Encomendou um estudo à IATS, a International Air Taveller Survey, que, segundo ela, cobre melhor este filão que os dados do Ibope.

Por meio da pesquisa, descobriu que a CNN, internacional e em espanhol, era preferida à Globo News pelos entrevistados. Deles, 45% disseram assistir os canais de Ted Turner, enquanto 41% responderam acompanhar a Globo News. Dos executivos ouvidos, 54% disseram assistir à CNNi pelo menos uma vez por semana. A CNN en Espanol é vista uma vez por semana por 40%. E a Globo News, por 28%. A CNNi tem 29% de sua audiência na América Latina concentrada no Brasil, e 20% na Argentina.

Para tirar do papel a CNN em português, porém, a Turner tem pela frente o mesmo obstáculo que Rupert Murdoch tem para lançar sua Fox News brasileira: a Globo, que não quer concorrência para sua Globo News. E, sem o aval da Família Marinho, não é possível disponibilizar qualquer canal pelas duas maiores redes de TV fechada do país, a Net e a Sky, que juntas dominam 70% do segmento. A Globo é inclusive a sócia de Murdoch na Sky brasileira. Ambos terão de entrar em sintonia para que a Fox News entre no ar.

A Sky é uma operação internacional, controlada com mãos de ferro por Murdoch – empresário de atitudes intempestivas e que detesta ser contrariado. Além disso, na América Latina ele tem como sócio da Sky o empresário mexicano Carlos Slim, dono da telefônica Telmex, que no Brasil começa a dar seus primeiros passos no setor de telecomunicações através da Telecom Américas, sócia da ATL, de telefonia móvel no Rio de Janeiro.

Slim, tido pela revista Forbes como o homem mais rico da América Latina, já foi visto em andanças pelo Brasil. Mais cedo ou mais tarde estenderá seus interesses para cá. Pode ser o parceiro que Murdoch precisa para tentar comprar a parte da Globo na Sky, sobretudo nestes tempos de caixa baixo da família Marinho."

 


"Novo chefão da AOL Time Warner tem um abacaxi nas mãos", copyright Comunique-se, 15/5/02

"Richard Parsons, da AOL Time Warner Inc., disse ter consciência de que não terá uma ?lua-de-mel? com os investidores quando assumir nesta semana como principal executivo da maior empresa mundial de mídia e internet.

?Não recebi nem presentes de casamento?, brincou Parsons durante conferência, neste mês. A AOL Time Warner informou em dezembro que Parsons, atual co-diretor operacional, iria suceder Gerald Levin, que está se aposentando 14 meses depois de a empresa ter sido criada, na maior aquisição corporativa já feita. Parsons assume como principal executivo nesta quinta-feira, durante a reunião anual da empresa em Nova York.

Desde a reunião do ano passado, as ações da AOL Time Warner despencaram 67%, em meio à queda nas vendas de anúncios e à desaceleração no crescimento do número de assinantes da America Online.

As operações com internet, chamadas por Levin, há um ano, de a ?menina dos olhos? da empresa, agora puxam as ações para baixo, segundo investidores. As condições podem piorar para Parsons antes de voltar a melhorar, acrescentam.

?Não acho que a America Online já tenha chegado ao fundo do poço?, avaliou Allison Shaw, vice-presidente da empresa de gestão de recursos Independence Investment LLC, uma unidade da John Hancock Funds, que administra US$ 125 bilhões em ativos e possui ações da AOL Time Warner.

As vendas de anúncios da America Online caíram 31% no primeiro trimestre, o segundo declínio trimestral consecutivo. No quarto trimestre, o recuo havia sido de 7,1%.

Sob o comando dos co-presidentes do Conselho Administrativo, Stephen Case e Levin, a AOL Time Warner fez promessas de novos produtos pela internet, como serviços de televisão interativa, de redes domésticas e de conexões entre vários cômodos e aparelhos de uma casa por meio de linhas de internet de alta velocidade.

Parsons sinalizou que projetos de longo prazo como esses não serão sua prioridade. Em vez disso, um de seus principais objetivos durante os primeiros seis meses como executivo-chefe será fazer a America Online voltar a seu “caminho de crescimento?, segundo disse a investidores em conferência no Banc of America Securities, em Nova York, no dia 2 de maio.

?Talvez algum dia (a America Online) será a menina dos olhos, mas neste exato momento precisa desesperadamente de ajuda?, observou Michael Florin, analista da U.S. Trust Co., que administra US$ 93 bilhões e possuía 14,6 milhões de ações da AOL Time Warner, em março, de acordo com registros em órgãos federais. Uma das ?coisas mais importantes para Parsons agora é mostrar que os problemas da divisão podem ser consertados.?

O encontro anual será realizado no Apollo Theater, em Nova York, no distrito de Harlem. Levin, Parsons e Case falarão. O encontro deverá durar cerca de duas horas e também terá uma homenagem a Levin.

Espera-se que Parsons reitere suas metas de reanimar o crescimento da America Online, facilitar a compreensão da estrutura financeira da empresa para os investidores e manter o rating de risco de crédito da empresa dentro faixa de grau de investimento, patamar referencial de segurança para o mercado. Os investidores não acreditam que os comentários de Parsons ajudarão as ações. Os investidores desejarão ver resultados.

?Ele havia dito a Wall Street que levará tempo para dar uma reviravolta e ele está certo?, afirmou Dan Peris, analista da Argus Research, que classifica as ações da AOL Time Warner como ?comprar?. ?Uma vez que os problemas sejam resolvidos e a economia melhore, as ações terão uma longa e lenta recuperação?."

 

WEBDIAGRAMAÇÃO

"Links e colunas", copyright O Globo, 13/5/02

"?Logo que os jornais tradicionais migraram para a web, o primeiro impulso foi simplesmente importar os conceitos estéticos e funcionais diretamente do papel para a tela, com algumas mínimas adequações. Uma das bobeiras cometidas neste processo tem sido a subutilização do conceito de hipertexto, tão facilmente implementável nos browsers. Em muitos sites de notícias, ainda é bastante pobre o uso de hiperlinks embutidos no corpo da notícia, muitas vezes sob a alegação de que é antiprodutivo quebrar o ritmo da leitora enquanto ela digere o texto. E quebra mesmo, não se pode negar, pois infelizmente o internauta médio não costuma manter aberta a subjanelinha histórica do browser, aquela que exibe, em ordem de visitação, os últimos sites acessados. Com isso, quando sai clicando em um link após o outro, muitas vezes a leitora depois nem se lembra direito de onde estava o artigo original que a levou tão longe. Para se precaver contra este efeito realmente indesejável, alguns sites oferecem hiperlinks que abrem sempre uma nova janela de tamanho um pouco menor do que o da janela corrente, apenas o suficiente para que a leitora perceba que ainda continua lá atrás o primeiro texto que estava lendo. É claro que este truque pode ir por água abaixo logo no click seguinte, com a abertura de um novo janelão em tela cheia, confundindo a leitora desatenta. Há também casos que representam o oposto, sites que enfiam tantos hiperlinks no texto de seus artigos que o visual se torna irritante, especialmente quando cada link é sublinhado e numa cor gritantemente diversa da do texto comum. Pelo que se vê, então, o negócio é seguir a filosofia chinesa – trilhar o caminho do meio – nem abolir os links, nem abusar deles.

Outro fator também muito importante no tratamento visual de notícias na web é o comprimento da linha de texto. Quando se lê um artigo, lá se vai o olho para a margem esquerda no início do primeiro parágrafo e começa a varredura percorrendo linha a linha da esquerda para a direita (a menos que seja um texto em hebraico ou árabe, em que se lê da direita para a esquerda). Com linhas longas demais, o efeito óbvio é que a criatura pode se perder no movimento ocular rápido de retorno para capturar a linha seguinte. Daí serem os jornais impressos em colunas estreitinhas, otimizando os movimentos de varredura das linhas. Mas e na web, gente fina? Cadê as colunas na web?

Quando os jornais tradicionais se webzaram, a turma se preocupou primeiramente em atulhar o visual com detestáveis banners, boxezinhos e animações. ?O texto que se dane?, pensaram os gananciosos webmasters de antanho, ?o negócio é faturar!?. Com isso, o texto foi se minhocando no espaço que sobrava, encaixando-se do jeito que desse e quase causando cãibra na musculatura ocular da pobre leitora. E, nessa de pega, estica e puxa, acabou se perdendo na web o visual regrado e sólido que temos no bom e velho jornal impresso. Basta que a leitora atente para esta página que está lendo agora, caso seja o GLOBO em papel. Uma figurinha aqui, uma fotinha ali, uma ilustraçãozinha apimentada do Cruz acolá, mas se olharmos para o texto em si, veremos que ele se deita bonitinho no papel, é respeitado e esteticamente enfatizado. Um primor visual.

Precisava que alguém surgisse para pôr ordem na casa e redimir o papel das colunas de texto na web, e esse alguém foi John Weir, autor do caprichado layout multicolunas do ?IHT Online?, a versão na web do ?International Herald Tribune?. A leitora babará o vestido se visitar o site e clicar em qualquer manchete. A tela se abre verificando rápida e silenciosamente o tamanho da sua janela corrente e com o texto disposto em três colunas cuja leitura não exige que se use a barra de rolagem vertical do browser. Para continuar no texto, clica-se no ?next page? e a página se vira como num jornal tradicional. A coluna mais da esquerda e a mais da direita funcionam, em toda sua extensão, como grandes links. Se clicar em uma delas, em qualquer ponto do texto, ocorre uma paginação no sentido natural da leitura, seja voltando, seja indo adiante. No rodapé de cada página, além da usual opção de exibir em formato para impressão, é possível regular o tamanho do font e mudar a exibição para o modo não colunado e com rolagem vertical.

O trabalho de John Weir é exposto em seu site, ?Smoking Gun?, onde há demonstrações das várias funções estéticas que criou para a web e uma boa oferta de utilíssimos ?bookmarklets?, minúsculas ferramentas escritas em JavaScript e acionáveis como se fossem bookmarks comuns, com a função de facilitar a navegação usando browser Internet Explorer ou Netscape. O portfólio de clientes deste habilidoso webprogramador é invejável: Apple, Cisco, IBM, Levi Strauss & Co., Sega, Sun, Silicon Graphics e United States Post Office, apenas para citar alguns. Sobre os bookmarklets, invenção do genial matemático Steve Kangas, vale visitar a biblioteca completa, com mais de 150 peças gratuitas. Veja os links pertinentes à coluna em <http://stop.at/cat/info etc/20020513.htm>.?"