Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Moacir Japiassu

JORNAL DA IMPRENÇA

“A indomável anta”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 13/03/03

“Nosso considerado Kazumi Kusano, editor do jornal Itapevi Agora, de Itapevi (SP), enviou esta jóia que o IG expôs à visitação pública: ?A rotina da cidade de Suzanópolis, a cerca de 700 km de São Paulo, foi quebrada nesta quinta-feira por um fato, digamos, trágico. Reportagem do Jornal da Tarde informa que uma anta matou uma pessoa e feriu outra em uma fazenda de milho da região. Foi decretado feriado na cidade, já que a vítima foi o ex-vice-prefeito, Anésio Pereira de Souza, 56 anos. O ferido é o agricultor Pedro Celestino Camargo, 51. Camargo conta que lutou, mas não conseguiu salvar o ex-vice-prefeito. ?Ela (a anta) estava muito agressiva, o agarrou pelos testículos e depois pelo pescoço?, relata o agricultor?. Meu secretário ficou perplexo: ?Considerado, é mesmo gravíssima a situação nas redações por aí afora, como garantem o Ivson Alves e o Edu Ribeiro; há pouco tempo, as antas iam fazer alguma matéria em lugar ermo e, apesar do estresse, não costumavam agredir ninguém, muito menos nos testículos! Havia mais equilíbrio?.

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Ecos carnavalescos

O leitor Henrique Diniz escreve para manifestar indignação com a coluna de Marcia Peltier, do Jornal do Brasil, pela notinha em que informava: ?No camarote de Flora Gil, em Salvador, haverá, além de uma miríada de mordomias, outras badalhocas?. O espicaçado Diniz desabafa: ?Escrevi à coluna e ao jornal – e picas. Ela deve ter o cérebro cheio de badalhocas?. Janistraquis, fã declarado de Marcia Peltier, garante que a colunista quis apenas homenagear um antigo jogador de vôlei chamado Badalhoca, ou seja, o camarote estaria pleno de homenzarrões fortes e lindos de morrer; afinal, moça educada, Marcia não iria jamais desfeitear a mulher do nosso Ministro da Cultura com o substantivo feminino que significa ?bola de excremento e terra, pendente entre as pernas de carneiros e ovelhas//mulher repugnante?. Não procurem a palavra no Aurélio, porque este é dicionário politicamente correto e não se mete com badalhocas.

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Distância certa

Deu aqui mesmo neste Comunique-se: ?Da Redação – José Luiz Datena será o novo apresentador do Brasil Urgente, da Bandeirantes, atualmente ancorado por Roberto Cabrini?. Admirador do enxundioso jornalista desde que ele era repórter de campo e media, com uma trena, a distância entre a falta e o gol, Janistraquis festeja: ?Considerado, a Band acertou o chute lá onde a coruja dorme… afinal, esse menino, que a gente chamava de José Luiz da Trena, é o único apresentador brasileiro a saber rigorosamente quantos micrometros o separam do mau gosto!?.

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Ameaça à imprensa

Deu na mídia: ?Londres – A burrice é uma doença genética que deveria ser curada, segundo James Watson, um dos dois cientistas que descobriram a estrutura do DNA há 50 anos, uma conquista que lhe valeu o Prêmio Nobel em 1962?. Entusiasmado com a possibilidade de derrotarmos esse flagelo da humanidade, tão antigo quanto os burríssimos Adão e Eva, contei a novidade a Janistraquis, porém este, para meu espanto, demonstrou grave apreensão: ?Considerado, se acabarem com a burrice, o jornalismo perderá inteiramente a graça, o fascínio, o encanto, o interesse; ou seja, perderá tudo!?.

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Errei, sim!

?Coisa de Veado – Dolorida derrapagem do redator da Revista da Folha. O liberado escreveu: ?Quem nunca sonhou cair nos braços de uma garota, ou rapaz, da Playboy??. Janistraquis, heterossexual de linha xiita, debochou: ?Huuuummm…pintou veadagem, considerado. O sujeito que viu algum dia um cidadão completamente nu nas páginas de Playboy é porque só está ligado em macho!?. Condeno o radicalismo de meu secretário mas não lhe castro inteiramente a razão?. (setembro de 1993)

(Colaborem com a coluna: Caixa Postal 067, CEP 12530-970, Cunha(SP); ou moacir.japiassu@bol.com.br)”

 

RELAÇÕES PÚBLICAS

“Boa chance de mudar na Comunicação”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 12/03/03

“De um modo geral, a comunicação de governo tem sido, ao longo da história, sofrível, para utilizar um termo digamos assim suave. E isso vale tanto nas esferas federal, estaduais e municipais.

Cito aqui dois colegas, como preâmbulo, para depois entrar no assunto que quero aqui abordar.

O primeiro deles é Gaudêncio Torquato, um dos mais respeitados profissionais de comunicação da história do País, que, numa conferência realizada em agosto do ano passado, durante o 2? Congresso Brasileiro de Comunicação no Serviço Público, comparava a Comunicação na área pública à imagem de um espelho, que sempre reflete uma determinada realidade, seja ela boa ou ruim. Se o espelho está trincado, esfolado, enferrujado, essa é a imagem que vai aparecer refletida. Se o governo é ruim, por melhor que seja a comunicação, ela não consegue mudar a imagem, pois o que precisa mudar são as atitudes do governo.

Neste mesmo evento, João Alberto Ianhez, experiente colega da área de relações públicas e que integra atualmente a diretoria do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – Conferp, lembrava que um dos grandes pecados do serviço público, como um todo, e do governo, em particular, foi ter feito uma trágica opção de comunicação: a comunicação de uma via só, ou seja, aquela que se vale apenas das ferramentas da publicidade e propaganda e da assessoria de imprensa, ignorando as demais, ou seja, exatamente aquelas que garantirão a comunicação de duas vias, interagindo com os vários públicos de interesse.

Se ambos têm razão, uma coisa histórica pode começar a acontecer hoje à noite, em Brasília, quando o secretário-ministro Luiz Gushiken abrir o 1? Curso de Atualização em Comunicação de Governo, uma iniciativa conjunta da Enap – Escola Nacional de Administração Pública e da Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.

O curso abre na noite desta quinta-feira (13/3) e prossegue sexta e sábado, com uma série de painéis e palestras, com a participação de vários colegas do primeiro time da comunicação brasileira, caso de Alberto Dines, Sidnei Basile, Paulo Nassar, Eugênio Bucci, José Arbex e Luiz Grottera. Um dos pontos altos desta primeira etapa do projeto será o debate Direito da sociedade à informação x Interesses do Governo, o que mostra claramente qual o tom que se pretende dar à comunicação do governo, a partir deste projeto.

Importante ressaltar que todo o staff de comunicação do Governo Lula foi convocado e estará presente para assistir as aulas iniciais, numa clara demonstração de que o Governo quer mudanças também na sua comunicação. Além de algo inédito (ao menos até onde eu tenha conhecimento) é uma oportunidade única a que temos pela frente, para mostrar todo o potencial que tem a comunicação no apoio a causas tão nobres, como é o caso do serviço público.

O assunto é tão empolgante, segundo me revelou Paulo Nassar, um dos idealizadores do projeto e que nele estará mergulhado até a alma, nas próximas semanas, que Aberje e Enap montaram um curso com 500 horas/aula, para a área de comunicação do governo, cujo início está programado para 31 de março. Alguns dos melhores professores e profissionais lá estarão para discutir, refletir e treinar toda a equipe de comunicação de governo, levando para dentro do setor público a visão moderna e plena da comunicação social, que abrange técnicas de propaganda, jornalismo, relações públicas. Vai se falar de pesquisa, planejamento estratégico, relacionamento com a mídia, publicidade de governo, imagem, transparência, liberdade de informação e uma série de outros assuntos que são muito caros a todos nós que nos dedicamos à tarefa diária de comunicar.

Paulo Nassar revelou ainda que pretende envolver neste esforço todas as entidades profissionais da área, num esforço conjunto que ajude a mudar a mentalidade do serviço público brasileiro. E o fato de ter ao lado a Enap é dos mais auspiciosos, uma vez que mostra-se decisivo incrustrar a comunicação no ambiente da administração, seja a pública seja a privada, pois é dali que, em geral, saem os homens e mulheres que estarão no comando de importantes organizações. Quanto mais a visão da comunicação estiver disseminada nesses ambientes, maior a sensibilidade para os aspectos e nuances da nossa atividade e, consequentemente, maiores as chances de se praticar uma comunicação profissional e eficaz.

O mais interessante é que o Governo Federal sempre funciona como uma espécie de bússula para todo o serviço público. Desse modo, se essa experiência pioneira for efetivamente bem sucessida (e certamente será), migrará para várias outras instâncias.

O Brasil e a sociedade brasileira só têm a ganhar com isso.

Parabéns à Aberje e à Enap pela iniciativa e ao Governo Lula pela ousadia de experimentar.

De nossa parte, ficamos na expectativa dos resultados de tão meritória ação.

Jornalistas&Cia – Mega Brasil”

 

CARNAVAL NA TV

“Carnaval na TV é zorra total!”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 10/03/03

“Segundo a crítica isenta e especializada de O Globo, a cobertura do carnaval pela TV mereceu nota 10. Para o jornal carioca, ?quem preferiu assistir de casa teve direito à informação, imagens de tudo o que estava rolando na avenida…?. Para surpresa de muitos, a Band Folia também foi contemplada com a nota máxima no quesito ?programação esperta?.

Para mim, a cobertura do carnaval pela TV deste ano foi um verdadeiro calvário. Mais uma longa maratona televisiva com direito às mesmas imagens do sambódromo, entrecortadas com muitas bundas, peitos e um exagero de efeitos especiais na Globo. Num carnaval hi-tec pela TV, ninguém sabia quando a imagem era verdadeira ou virtual. Tudo isso acompanhado de altas doses de muitas bobagens no ar. Um verdadeiro show de tédio televisivo e pouca informação que desafia até mesmo o mais dedicado folião. O que deveria ser o ?maior espetáculo da Terra? se transformou em um show pirotécnico virtual de diretor de imagem ensandecido.

Há quem diga que não tem jeito. Cobertura de carnaval pela TV é assim mesmo. É sempre a mesma coisa. Assistimos às mesmas imagens, os mesmos comentários transmitidos pelos mesmos velhos personagens com as mesmas velhas baixarias. Num país que anseia por mudanças e em tempos de esperança, as TVs brasileiras insistem nos velhos erros e na mesmice segura de sempre. Telespectador que gosta de carnaval e não pode ir ao sambódromo merece! E ainda por cima, tem que se conformar com mais uma exclusividade da Globo e a ironia do slogan: ?A gente se encontra aqui!

A não ser, é claro, que a emissora carioca decida abrir mão da transmissão e permita que a concorrência o faça, como aconteceu no último sábado (08/03) durante o desfile das campeãs do Rio de Janeiro. Mas o pior é que a concorrência, pega meio de surpresa com a esmola, insiste em imitar a emissora carioca no que ela tem de pior. Na dúvida, a estratégia de transmissão do carnaval é idêntica. Só que mais pobre. O telespectador brasileiro é refém do padrão de qualidade estabelecido pela Globo.

E já que ainda estamos em ritmo de folia e o jornal O Globo resolveu dar notas para a cobertura das nossas TVs, talvez devêssemos lançar um ?estandarte de ouro? para o ?pior? momento da cobertura. Afinal, não faltam exemplos. É bem verdade que, há muitos anos, o ?Império da Globo? se resguarda das críticas com uma transmissão fria e bem comportada. Parece que desistiu do jornalismo e se restringe a descrever o óbvio. Afinal, não precisa se preocupar. Não compete com outras emissoras há muitos carnavais. A velha Manchete bem que tentava fazer um carnaval mais alegre, diferente e descontraído. Mas, assim como outras redes de televisão brasileiras, não resistiu ao poder hegemônico, à pressão das nossas leis de mercado e morreu. Hoje, a única ?competição? está restrita à valorosa turma da ?Mocidade Independente da Bandeirantes?. Eles tentam fazer o que podem para enfrentar o monopólio do carnaval. Mas infelizmente, a Band também está em crise, tem poucos recursos para competir com o grande império e não quer arriscar.

É claro que a Globo, ao contrário, tem tudo a seu favor. Muitos recursos, uma equipe técnica excelente, experiência e, ainda por cima, uma ?exclusividade? muito conveniente para continuar ?acomodada? na liderança. Essa combinação de fatores garante ao Império da Globo sempre uma posição de vantagem na disputa pelo melhor e pelo pior do carnaval. Ninguém parece querer discutir os mistérios do carnaval e, muito menos, investigar os privilégios da televisão brasileira. Eles fazem parte das regras do mercado! Afinal, quem não gosta da cobertura global pode sempre mudar de canal, assistir ao carnaval baiano pela Band ou, simplesmente, desligar a TV e ir dormir.

Nessa competição de milhões pela audiência do carnaval pela TV, ainda temos, correndo por fora, a pequena e valorosa agremiação, a ?Unidos da Rede TV!?. Eles têm a seu favor alguma experiência dos tempos da Manchete e velhas estrelas televisivas como a Monique Evans, a eterna musa das drag queens e travestis do carnaval brasileiro. Há anos, ela garante alguns pontos preciosos no Ibope entrevistando sempre as mesmas figuras com as mesmas perguntas e obtendo sempre as mesmas respostas. ?E você querida, é travesti ou é o quê? Resposta do homem ao lado em tom de raiva: ?Ela é a minha mulher?! Pausa rápida para os nossos comerciais. Apesar dos acidentes de percurso, temos que reconhecer o poder da Rede TV! para disputar, com grande vantagem o quesito ?baixaria? no carnaval televisivo.

No quesito ?velha guarda?, porém, a Band é imbatível! Tem estrelas de primeira grandeza como Luciano do Valle, Elke Maravilha e Otávio Mesquita. Assim como o carnaval pela TV, eles são sempre previsíveis e inevitáveis. Repetem as mesmas bobagens, gracinhas ou grosserias. A classificação depende, é claro, da boa ou má vontade de quem assiste ou comenta. Mas todos são sérios concorrentes na disputa do troféu o ?pior dos piores?. Aqui entre nós, já deveriam ter ascendido a uma categoria à parte. Assim como nos velhos bailes de fantasia do carnaval, eles também já deveriam ser considerados ?hors-concours?.

Mas, no carnaval 2003, existe uma pergunta que não quer se calar: qual teria sido a maior bobagem transmitida durante a longa e tenebrosa cobertura de TV? É difícil escolher. Todos os jornais e críticos fazem a sua seleção. Também tenho certeza de que todos os telespectadores que assistiram ao carnaval pela TV têm as suas ?pérolas? guardadas no baú da memória. Eu, pessoalmente, assisti a muitas, e fiz questão de selecionar algumas. Afinal, carnaval sem ?besteirol? não é carnaval!

A nossa querida Elke Maravilha, da Band, é séria concorrente aos ?piores momentos?. Ela jamais perde a majestade ou a deixa. ?E aí, Marcos Palmeira, você é fiel à Mocidade? Você é fiel? Gente, isso aqui é um orgasmo de beleza, Luciano!?

Mas a cobertura do carnaval pela TV também está repleta de perguntas do tipo ?levanta a bola? dirigidas aos famosos e os nem tão-famosos. Para o jornalista que trabalha na cobertura, o importante é não atravessar o samba-enredo da emissora ou atrapalhar a transmissão do evento com perguntas que façam sentido. De qualquer maneira, não iria adiantar nada. Ninguém ouve ou se interessa pelas perguntas e, muito menos, pelas respostas. Entrevistas junto à bateria se transformam em ?diálogo de surdos?: ?E aí, Luiza Brunet, como você se sente? Preparada para o desfile??. ?Como é que é? Repete que eu não ouvi!?. ?E as novas rainhas das baterias? Você se sente ameaçada??. ?Como é que é??. Pobre Luiza e pobre repórter! Quanto desperdício!

Num carnaval televisual também assistimos a momentos do mais puro ufanismo patriótico: Em tempos de guerra e violência somos contemplados com previsões assustadoras: ?Gente, quem faz um trabalho desses pode dominar o mundo!? (sic).

Pessoalmente, ainda prefiro as discussões histórico-filosóficas do Luciano do Valle da Band e do Cléber Machado na Globo sobre o primeiro ?transplante? na História. Confesso que ainda estou um pouco confuso, mas creio que o enredo dizia que o primeiro transplante foi feito para um rei por Cosme e Damião com o fêmur de um escravo mouro que era negro! Talvez o transplante tenha sido realizado pelo rei no dia de São Cosme e Damião e o escravo mouro fez os docinhos para a festa. Confesso que não entendi muito bem. Mas o assunto foi discutido exaustivamente pelos dois narradores esportivos das duas emissoras de TV em várias oportunidades. Mistérios do futebol e do carnaval. Ninguém ousaria admitir que não entendeu o enredo ou que não sabe o que dizer. O importante é falar o tempo todo, não hesitar e tentar explicar ao telespectador o que, provavelmente, é inexplicável. O carnaval foi feito para ser visto e não para ser entendido.

Há enredos para todos os gostos e comentaristas que insistem em descrever tudo. Desde os mitos por trás dos transplantes de órgãos às mais misteriosas razões para mineradoras estatais gastarem muito dinheiro em desfile de carnaval. Há também longas discussões sobre a presença de figuras gigantescas de presidente recém-eleito em carro alegórico de escola vencedora do carnaval, mas ninguém arrisca explicações sérias. Comentarista de carnaval tem que entender de tudo, mas jornalismo televisivo não se preocupa mais em produzir matérias de apoio para serem exibidas durante a transmissão do desfile. Custa caro, dá trabalho e atrapalha o visual hi-tec.

Porém, nesse carnaval de imagens, ninguém ainda conseguiu superar os comentários ?raivosos? na Band durante o último desfile das campeãs no sábado. Em tom de denúncia, ouviram-se os brados em defesa do nosso samba e contra as ameaças às nossas raízes: ?os gringos estão atrás é do nosso ziriguidum?! Eles querem roubar o nosso ziriguidum!?. Pausa para os comerciais com muito ziriguidum, é claro!

Seria tão bom poder apertar uma tecla SAP, calar os comentaristas, ouvir o som da avenida e não ter que ouvir tanta bobagem durante tanto tempo. A cobertura de TV não permite a escolha de canal, o silêncio ou mesmo pausas para o som ambiente do desfile. O público, como sempre, conformado com a própria sorte e sem opções, é vítima de mais um exemplo de autoritarismo televisivo do tipo ?Voz do Brasil?. Até parece que adoramos monopólio e exclusividade. Pode ser no carnaval, na Copa do Mundo, no campeonato de futebol, na Fórmula-1 ou até mesmo no Telejornal. A competição é perigosa e arrisca o lucro certo com investimento mínimo! Entre o obrigatório e o proibido, o telespectador brasileiro é deixado com a opção de pegar ou largar! Não está satisfeito? Desligue a TV. Infelizmente, ainda vivemos em um país em que a democracia se confunde com poder hegemônico e a competição é algo que exigimos sempre dos outros.

Apesar dos desastres no ar, televisão ao vivo poderia ser dinâmica e criativa. Precisamos experimentar e arriscar. Mas do jeito que está, é somente um desperdício de muitos recursos e de tempo precioso. Cobertura de TV ao vivo é sempre a mesma coisa. É sempre muito chato!

Nesse cenário de tédio televisivo, nem mesmo a cobertura nota 10 da Globo parece ter resistido. Neste último sábado, durante o desfile das campeãs do carnaval carioca, a Globo preferiu abrir mão do direito de transmissão exclusiva, não arriscar e transmitir a velha programação do sábado. Afinal, carnaval na TV é sempre uma ?Zorra Total?. Seria cômico, se não fosse trágico!”