TURISMO
As publicações de turismo de negócios dos Estados Unidos estão sendo obrigadas a se adaptar aos novos tempos. Primeiro veio a internet, com dados sempre mais atualizados que qualquer publicação impressa. Depois, aconteceram os ataques terroristas de 11 de setembro, que deixaram os turistas mais preocupados com segurança.
"A idéia de colher informações em livro é arcaica", diz Chris McGinnis, autor de dois guias de viagem de negócios. "No instante em que se escreve um livro, já está desatualizado." Foi isto que o levou a transformar seu jornal, The Ticket, turistas de Atlanta (EUA), num informativo que envia pela rede. Antes, o que o sustentava eram assinaturas. Agora, informa Donna Rosato, [USA Today, 9/4/02], são patrocinadores. Desde os ataques a Nova York e Washington, seu número de leitores mais que dobrou. McGinnis chama atenção para o aumento do número de e-mails de leitores que querem contribuir com informações. "Há mais senso comunitário entre os turistas de negócios."
June Langhoff, que escreveu um guia para este tipo de público em 1997, também acha que os livros não têm futuro no ramo. Ela negocia a reedição de seu manual, mas admite que isso provavelmente não acontecerá. As revistas para viajantes de negócios também têm mudado sua abordagem. Muitos querem associar trabalho a lazer. Assim, são comuns matérias que dão dicas de como levar a família, mesmo que o objetivo principal sejam os negócios.
PRIMO LEVI
O suicídio do escritor Primo Levi, há 15 anos, chocou o mundo e a reação imediata foi concluir que Auschwitz, onde o judeu italiano passara um ano durante a guerra, fizera sua última vítima. Mas segundo Carole Angier, que passou os últimos oito anos escrevendo uma biografia, de 900 páginas, de Levi, o grande cronista dos campos de concentração nazistas se matou por outros motivos.
"Ele sempre reprimiu um lado de si mesmo. Tinha dificuldade de expressar suas emoções pessoais, seu amor e sua raiva." A depressão com a doença de sua mãe, a quem era muito ligado, também o levou à trágica morte, aos 67 anos. "Havia uma incapacidade de se distanciar do sofrimento dela." Ironicamente, afirma Caroline, foi a angustiante prisão que o salvou, permitindo que externasse suas experiências nos livros. "Auschwitz lhe causou culpa, vergonha e tormento sobre a maldade humana; mas ele refreou isto em décadas de escrita e conversa, tendo a ciência de que tinha feito tudo o que podia para corrigir isto."
Mike Collett-White [Reuters, 7/4/02] conta que, para Angier, Levi não conseguiu resolver suas divisões internas: era um humanista, mas compreensivelmente cético em relação à natureza humana. Quando ele finalmente quis explorar o problema, no livro que não completou ? The Double Bond ? foi tarde demais. "Ele estava aprisionado pelo desespero."