Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Sentimento

CARTAS

DOSSIÊ PERFÍDIA

Gostaria de me solidarizar, primeiramente pela paixão que nos une no campo futebolístico, o América Futebol Clube, como um verdadeiro sentimento existencial, unindo, inclusive, jovens torcedores até aos dias atuais. Entretanto, venho especialmente mostrar minha indignação quanto ao clima de "censura branca" existente nos grandes veículos de comunicação deste país, a uma possível discussão e debate sobre a obra Memória das Trevas, do ilustre jornalista baiano. Um absurdo existir algum tipo de pressão externa na TV Educativa, e um certo receio da maioria dos jornalistas convidados, conforme o noticiário da Tribuna da Imprensa do dia 8/2/01. Espero que haja um verdadeiro entendimento e sobretudo bom senso por parte da nova direção da casa e dos propositores destas maléficas articulações, que inibem de alguma maneira a construção orgânica da democracia brasileira, seja no âmbito da mídia, seja no âmbito da democracia no sentido "lato" da palavra.

Luiz Ricardo Ferreira

 

Certa vez tive a ousadia de, digamos, enviar mensagem afirmando que o jornalista Alberto Dines adotou tratamento leniente ao entrevistar o ex-presidente do Banco Central, aquele sujeito arrogante chamado Gustavo Franco. Levei uns severos cascudos do doutor Dines, sob o argumento de que o programa se chama Observatório da Imprensa, e não Observatório Econômico, nem Observatório Político. A minha cobrança, segundo o doutor Dines, era de um jornalista engajado, preocupado apenas em malhar os outros.

Acabei de ler noticia informando que o doutor Dines pretende editar um programa tipo Noite das Trevas de Judas, para malhar o senador Antonio Carlos Magalhães. Será um inquisitório político da imprensa. Se bem entendo, este é um formato de comunicação/jornalismo politicamente engajado. E não o formato da análise em cima do comportamento da mídia sem entrar no mérito da questão. O Observatório /Alberto Dines tornaram-se politicamente engajados? Se mal entendo, estarei duas dosagens (ou mais) abaixo da sabedoria dos observadores normais da imprensa.

Deus me livre de defender meliantes tipo Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Requião, Chico Lopes e o malfeitor Gustavo Franco, que cometeu crime hediondo contra a economia do Brasil. Todo castigo é pouco para essa gente. Se for o caso, acho preferível ser engajado a ser leniente. Os compassivos de que falava Nietzsche são sinônimos de lenientes, penso eu.

Espero merecer sua resposta como uma das figuras mais respeitadas do jornalismo nacional, para dissipar minha possível ignorância ou receber algum esclarecimento.

Jose Adalberto Ribeiro

Nota do O. I.: Caro Adalberto, a notícia que você leu estava errada. O programa debateria o silêncio da mídia a respeito do livro Memórias da Trevas, e não a vida de ACM.

 

Acessei o site do Observatório da Imprensa e tomei conhecimento do lançamento do livro Memórias das Trevas – a devassa na vida de Antônio Carlos Magalhães, das críticas e elogios da mídia sobre seu conteúdo. Inclusive li e admirei o editorial de Alberto Dines. Resolvi escrever à Veja, questionar o fato de não terem publicado o lançamento do livro, nada mais do que uma obrigação da revista, visto que ela é um meio de comunicação cujo principal objetivo é informar. Vou transcrever a resposta que obtive e a partir daí tirem suas próprias conclusões sobre o que é a mídia brasileira.

"Senhora Ana Carolina, sua análise sobre a ausência de matéria na Veja sobre o livro que faria uma suposta devassa na vida do senador Antônio Carlos Magalhães é, com todo o respeito, um samba-do-crioulo-doido. A explicação é simples e singela: não há no livro nenhuma novidade. Nada que já não tenha sido publicado pela imprensa. Atenciosamente, Julio César de Barrros, secretário de Redação, revista Veja"

Fiquei indignada com a hipocrisia e a dissimulação da revista em relação aos meus comentários, aos leitores e à própria política brasileira. Era assinante, agora já cancelei e passo a assinar Caros Amigos. Tenho vergonha da mídia dominada que informa este Brasil.

Ana Carolina Pricciano

 


Estou profundamente decepcionado pelo que ocorreu ontem [6/2/01]. Um programa que se propõe a ser observador da imprensa, a mostrar seus erros e bastidores, cometer tal atitude… percebe-se que aquele ditado popular é plenamente cabível: "Casa de ferreiro espeto de pau". O Sr. Alberto Dines é um cara que critica a imprensa, e teve a mesma atitude, fazendo censura prévia no seu próprio programa, para não desagradar o novo presidente da TVE, que deve ser um homem fraco, pois cedeu às pressões do senador ACM. O que eu achei pior foi a justificativa do Sr. Alberto Dines no site do Observatório da não-transmissão do programa com o autor do livro Memórias das Trevas. Se só dois convidados compareceram e os outros não, vê-se que no Brasil a grande maioria dos jornalistas é fraca ou comprometida.

Uma sugestão, se é que este programa tem coragem, é uma entrevista com o repórter Marconi de Souza, do jornal A Tarde. Ele vai dar o panorama do que é fazer jornalismo na Bahia. A Bahia, vide ACM, mostrou como se censura uma emissora de outro estado. E dizem que no Brasil há liberdade de expressão. A TV Cultura de SP teve coragem de fazer entrevista com o autor do livro. Pode ser que o presidente da Fundação Padre Anchieta não seja um homem frouxo, vale ressaltar que a TVE-Bahia censurou o programa, mas quem tem parabólica viu tudo. O programa foi Opinião Brasil.

Moacyr Miranda

 

Não recebi resposta, mas há uma semana mandei e-mail a Fernando Cesar Mesquita perguntando o que exatamente ele é, além de secretário de Comunicação Social do Senado. Hoje, ao noticiar um bate-boca entre ACM e o deputado do PMDB baiano, Geddel Vieira Lima, a Folha informou que "o diretor da Secretaria de Comunicação Social do Senado, Fernando Cesar Mesquita, afirmou que a casa usada por ACM em Porto Seguro é do dono do Colégio Objetivo, José Carlos Di Genio, amigo do senador". Dias atrás, uma nota no Painel informava, logo após o lançamento de Memórias das Trevas, que ACM, acompanhado de Fernando Cesar, fez uma visita à Folha. Sem falar no tal livro de ACM contra Jader que, segundo a mesma Folha, teria sido impresso na Gráfica do Senado a toque de caixa (cerca de cinco mil exemplares) para distribuição gratuita.

Quer mais? É só ver a TV Senado. Na apresentação do site, há descaradamente ênfase na figura de ACM. Aparece, em certo momento, o cursor passeando por algumas iniciativas do Senado. Adivinha o que se lê? Tópico sobre a criação do Fundo de Pobreza, obra de ACM! Mais adiante, Grandes Momentos do Congresso. Aparece um trecho de um discurso de Almino Afonso e outro trecho de um discurso de quem? Adivinhou, de ACM, imagine! Fora flashes de sua figura presentes em toda a programação. Das duas, uma: ou Fernando Cesar dá assessoria pessoal a ACM, com salário pago pelo contribuinte (o meu, o seu, o nosso dinheiro) ou recebe de ACM pelo trabalho. Mas eu devo estar entendendo errado. Não deve ser uma coisa nem outra, porque aí seria muita promiscuidade!

Estou lendo Memórias das Trevas. Assino o que você escreveu. Também leio Cartas ao mundo, de Glauber Rocha. Imagine o cinema de "mercado" de Weffort – que é (d)o PT, lembre-se – cantando que "a terra é do homem, não é de deus nem do diabo"! Central do Brasil? Pobres, porém limpinhos. O conjunto habitacional no feliz final sempre igual parece Dachau. Peraí, Fernandona é fera, mas final feliz, francamente! Na foto, está a explicação: o cineasta filho do banqueiro nas mesmas águas do presidente dos banqueiros. A videoesfera no Brasil não se mistura à política. É a política. O encontro de Vera Fischer e FHC é apenas mais um capítulo da interminável telenovela que mistura Claudia Raia e Fernando Collor, que é irmão de Leopoldo Collor, que é(ra) o homem da Globo em Sampa. Dia destes, passei pela mocinha com leucemia à espera de doador na Globo e, no outro canal, o Serra dava uma entrevista sobre as providências do Ministério da Saúde para a questão dos transplantes. É isto, quem "pauta" as prioridades da saúde pública no Brasil é a Rede Globo

Mirian Macedo, São Paulo

 

Pelo visto continua valendo que "na imprensa a verdade é hierárquica", principalmente quando algum elo de ligação com quem manda faz obedecer àquele que tem juízo.

Moisés Pregal

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