Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Zapping na Casa Branca

BUSH & MÍDIA

Na sala de imprensa da Casa Branca, uma televisão que
no governo Clinton costumava sintonizar a CNN agora exibe a
Fox News. A troca pode representar nada mais que a preferência
por uma equipe anônima. Ou pode ser sinal de uma mudança
em Washington que dará vantagem a veículos de
notícias conservadores sobre competidores mais liberais.

Todd Shields [Editor & Publisher, 5/2/01] acha que
duas semanas do governo do republicano George W. Bush não
são suficientes para qualquer prognóstico de que
a tradicional TV da Costa Oeste, geralmente lembrada como democrata,
sofrerá por falta de acesso a importantes peças
políticas. Até agora, a nova presidência
parece estar jogando com a mídia honestamente, sem mostrar
preferências por qualquer ideologia.

Tratam-se, porém, dos primeiros dias. Debates mais amplos
estão por vir, envolvendo não apenas a Casa Branca,
mas uma poderosa burocracia, mares de lobbying e 535 membros
do Congresso com suas respectivas equipes. Neste ponto, dizem
críticos, a simpatia pela Fox News e pelo Washington
Times
, diário conservador da capital, deve prosperar.
Ken Lisaius, assessor de imprensa de Bush, afirmou que o governo
está determinado a lidar igualmente com toda a mídia,
independentemente de ideologias.

PRIMEIRA AULA

A aula de Al Gore, ex-vice-presidente, ex-candidato e ex-repórter,
na Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia foi oportunidade
para algumas dúzias de futuros jornalistas colocarem
em prática um curso intensivo dos pontos mais admiráveis
da profissão.

Lição
1
: Se uma pessoa “caçada” pela mídia
disser algo interessante na classe ou fora dela, não
se pode escrever sobre o assunto – convenção que
se chama “em off” ou “off the record”.

Lição
2
: Além de escrever, também não
se pode conversar sobre o assunto. Pelo menos foi essa a mensagem
do diretor do departamento de jornalismo da faculdade, enviada
aos alunos via e-mail.

Mais importante, de acordo com artigo de Felicity Barringer
[The New York Times, 7/2/01], é a Lição
3
: muitas organizações noticiosas planejam
pagar para que você ignore as Lições 1 e
2.

A primeira aparição de Gore como professor apresenta
uma qualidade paradoxal. Por um lado, sua visão poderia
dar uma nova perspectiva à interação entre
políticos e imprensa. Por outro, o embaraço por
trás de suas falas poderia dar uma idéia de como
políticos tentam controlar a mídia.

Gore afirmou, ao sair da classe, que “aulas normais são
‘em off’, e os alunos querem que estas aulas sejam o mais normal
possível”. “Eu teria a opção de pedir a
eles que gravassem as aulas, mas acho que os estudantes terão
uma experiência mais enriquecedora se esta for próxima
do usual.”

No entanto, ensinar estudantes de Jornalismo a não agir
como jornalistas é mais difícil do que parece.
Assim que Gore deixou o campus, repórteres se acotovelaram
para contatar os estudantes e descobrir o que foi dito na aula
“confidencial”. Durante os 75 minutos de aula, Gore falou sobre
o poder da TV de modelar percepções do público,
a ascensão de talk-shows noticiosos e a ênfase
no que ele chamou de notícias “derivativas”, como especulações
de jornalistas sobre métodos políticos, causas
e chances eleitorais.

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