Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Erivaldo Carvalho

“‘O mundo do futebol é assim. Ele muda numa rapidez muito rápida’ Joel Santana, treinador

Na última quarta-feira, 16, o leitor Edy Brito verbalizou uma situação na cobertura esportiva do jornal que este ombudsman já vinha percebendo há algumas semanas: o pouco espaço dispensado pelo O POVO ao time do Icasa no Campeonato Brasileiro de Futebol – Série B. Um dos trechos do e-mail enviado por ele pergunta o seguinte: ‘O Icasa ganha do líder Palmeiras e o Ceará empata. O que é mais importante?’ O leitor fazia referência a dois jogos do dia anterior. O time do Cariri vencera o forte Palmeiras (SP) e a equipe da Capital empatara om o Chapecoense (SC). Edy também cita a primeira página da edição do dia. Na foto principal da capa, o destaque vai para o Vovô. O leitor finaliza a mensagem com uma circunstancial indagação: ‘É por que um time tem mais leitores do que o outro?’

Antes de avaliar as observações de Edy, consideremos ‘espaço’ na cobertura algo que vai além da área da página ocupada pela notícia. Atualmente, compreende-se que a centimetragem é apenas um dos itens. Angulação e contexto do que está sendo dito, uso ou não de imagem, número e lugar na página, o caderno em que é publicado e até quem escreveu o texto, e se assinado ou não, entram nas variáveis. O problema é que, no caso em questão, tanto aos olhos de iniciados nas sutilezas de coberturas jornalísticas quanto ao público em geral, a campanha do Icasa no Brasileirão vem recebendo um peso abaixo do razoável nas páginas do jornal.

Até este sábado, o Ceará Sporting Club patinava na oitava posição na tabela da competição, depois do terceiro empate seguido (desta vez, para o América (MG). O ‘Verdão do Cariri’ estava na quinta colocação. Com um grande detalhe: tinha um jogo a menos. Para este sábado, os atletas do Cariri enfrentariam o São Caetano (SP). O jogo estava marcado para as 21 horas. Esta coluna é concluída, impreterivelmente, até o meio da manhã. Independentemente do resultado da partida, a situação do Icasa é muito melhor. Vem flertando, com muito mais chances, de entrar no chamado G-4. É deste grupo dos quatro melhores times que saem, depois de jogos entre si, os dois que estarão na Série A – o sonho dourado do futebol nacional. É unânime entre analistas e comentaristas que o Icasa é o melhor time cearense do Brasileirão de 2013. Mas, infelizmente, a cobertura não reflete a constatação. Falta equilíbrio.

Obrigação sem reconhecimento

Vejam como o leitor Edy Brito tem razão nas queixas enviadas ao ombudsman. Naquela edição do dia 16, em que o Icasa fez história, ao vencer o líder Palmeiras, teve direito a uma fita de texto e uma foto de uma coluna. Na mesma página, o Ceará, que frustrou a torcida, ao ceder o empate para o Chapecoense, ganhou mais do que o triplo do espaço na cobertura. Some-se aquele desequilíbrio a uma matéria deste sábado, chamando para o jogo do time de Juazeiro do Norte contra o São Caetano, o vice-lanterna. O título: ‘Obrigação de vencer’. Pergunta-se: por que o Icasa tem ‘obrigação’ de ganhar do time paulista, que está na zona de rabaixamento para a Série C, e não recebeu o merecido reconhecimento quando bateu o líder?

Os fatores e a reflexão

Durante a semana, repassei para a Redação a bronca do leitor e fiz alguns comentários adicionais em relatórios internos de avaliação das edições. Em resumo, disse que a cobertura deve refletir o mérito dos times. É a forma mais segura de não forçar a barra, por um lado, e não cometer injustiças, por outro. Compreende-se fatores que levaram, por exemplo, o Icasa a receber, até aqui, muito menos cobertura do jornal do que o time do Fortaleza, que vai para o quinto ano consecutivo na vexatória terceira divisão. Entende-se, também, que os dois times sediados na Capital dividam a atenção da imprensa. Há um longo histórico de rivalidade, consagrações e decepções de parte a parte. São as duas maiores torcidas do Estado. Só que o tricolor do Pici guardou as chuteiras, até o ano que vem.

O Icasa está na briga. O que começou com o esforço de permanência na Série B, já conquistado, passou a ser admitido, embora timidamente, como uma possibilidade de acesso à Série A. O brilhante desempenho do ‘Verdão’ em 2013 pode ser o início do fim do às vezes enfadonho pingue-pongue Ceará e Fortaleza. Toda polarização é obtusa. Perguntas como as feitas pelo leitor indicam que há algo na cobertura fora do lugar. No mínimo, merecem uma boa reflexão.

FOMOS BEM

EMANCIPAÇÃO DE DISTRITOS Mostramos que criação de município não significa, necessariamente, desenvolvimento.

FOMOS MAL

IMPASSE NOS EUA.

Cobertura da crise político-financeira que abalou a economia mundial foi marcada por altos e baixos”