Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Correa: jornalista

Somos de uma geração que entrou no jornalismo deslocando a anterior. Vários dos que eram considerados grandes jornalistas até esse período, na segunda metade dos anos 1960, desceram um ou vários degraus nas redações. Não havia espaço natural para todos. Foi um desses momentos de mudança em que pesa a competência. Peso maior do que o normal, rotineiro.

Alguns desses profissionais mais antigos procuraram novo pouso ou se renovaram. Parecia que iam sucumbir, mas resistiram e ressurgiram com viço novo em outras circunstâncias. Foi o caso de Antonio Corrêa Neto, que morreu no dia 21 do mês passado, aos 74 anos, de uma parada cardíaca, em Macapá.

Apenas cruzamos algumas vezes, mas simpatizei com ele. Humilde, escondia o jogo. Era observador acurado, repórter nato e sabia escrever como recomenda a gramática e como aprendem aqueles que sabem ler. Indo para o Amapá, Corrêa Neto criou o mais noticioso dos blogs do Estado vizinho, fonte de referência indispensável do que acontecia na linha do Equador. Certamente era o jornalista de maior experiência no local e sabia fazer valer essa condição. A história desse tempo, de um e de outro lado do Amazonas, não pode prescindir do que ele produziu.

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Lúcio Flávio Pinto é jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)