Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A história da jornalista assassinada

Um policial afegão alvejou na sexta-feira (4/4) duas jornalistas estrangeiras da agência de notícias Associated Press no leste do Afeganistão, matando uma e ferindo a outra.

O ataque aconteceu na véspera de uma eleição presidencial que os insurgentes do Taliban prometem perturbar por meio de explosões e assassinatos.

A AP disse que a fotógrafa alemã Anja Niedringhaus, de 48 anos, foi morta, e que a repórter canadense Kathy Gannon, de 60 anos, levou dois tiros e está consciente e recebendo atendimento médico. As duas jornalistas estavam em uma cidade remota, na fronteira com o Paquistão, quando foram atacadas.

Um colaborador da AP Television, que testemunhou o incidente, disse que Niedringhaus, uma fotógrafa aclamada internacionalmente, morreu na hora.

“Anja e Kathy passaram anos juntas no Afeganistão cobrindo o conflito e as pessoas de lá. Anja era uma jornalista vibrante e dinâmica, adorada por suas fotografias inspiradas, por seu coração caloroso e por sua alegria de viver. Estamos devastados com sua perda”, disse em Nova York a editora-executiva da AP, Kathleen Carroll, à agência.

A história de Anja Niedringhaus

Anja Niedringhaus enfrentou alguns dos maiores perigos do mundo e tinha uma das mais altas risadas do mundo. Ela fotogravou a beira da morte e a morte, e abraçou a humanidade e a vida. Ela se doou aos modelos das suas lentes, e doou seus talentos ao mundo, com imagens de vítimas inconscientes no Afeganistão, Iraque, Bósnia e outros.

Baleada por um policial na sexta-feira (4/4), Niedringhaus deixa para trás um trabalho que ganhou prêmios e partiu corações. Ela posicionou sua câmera diante de crianças na linha de frente da guerra que procuravam um lugar para ficar. Ela destacou soldados de exércitos quando eles se confrontava com a morte, ferimentos e ataques dos inimigos.

Dois dias antes da sua morte, ela fez batatas e linguiça em Cabul para a correspondente Kathy Gannon, que foi ferida no ataque que matou Niedringhaus e o fotógrafo Muhammed Muheisen.

Niedringhaus começou a trabalhar como fotógrafa para vários jornais e revistas enquanto ainda estava na universidade. A sua cobertura da queda do muro de Berlim a levou à contratação na agência European Press Photo em 1990. Morando em Frankfurt, Sarajevo e Moscou, ela passou boa parte de sua vida cobrindo o conflito brutal na antiga Iugoslávia.

Ela começou a trabalhar na Associated Press em 2002, e, com base em Genebra, trabalhava pelo Oriente Médio, Afeganistão e Paquistão. Ela fazia parte do time da AP que ganhou o Prêmio Pulitzer em 2005 por fotografia de notícias urgentes do Iraque.

Em uma exibição de seu trabalho em Berlim em 2012, ela disse: “às vezes me sinto mal porque sempre posso deixar o conflito, voltar pra casa e pra minha família, onde não há guerra”. Ela deixa sua mãe e parentes na Alemanha e Suíça. Niedringhaus, 48 anos, é a 32ª funcionária da AP a dar a vida pelo jornalismo desde a criação da agência em 1846. (Com AP e Reuters)

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Gabriela Loureiro, do Brasil Post